Sidere Draconis

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A manhã do aniversário de Draco Malfoy veio com um sol mais forte do que eu me lembrava, com o verão começando a expulsar a primavera em suas últimas semanas. Quando eu acordei, tive a nítida sensação de mal tinha fechado os olhos e mesmo assim havia uma corrente elétrica e nervosa pelos meus ossos, me tirando da cama em tempo hábil. Todas haviam acordado mais ou menos juntas, uma vez mais, e perdi um momento para levantar a sobrancelha para a porta fechada do banheiro de Pansy Parkinson e dos barulhos que saiam de lá.

— Ela foi a primeira a acordar — Daphne cantarolou com o rosto enterrado em seu baú de sapatos, escolhendo o que melhor combinava com a meia-calça fina que estava em sua mão. — Está enterrada lá dentro desde então.

— Não sei o que ela espera conseguir, de verdade — Sue encolheu os ombros, penteando o longo cabelo vermelho na frente de um espelho que deixou flutuando na sua frente. — É até rude. É só uma reuniãozinha na escola, não a festa dele de verdade. Uma superprodução é um pouco demais.

— Eu sei exatamente o que Pansy espera, Hopkins — Greengrass ronronou, o veneno exprimido e temperado em cada letra. — E quando não conseguir, seremos boas amigas e riremos dela até que chore.

Eu gostaria de fazer uma piada, mas não tinha muita certeza se Daphy estava realmente brincando ou não. Decidi que não era importante, ou problema meu, e fui para meu banheiro. Fiquei feliz por minha calça já estar limpa outra vez e a vesti com a blusa de alças do dia seguinte ao banquete depois de um banho. Quando sai, confesso que fiquei impressionada. Todo esse trabalho e haviam garantido algum impacto no rosto de Parkinson que justificasse tanto trabalho. Ela estava bonita, é claro, mas ela era bonita. A pele cor de cobre estava se aprofundando em tons graças ao sol que vinha coletando nos gramados de Hogwarts.

Os olhos escuros estavam emoldurados por uma maquiagem preta, um risco que vinha desde o canto até desaparecer em uma ponta bonita. Os lábios brilhavam de gloss, eu acho, e ela usava um vestido vermelho, sem estampas, de alças que deixava a mostra seus ombros delicados e braços de pele suave e impecável. Ia até os joelhos e marcava de forma muito discreta sua cintura. A cor caia muito bem em sua pele e ela a vestia com orgulho, com seu cabelo negro como tinta caindo em ondas recém-feitas pelos seus ombros. Nos pés, sandálias prateadas de tiras subiam pelas suas panturrilhas. Com a atenção massiva de todo o dormitório, Pansy Parkinson levou um momento para se recuperar. Era claro que o visual era novidade até mesmo para ela, então deixei que meus lábios relaxassem em um sorriso.

— Muito bem, Parkinson — inclinei a cabeça, me divertindo quando seu coração palpitou através do chão de pedra. — Se queria impressionar, conseguiu.

— Não é de você que ela quer ouvir isso — Daphne não fez questão alguma de falar baixo, ignorando com elegância e desdém a promessa de assassinato nos olhos de Pam.

— Obrigada, Mal, é bom ver que alguém tem boas maneiras — e seu nariz foi para cima, os ombros para trás, sua confiança natural retornado com o controle da situação. Ela sorriu e parecia realmente feliz. — Você também está...

Em sua defesa, Pansy tentou. Tentou de verdade. Mas meus jeans rasgados e velhos, meus coturnos desgastados, minha regata folgada e meu cabelo limpo, mas selvagem, estavam muito longe de seus padrões de compras e vestuário para que qualquer coisa viesse rápido em sua mente. Soltei uma risada para seus lábios apertados e a encruzilhada que tinha colocado a si mesma: ficar em silêncio e ser o extremo do rude e dar a impressão de um insulto que não pretendia soltar (e Pansy Parkinson já soltava muito de proposito para também se responsabilizar pelos acidentais) ou mentir de forma tão esfarrapada que seus ancestrais gritaram do túmulo.

— Estou com fome, isso sim.

E girando meus calcanhares, fui direto para a porta sem prestar atenção em quem exatamente havia soltado uma risada com a provável cara aliviada que Parkinson mostrou para minhas costas. Não fiquei sozinha muito tempo e logo o grupo estava emergindo na sala comunal, onde todos os garotos já nos esperavam. Todos, menos um. A pergunta não veio de mim e sim da garota ao meu lado, que havia vencido a distancia entre nós com agilidade que não costumava mostrar e só não havia me deixado para trás por algum fio de noção e respeito – tanto próprio, quanto pela cadeia hierárquica.

Corona IIWhere stories live. Discover now