Lembrete Ruivo

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Os três grifinórios talvez permanecessem enterrados naquele silêncio culposo durante todo o caminho até sua sala comunal, presos nas imagens horríveis que coloquei ali. Tinham que admitir o fundo de verdade. Weasley sabia muito bem qual seria sua posição se vivesse a mil anos atrás e sua família estivesse na mira de trouxas, mesmo Hermione... seus pais não eram assim, mas o resto do mundo não se resumia a eles. Eles teriam que ser escondidos, então? Também seriam mortos por compactuar com bruxaria? Os bruxos pegos raramente morriam – ficavam gritando e se contorcendo no fogo congelado e depois iam embora. Mas eles eram trouxas. O cheiro de sua carne queimada subiria.

Potter, por outro lado, ainda estava com os olhos baixos. A mente passando, de novo e de novo, um pequeno momento em sua cerimônia de Seleção e outros, com pessoas especificas – Hagrid e Ronald. Nunca poderia imaginar que o Garoto de Ouro não tivesse sido imediatamente escolhido para a Grifinória. Ao sentir meu olhar, Harry levantou seus olhos muito verdes e eu imaginei como teriam sido realçados pelo uniforme da Sonserina se ele não houvesse sido contaminado com medo e preconceito antes mesmo de pisar no castelo.

Seria tão ruim? Ser da minha Casa?

Os ombros do garoto se levantaram, tensos. Não era legilimênte, nem um pedacinho. Mas também não era oclumênte e seus pensamentos e emoções transbordavam dele. Não sei. Li a resposta em sua consciência, em seu rosto, em seus olhos. Até hoje Potter tinha sido bastante feliz na torre dos leões, se sentido acolhido, em casa. Mas talvez seu lugar fosse outro, afinal. E se fosse, o que isso dizia dele? O que seu melhor amigo diria? Balancei a cabeça, ocupada em desviar da multidão.

É o que é, Harry. Ninguém vai te mudar de dormitório, acredite. Mas devia se preocupar menos em não desapontar terceiros e mais consigo mesmo. Se de fato acredita que Rony lhe viraria a cara por uma coisa tão besta, não é com as cores de sua gravata que tem que se preocupar.

Vergonha passou pelo rosto de Harry Potter, mas não ficou muito tempo. Foi trocada pela surpresa ao ser arrastado ao mundo de forma bruta, como os outros dois, quando Colin Creevey passou por nós. O pequeno garoto se esforçava para se manter por perto, o largo sorriso e os olhos brilhante em seu ídolo.

— Oi, Harry!

— Oi, Colin — Potter respondeu de forma automática, seus olhos demorando a se arrastarem para Creevey, que então percebeu minha presença. Sua boca se abriu e as bochechas ficaram vermelhas – não de embaraço, de excitação.

— Harry, Mal, um garoto da minha classe anda dizendo que vocês...

Mas o garoto era tão pequeno que acabou não conseguindo resistir ao fluxo e foi arrastado em direção ao Salão Principal. Ainda conseguimos ouvir sua voz, fina e já distante, se despedir em um grito, mas nenhum de nós o respondeu. Franzi as sobrancelhas, mas Mione foi mais rápida.

— O que será que um garoto da classe dele anda dizendo de vocês?

— Que algum de nós é o herdeiro de Slytherin, imagino — Harry respondeu, me fazendo quase enjoar com seu mal-estar. Uma lembrança rápida, de um rapaz lufano se distanciando dele na biblioteca chegou até mim. Patético.

— O pessoal daqui acredita em qualquer coisa — a voz de Rony veio desgostosa, se pelos boatos que corriam de seu amigo ou se ainda pelo que eu disse, não sabia. Mas seus olhos estavam em mim, azuis e quase gelados. Weasley não cogitava, nem por um segundo, que Potter tinha algo de Slytherin. Eu, por outro lado, era a garota sem passado, cheia de cicatrizes, cujo os olhos ficavam vermelhos e pertencia a Sonserina. Pensando bem, era até ridículo Harry ainda ser considerado enquanto eu existia.

Ela já estava lá quando chegamos. Como estava lá?

— Você realmente acha que existe uma Câmera Secreta? — Ele perguntou para Granger, ignorando o desafio em meus olhos de soltar sua sugestão em voz alta. Hermione encolheu os ombros, alheia as suspeitas do amigo, e franziu a testa.

Corona IIWhere stories live. Discover now