Os Sete Imperadores de Híon estão fora de controle. Com a ausência de Kraj, os Espectros disputam o trono de seu antigo líder. Os Áureos rebeldes planejam aproveitar esse momento único e organizar um levante contra Shans. Os espíritos se aquietam na...
- Eu a amava. Queria que ela estivesse aqui hoje - Barton suspirou.
- Ela estaria orgulhosa de você.
- E o que eu vou fazer daqui pra frente? - ele se encolheu um pouco. Apesar de tudo, Morá ainda era sua tutora, ainda era a líder de Orm. - Supostamente, era Dim quem deveria ter me ensinado como ser um Arcano e guiar toda um dimensão. Acho que vou precisar da sua ajuda de novo.
Morá sorriu e se recostou na cadeira.
- Eu ficarei feliz em ajudar, mas... me diga o que você sente que deve fazer?
Aquela pergunta o fez pensar em um milhão de possibilidades para o futuro: reconstruir as cidades destruídas, enchê-las de pessoas e Áureos... e Espectros. Abandonaria também esse termo tão associado ao mal há muito atribuído aos portadores da aura negra. Levaria tempo, ele sabia, para criar um laço forte de confiança entre esses povos em guerra desde sempre, mas ele conseguiria, tinha que conseguir.
- Sabe a primeira coisa que quero fazer? - Ele ficou de pé e apontou para as árvores florescendo além da janela. - Quero que me ensine a fazer isso, renovar a terra. Eu consigo apenas com o amplificador, mas não quero depender dele para tudo.
- Não será difícil para você - disse Morá juntando as mãos sobre a mesa como uma professora dedicada. - Você sempre fez um ótimo trabalho na horta do seu avô, já tem intimidade com as plantas.
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Depois que sol se pôs a praça foi ocupada por dezenas de mesas compridas repletas de comida. Comida de verdade, e não os pratos insossos que eram preparados com o que não era levado para alimentar as tropas de Shans na Montanha da Fúria. Fogueiras e tochas foram acesas para iluminar as ruas repletas de crianças sorridentes, que vibraram quando o seleni de Ramon pousou colina acima trazendo Lara, Yeji, Tessária, Allan e Denis. Donovan estava junto e soltou a mão de Lara para se juntar às outras crianças na brincadeira em volta da fogueira. Estavam todos ali para ver como Barton estava e para comemorar a tomada de outro forte na Região de Eridan.
Houve cantoria e dança, mesmo que não tivessem nenhum instrumento para acompanhar. Houve risadas e os relatos de Ramon e Tessa para uma roda de adolescentes curiosos em saber como era a terceira dimensão. E depois de comerem, Lara deslumbrou as crianças e adultos com faíscas verdes dançantes no céu. Tessária tentou acompanha-la, mas, acostumada a usar sua aura para impulsionar turbinas, acabou criando uma grande explosão de chamas que fez todos se encolherem e rirem.
Lia e Barton ficaram pertos um do outro acompanho a diversão. Ele a assistia dançar, rodando a saia de um dos vestidos de Tália, Barton fez questão que ela o usasse quando perguntou casualmente se teria alguma roupa diferente para vestir naquela noite. Coube perfeitamente e ela ficara tão linda, tão humana, como nunca antes.
Quando conseguiram privacidade da multidão, Lia o pegou pela mão e os dois se afastaram da vila, do burburinho e da música. Barton tentou perguntar para onde ela o estava levando; ela não respondeu. Mas ele logo soube assim que tomaram uma trilha que conhecia muito bem. A grama foi sumindo até apenas o solo pedregoso começar a estalar sob seus pés. A Montanha Pedregulho. Eles serpentearam a encosta em silêncio, sem pressa, a vila ficando cada vez menor lá embaixo.
