{48} OS TRÊS FILHOS DO VÉU

651 128 20
                                    


Tiz organizou boa parte dos seus soldados ao longo do pátio como Lara pedira, o restante desceu para Valindra para proteger a vila no caso de algum ataque. As chances de serem atacados eram poucas, mas ela não queria arriscar a vida daquelas pessoas.

Johá andava de um lado a outro com o livro de magias na mão, ele lia e relia as palavras de ordem com todo cuidado. Já as tinha memorizado bem antes de precisar usá-las, mas agora que teria que pronunciá-las de verdade, achava que estava sempre esquecendo alguma coisa.

- Tudo pronto com seu portão estranho - disse Allan indicando a estrutura de pedra que Johá havia requisitado: um anel de três metros de diâmetro bem no centro do pátio.

- Está ótimo. Obrigado - ele agradeceu e voltou a olhar para o livro.

- Isso vai dar certo, não é? Você não vai mandar a gente para algum tipo de dimensão macabra ou coisa do tipo?

- Eu espero que não - respondeu sem fitar o Nahin.

Allan o fuzilou com um olhar inquisidor. Não gostava de magia, nunca gostou. Mas gostava de Johá, ele era esperto e, na maioria das vezes, sensato.

- O que foi? - perguntou Johá, vendo Allan plantado ali olhando para ele. - Eu nunca testei esse feitiço.

- Você nunca testou metade dos feitiços desse livro.

- Existem bons motivos para isso. - Johá apertou o ombro de seu amigo e sorriu. - Não se preocupe vai dar certo. Confie em mim.

- Eu confio. Só não confio nessa magia.

Johá não quis mencionar o fato de ele poder mover rochas sem nem tocar nelas era algo bem próximo de magia, ele entedia que os Áureos viam suas habilidades de forma bem diferente.

- Estamos prontos? - Lara saiu do castelo e caminhou até o anel de pedra com Don a seu lado. O pequeno Soma estava visivelmente afetado pelo desequilíbrio do Véu.

- Quase. - Johá fechou o livro, obrigando-se a parar de repetir as palavras de ordem. - Só precisamos do seu... - Ele deteve-se e olhou para Donovan. - Você sabe do que precisamos.

Lara assentiu e agachou-se para olhar o garotinho nos olhos. Ele havia chorado muito, assustado com a abertura vermelha no céu, sua ligação com Véu era forte e o afetava muito mais que os outros Áureos. Ela secou resquícios de lágrimas no rosto de Don com os dedos e disse:

- Meu bem, você vai ficar aqui para cuidar de Helena, certo? Eu tenho que ir para encontrar minha irmã, você entende? - Ele balançou a cabeça em um gesto quase imperceptível. - Ótimo, você pode senti-la? Em que direção ela está?

Ele ergueu o braço para o norte, na direção do Palácio Negro.

- Tem um monte de auras lá - falou ele, amedrontado. - Muitas mesmo.

- É. Eu tenho que ir ajudar. Você sabe. Agora entre, está bem?

Lara deu um beijo demorado na testa do garoto, que se agarrou a ela com um abraço forte. Mais uma vez, Don tinha que se separar de Lara e torcer para que ela voltasse viva.

- Ei! Aonde pensam que estão indo sem mim? - Helena saiu da fortaleza a passos arrastados pelo pátio. Já estava vestida para lutar e cobria discretamente o local do ferimento com a mão.

- Que droga, Helena o que está fazendo aqui fora?! - Johá não conseguiu conter a irritação com a teimosia da ruiva. - Vai abrir seu ferimento, sua... inconsequente.

- Acha que eu vou ficar deitada em uma cama feito uma inválida quando o Véu se desmancha bem em cima de nós?!

Ele respirou fundo para conter o ímpeto de fazer Helena cair no sono com algum feitiço e depois arrastá-la de volta para o quarto. Ela mal conseguia se manter em pé sem cambalear.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Where stories live. Discover now