{15} REI CONDENADO

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Sub-dimensão dos espíritos, Mundo Não Físico

Como o esperado de um guardião, Menael não atacou primeiro, esperou pacientemente que o invasor desse início a contenda. Era excitante poder cruzar armas com um guerreiro outra vez. Esperava apenas que o tal Imperador Kraj fosse um combatente que valesse a pena ter se levantado do trono.

Calmamente, Kraj despiu-se da parte de cima do terno preto manchado com o sangue das quimeras aladas. Ficou apenas com a camisa cinza que usava por baixo. O calor ainda era muito forte e o incomodava, e tinha um forte pressentimento de que enfrentar o guardião em tais condições não seria nada fácil. Ergueu Mahiban e usou sua aura para tornar sua lâmina tão resistente quanto seus músculos. A energia negra em forma de fumaça que o envolvia expandiu-se ainda mais.

- Aura negra - Menael observou. - Você é um Espectro? Conheci muitos Espectros poderosos antes da minha queda.

- Você está preso aqui? - Kraj indagou, observando as correntes em seu pulso que terminavam magicamente em lugar nenhum ao seus pés.

- Eu fui preso aqui - o Rei corrigiu. - Por entidades luminosas e muito antigas.

Os Arcanos, passou pela cabeça de Kraj.

- Se fala dos filhos do Véu - o yomei aumentou o tom de voz. - Também são meus inimigos. Já derrotei um deles.

Ele tinha esperança de que Menael usasse a premissa do "o inimigo do meu inimigo é meu amigo" e o deixasse passar sem problemas. Realmente não queria desperdiçar energia em uma luta que pudesse ser evitada. Ainda haviam mais duas camadas pela frente e precisava do seu poder, que já se encontrava desgastado.
- Sim, é exatamente a quem me refiro - Menael riu. - Porém, não me interessa mais a vingança. Eu fiz por merecer estar aqui e estou feliz em pagar minha penitência.

- Droga - Kraj murmurou contrariado. - Então que seja.

Ele partiu para o ataque com velocidade e desenhou um arco com a espada no ar, na direção do velho rei. Menael ergueu seu assustador machado com apenas uma das mãos e parou a lâmina prateada como se Kraj o estivesse atacando com um graveto. Ergueu o braço e fez seu inimigo afastar-se para a posição inicial.

- Meu crime foi tentar conseguir um poder que está além de qualquer humano e que nunca deveria ser se quer ter vislumbrado - confessou, ignorando o ataque.

Era bem difícil para Kraj acreditar que aquele ser diante dele já havia sido humano algum dia. Sua aparência era a de um velho guerreiro ainda em forma, apesar da pele rochosa e seca, tinha músculos proeminentes. Mas sua presença era vazia como um buraco sem fundo que andava e falava. Era como se Menael não tivesse alma.

- Meu reino estava em uma guerra perdida e os Áureos se recusaram ajudar meu povo - o rei continuou. - Massacres aconteciam todos os dias em minhas terras e meus exércitos já não tinham mais forças para resistir. Então eu decidi buscar no Mundo Não Físico pelo poder que me levaria para a vitória dita como impossível.

Kraj abaixou a espada e deixou que Menael terminasse sua história. Agora lhe vinha a cabeça as lendas antigas que ouvida de sua mãe humana sobre um rei que olhou para o rosto proibido. Contos para assustar crianças, ele pensava. Não estava tão certo disso agora. Então lembrou-se de onde já tinha ouvido aquele nome.

- Você é o Rei Condenado - ele disse em voz alta.

- Sim. Esse é um dentre muitos títulos que ganhei ao longo do séculos. Rei Amaldiçoado, o Gigante sem olhos ou Menael da Deusa. Chame-me como quiser.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Where stories live. Discover now