{13} VAMPÍRICA

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Quando Barton entrou no quarto as janelas já estavam abertas e o sol iluminava todo o quarto. Estranhou, as persianas só subiam quando alguém estava presente. Acho que essa coisa tá com defeito, imaginou. Não queria se preocupar com isso agora.

Arrancou as botas de qualquer jeito e jogou-as em um canto qualquer. Abriu o zíper da parte de cima do uniforme para se se livrar do tecido áspero apertado. Deixou-se cair no sofá com um suspiro de alívio. Estava suado, precisava de um banho e de um café da manhã reforçado, mas não tinha vontade nem de se arrastar até a cama. Fechou os olhos e relaxou.

- Dia cansativo?

A voz causou um sobressalto em Barton, que acabou caindo do sofá quando tentou se levantar para ver quem invadira seu quarto. Ainda com a cara espremida no carpete, viu Lia, saindo do banheiro com uma toalha na cabeça, pés descalços molhando o chão e corpo esguio embrulhado em outra toalha.

- Lia? - perguntou ele, surpreso. - Que susto você me deu.

- Desculpa. O que você tem? - Ela o ajudou a se levantar.

- Você é a segunda pessoa que tenta me matar do coração hoje, só isso. - Ele recostou-se no sofá. - Você não fugiu do hospital de novo, não é?

- Não. Sauly foi me visitar.

Ele suspirou aliviado de novo, dessa vez feliz em saber que Lia ficaria bem. Mesmo assim teve que perguntar:

- Como você está?

Ela arrancou a toalha da cabeça e deixou a mostra as madeixas molhadas e emaranhadas.

- Nova em folha. - Sentou-se ao lado dele. - Ao contrário de você, que parece péssimo.

- Nada de mais - disse ele, erguendo os dedos para contar. - Dormi mal, um dos meu tutores tentou me espetar com estacas de gelo e uma Elenus que não tira o olho de mim praticamente me chamou de derrotado.

Lia estreitou os olhos

- Aquela Espectro que encontramos no terraço? Yeji, não é?

Lia se lembrava o nome dela e modo como ela o pronunciou, fez Barton se arrepender de ter mencionado aquilo. A última coisa que queria agora era que Lia a atacasse de novo. Não que ele gostasse da presença de Yeji, por mais que os Espectros de Shinê não fossem os monstros assassinos que conhecia e odiava, era difícil simplesmente tomar um deles como amigo. E pelo olhar de Lia, ela achava a mesma coisa.

- Deixa pra lá, ela só é competitiva, eu acho - ele desconversou. - Quando você teve alta?

- Ontem. Dana insistiu em fazer alguns exames preventivos antes de me deixar sair.

Lia, Barton percebeu, evitava olhá-lo nos olhos. Ficava sempre se desviando, brincando com uma almofada nas mãos ou fitando os próprios pés. Ainda havia um clima ruim no ar, resultado da discussão que tiveram no Centro Médico. Apesar de cansado ele queria resolver aquilo.

- Lia sobre o a conversa que tivemos... - ele começou, mas ela não o deixou continuar.

- Não, Barton. Não vamos começar isso de novo. Fui grossa com você. Não posso tomar as decisões por você. Híon é a dimensão onde você nasceu. É o seu mundo, e você só quer salvá-lo. Tudo que eu peço é que me prometa uma coisa. - Ela fez uma pausa para ter certeza que Barton estava prestando atenção. - Quando você colocar aquele amplificador, nunca, nunca mesmo, use o máximo do seu poder. Você vai querer fazer isso, a sensação vai ser ótima, mas não o faça. Promete?

- E como eu vou saber qual é meu máximo? - ele respondeu com outra pergunta.

- Você vai saber. Me promete, Barton? - repetiu ela, com mais ênfase.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Where stories live. Discover now