{55} UM NOVO CÉU SOBRE O ANTIGO LAR

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Barton dormiu por dois meses, em um estado de inconsciência tão profundo que seu coração batia poucas vezes a cada minuto. Como todo Áureo exaurido de seu poder, ele carecia daquele sono incomum, sem comer ou beber, dependia apenas de sua essência enfraquecida para continuar vivo. Era como estar a menos de um passo da morte.

Durante esse tempo a guerra se resolveu. Quando a notícia do que aconteceu com Kraj e os Arcanos se espalhou, os outros três Imperadores restantes se desesperaram. A queda de Yellesha e Shans e o sumiço de Polomís ajudaram a criar o sentimento de vitória antecipada das forças áureas. Bromes, shinenianos, yvrinianos e hionianos reuniram suas forças e lutaram lado a lado, conquistando região após região. Bakir, Esmira, Imotrás, um após o outro os últimos Imperadores caíram oferecendo pouca resistência.

As vilas humanas livres comemoraram por dias acendendo fogueiras em celebração à nova era que se iniciava. O futuro ainda era incerto para aquelas pessoas tão acostumadas ao modo de vida sofrido sob o chicote dos Espectros, mas sabiam que com o passar dos anos o mundo se tornaria um lugar cada vez melhor.

O Véu agora parecia mais vazio, quieto; dois de seus filhos haviam retornado à sua origem, o terceiro se perdera na imensidão do cosmo. Sua sede de poder desafiou a vontade do Véu e quase destruiu seu equilíbrio. Agora cabia a seus substitutos guiarem Áureos, humanos e Espectros para construírem um novo começo, pois todos faziam parte do mesmo universo. Não à toa os novos guias nasceram com o poder do Véu e a força humana, eram uma ponte que uniria todas as raças em um único e poderoso povo.

 Não à toa os novos guias nasceram com o poder do Véu e a força humana, eram uma ponte que uniria todas as raças em um único e poderoso povo

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Barton acordou incomodado com a luz do sol no rosto. Uma luz morna que acariciava sua pele anunciando um novo dia. Deu-se conta de que já era tarde e precisava se levantar logo para cuidar da horta. Tinha chovido na noite passada, ele se lembrava, com sorte as mudas não estariam estragadas. Tinha muito trabalho a fazer.

Antes de abrir os olhos ouviu paços ecoando pelo quarto, o rangido da porta do armário e uma gaveta batendo de leve.

- Mãe, poderia não fazer tanto barulho? - resmungou ele esfregando o rosto amassado de sono.

- Barton? - aquela voz não era de Tália. Era uma voz suave e firme que conhecia bem. - Barton, finalmente acordou!

Ele abriu os olhos. Estava em seu quarto, da sua antiga casa onde nasceu e cresceu. A luz da manhã que o acordara entrava pela única janela que quase sempre estava fechada, mas agora emoldurava um céu azul com nuvens brancas como algodão. Um cheiro suave pairava no ar, um perfume de natureza. Ele piscou, sentou-se na cama com os músculos fraquejando pelo tempo dormentes. Lia o abraçou tão forte que ele não conseguiu respirar por alguns segundos, mas ele não se importou. Aquilo era real?

As dúvidas se dissiparam quando Lia o beijou, sem dar tempo para ele recuperar o ar perdido com o abraço. Ele se afastou para olhar o rosto dela, ainda com algumas marcas quase invisíveis da luta. Ela estava linda, o cabelo dourado penteado com zelo, alguns fios lhe caiam sobre a testa como sempre tentando cobrir seus olhos. Aqueles olhos... duas gotas cor de mel que brilhavam rebatendo a luz do sol. Não trajava mais o uniforme militar shineniano. Usava roupas simples comuns da vila.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Onde as histórias ganham vida. Descobre agora