{12} AFINIDADE

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Barton suava cântaros apenas com os exercícios de aquecimento - como Maya chamava - do primeiro dia. Deu voltas e mais voltas na arena, fez flexões, abdominais intermináveis e até estranhos alongamentos indicados por Masik. Mas nada de usar sua aura, nem mesmo a Assassina das Sombras ele pôde segurar, a espada mágica foi deixada em um dos armários no vestiário por recomendação de Tmar.

No fim do dia, quando já se preparava para voltar para seu quarto e descansar o corpo dolorido em uma cama macia, Maya veio para lhe dar uma desagradável noticia:

- Você não vai subir para o dormitório está noite - disse ela, com o dedo indicador em riste. - Vai dormir no vestiário, nos fundos da arena.

Barton deixou os ombros caírem. Por mais que todo aquele lugar fosse moderno, dormir no vestiário não soava nada confortável e ele não fazia ideia de como aquilo poderia ajudá-lo no treinamento. Mas ele estava cansado demais para argumentar, simplesmente murmurou um tudo bem e seguiu para seu novo "quarto". Jogou-se sobre os bancos acolchoados que não eram tão ruins assim, afinal, poderia deitar-se até sobre pedras pontudas de tão exausto que estava. Suspirou quando lembrou-se que aquele fora apenas o primeiro dia, e havia dado apenas voltas no círculo da arena.

Dormiu pensando em Lia e na discussão que tiveram. Esperava que Sauly fosse capaz de curá-la. Parte dele queria que ela estivesse ali para ajudá-lo, a outra parte insistia em dizer que era hora de se manter afastado e se concentrar nos objetivos. Ele havia dado ouvidos a essa última e resistia à vontade de escapulir para vê-la, apesar de ainda estar um pouco irritado.

A noite foi difícil e repleta de pesadelos com uma mancha vermelha no céu de Híon. Pela manhã Barton foi despertado bem cedo por Maya de maneira nada delicada.

- Levanta, princesa. Hora de voltar ao trabalho, dois meses passam rápido.

Ela carregava uma bandeja com pães e suco, uma forma de deixar claro que Barton também não poderia ir ao refeitório.

- Se estamos com pressa, por que perdemos um dia inteiro com os exercícios banais de ontem? - perguntou ele, tomando a bandeja nas mãos, com os olhos ainda enevoados de sono.

- Banais? - A Niffj cruzou os braços. - Acha que esse treinamento seria apenas para sua aura? Se seu corpo não for forte o suficiente para suportar seu poder você cai duro no chão. Hoje vamos avançar um pouco mais: os Nahins vão ver sua afinidade. Espero que esteja preparado. Se é ação que você quer, vai ter hoje.

Barton quis perguntar o que ela queria dizer com afinidade, mas Maya já se virava para sair do vestiário.

- Termine logo de comer e venha para arena - ela ordenou por sobre o ombro. - Estaremos esperando.

Ele ficou assistindo a instrutora caminhar com confiança para a saída, imaginando se todos os Niffjs eram tão rudes.

Assim que terminou o café da manhã, Barton molhou o rosto no banheiro e se preparou para mais um árduo dia de treinamento. Dentro de dois meses ele voltaria para Híon e daria a Kraj o que ele merecia - ou pelo menos assim esperava.

Quando voltou para a arena, encontrou uma mesa de metal colocada no centro com objetos, no mínimo, estranhos sobre ela. Barton respirou fundo. O que vem agora? Procurou pelos outros cadetes, que o haviam acompanhado nos exercícios do dia anterior - embora não precisassem; eles estavam bem mais avançados no treinamento. Os encontrou sentados lado a lado na arquibancada. Entre eles, Yeji o encarava com as mãos unidas entre os joelhos e o olhar penetrante de sempre. O que quer que aconteceria ali, Barton teria espectadores.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Where stories live. Discover now