{49} OS LIMITES DA VAMPÍRICA

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Yeji saiu do castelo olhando para o alto, procurando seu alvo. Estava no que parecia ser uma praça calçada com paralelepípedos avermelhados. Uma fonte no centro, da mesma cor do chão, aparentava estar vazia há um bom tempo.

Ali fora o barulho da batalha era um murmúrio distante graças aos muros altos, mas Yeji podia ouvir o rugido das turbinas dos waizpers cortando o céu acima dela, e também os via caindo. Lá estava seu alvo, a tal Yellesha, destroçando as aeronaves em sua forma espectral, divida em seres alados furiosos. Estavam à meia altura das torres negras.

- Capitão, na escuta? - ela chamou Ramon pelo rádio no capacete. Não houve resposta. Tentou outra duas vezes. Nada. Teria sido abatido? O único jeito de descobrir era indo lá para cima.

Yeji se ajoelhou. Tirou o capacete, as luvas e a parte de cima do traje, permaneceu apenas com a blusa sem mangas que vestia por baixo. Soltou o cabelo e respirou fundo, tinha que se sentir o mais confortável possível, não queria perder o controle.

Seus olhos ficaram tão negros quanto o cabelo, as presas na boca saltaram afiadas para cima, ela sentiu seu poder fluindo. Raramente usava sua aura ao máximo. Mas agora ela tinha a permissão oficial da Arcana e a confiança de que não se tornaria um monstro. Então deixou a natureza seguir seu curso; sua natureza.

A aura cresceu mais e ela sentiu o corpo mais leve e a inebriante sensação de recompensa, era como estar livre. As presas ficaram ainda maiores e então aconteceu: um par de asas negras desfraldaram-se de suas costas trêmulas. Era doloroso, mas a dor era sobrepujada pelo doce sabor do poder. Ela sorriu, esticando bem as asas. Tinha sede sempre que chegava naquele ponto, sede que nenhum outro líquido, além de sangue, poderia saciar.

Voltou a olhar para o alto e mirou as criaturinhas perseguindo um único waizper que tentava, desesperadamente, se livrar do ataque. Saltou com o corpo menos denso e bateu as asas rente a uma das torres. Quanto tempo fazia desde a última vez que tinha voado? Porque tinha medo de usar aquele poder? Yeji não lembrava mais, não queria lembrar. Estava com sede.

Era o waizper de Tessa. Ela reconheceu os desenhos que a Nahin havia rabiscado na base da nave. Yeji deixou que ela passasse, fazendo um parafuso no ar. A revoada de monstros veio logo atrás com as asas ágeis o suficiente para acompanhar as turbinas da aeronave. A Elenus atirou-se no meio dos seres e apanhou dois deles com as mãos, rasgou-os como insetos, porém, não houve sangue, as bestas explodiram com se fossem feitas de fumaça.

Os monstros berraram, voltando-se para a garota morena com asas. Perderam o interesse em Tessa para se aglomerarem, unindo-se umas as outras. Yeji assistiu uma mulher de cabelos curtos tomar forma bem diante de seus olhos.

- Mais o que é isso, uma Vampírica? - indagou Yellesha com um sibilar asqueroso. - Uma traidora? Você tem a mesma aura negra que nós, porque luta ao lado dos Áureos?

- Não me compare a vocês, criaturas desprezíveis - cuspiu Yeji. - Vocês me dão nojo!

A Elenus mostrou os dentes e avançou sobre a Imperatriz. As duas se engalfinharam em um bater de asas confuso, trocando socos e chutes. Yellesha era mais alta e tentava sobrepujar a garota com seu peso, era forte e as unhas afiadas arranhavam a sua pele. Yeji, no entanto, era ainda mais brutal e desferia socos e chutes poderosos em meio ao bater de asas negras.

- Traidora! - berrava Yellesha. - Você é uma de nós!

As unhas afiadas da Imperatriz deslizaram sobre o rosto da Elenus, deixando rastros avermelhados para trás. Aquilo só serviu para deixar Yeji mais irritada pois os ferimentos se fecharam quase que instantaneamente. Em poucos segundos não havia qualquer sinal dos cortes.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Donde viven las historias. Descúbrelo ahora