{53} A MORTE DA ASSASSINA

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Kraj saltou de Umbra assim que a quimera tocou solo destruído. Sua espada enfeitada balançando na cintura. Os olhos azuis brilharam ao ver a Niffj. Ele resistiu ao ímpeto de abraçá-la e falou:

- Você nunca me escuta, Liana?

- Eu? Pensei ter dito para nunca mais aparecer! - Ela gritava, mas estava feliz em vê-lo.

Kraj olhou a destruição que o cercava, seu palácio ruindo. Aquilo o teria deixado furioso há algum tempo atrás, teria feito alguém pagar caro. Porém, agora já não importava mais, abriu mão de tudo por Lia e não tinha adiantado nada. Mesmo assim não conseguiu ficar longe.

- Como chegou aqui? - perguntou ela.

- Sauly deixou a fenda aberta por bastante tempo - foi tudo que explicou. - Avisei que não podia cumprir o pedido que me fez.

- Não deveria ter voltado, Erik.

Ele segurou a mão dela ainda suja de poeira.

- E por que não? Já perdi você. Não tenho mais nada a perder.

- Você fez suas escolhas. Eu fiz a minha. - falou ela ríspida, mas não puxou a mão.

- Eu sei. Voltei para ver você uma última vez antes de enfrentar as consequências das minhas escolhas.

- Nayrú vai matar você. - Lia surpreendeu-se em ouvir tristeza e preocupação na própria voz.

- Como eu disse: não tenho mais nada a perder.

Kraj soltou a mão Lia para acariciar-lhe o rosto. Perdeu-se dentro dos de seus olhos claros, passou por ela e sacou Mahiban, tinha o olhar fixo em Nayrú e Barton tentando ficar de pé novamente.

- Seu amigo é insistente - admitiu ele - mas muito jovem ainda, não está preparado para um amplificador. Não sei o que Sauly viu nele.

- Ela tinha fé nele. - Lia falou para as costas de Kraj. - E ela tinha fé em você também. Tinha planos para vocês dois, Erik.

Ele não parou de andar e não olhou para trás. Era tarde demais para fazer planos agora. Kraj sussurrou um feitiço e se transportou metros a frente para a esplanada, ao lado de Barton. Olhou-o por um tempo, ponderando se deveria deixá-lo no chão onde estava, mas logo decidiu ajudá-lo, não era o momento para colocar suas diferenças antes do objetivo de vencer Nayrú. Ergueu a mão para o rapaz, que finalmente ergueu a cabeça para ver quem oferecia ajuda.

- Você?! - cuspiu ele. - O que você quer aqui, seu monstro?

- O mesmo que você. - A mão ainda estava erguida para ele.

- Vai pro inferno!

Barton afastou a mão dele com um safanão e cambaleou até ficar de pé com a mão no peito sangrando. Sacou a Assassina das Sombras e encarou Kraj. Os dois cruzaram olhares, pensando se deveriam cruzar espadas também. Porém Nayrú os interrompeu com sua voz estrondosa:

- Vejam quem apareceu! - Ele abriu os braços com a ponta da lança ainda suja com o sangue de Barton. - Kraj, o Mestre das Trevas, meio humano, meio Espectro. Me poupou o trabalho de caçá-lo.

Kraj tirou os olhos de Barton e os direcionou para o Arcano, analisando-o.

- Você tentou matá-lo com sua própria lança? - perguntou ele a Barton, baixo o suficiente para que Nayrú não pudesse ouvi-lo. - Tolo. Armas arcanas não ferem seus mestres, elas são parte deles.

Barton franziu o cenho.

- E eu deveria saber disso? Nunca lutei com Arcanos. Nunca lutei com Áureo nenhum. Foi você quem venceu Dim, deve saber o segredo para matar Arcanos.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Место, где живут истории. Откройте их для себя