{10} RENASCER

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Lia estava inquieta, andava de um lado a outro no quarto, que, embora amplo, era como uma prisão para ela. Já se sentia um pouco melhor então largou a máscara de oxigênio na cama, pensando em quando Dana viria para trazer seu café da manhã acompanhado dos comprimidos. Não aguentava mais aquilo, assim que a chance aparecesse, ela sairia de novo. Sentia que tinha que buscar respostas para as dúvidas que flutuavam em sua consciência. Não sabia onde as encontraria, mas tinha certeza que não era ali dentro.

A porta abriu-se sem aviso e Dana entrou com um bandeja nas mãos com pão integral, geleia, suco, uma fruta e, é claro, o potinho de comprimidos. Lia revirou os olhos.

- Você não bate mais? - indagou, ríspida.

- Você é minha paciente e não está em um hotel - a médica retrucou. - E por que está sem a máscara de oxigênio?

- Estou bem, não preciso dela. Preciso é sair daqui.

- Você não está bem, Lia. - Ela colocou a bandeja na mesa e enfiou as mãos no bolso do jaleco com um suspiro. - A Arcana está vindo te ver. É melhor tomar seu café e esperar por ela.

- Por quê? O que ela quer comigo?

- Você tem sérios problemas com liderança, não é? - Dana arqueou as sobrancelhas e colocou alguns fios de cabelo branco para trás da orelha. - Olha, ela só quer ajudar você e seu namorado. Não precisa ficar desconfiada.

- Ele não é meu namorado. - Aquelas palavras deixaram um gosto amargo na boca de Lia e ela surpreendeu-se ao dizê-las.

- Ah, é mesmo? - Dana estava mais surpresa ainda. - Do jeito que vocês dois andam juntos, e como dormem no mesmo quarto, eu achei que... Bom, não é da minha conta. Só coma tudo, por favor.

A Aceta saiu com seus passos sempre apressados e fechou a porta atrás de si. Lia olhou para a bandeja na mesa, poderia até dispensar os remédios inúteis, mas a comida parecia ótima e seu estômago roncava. Sentou-se e começou a atacar.

Sauly não tardou a chegar, com seu cabelo perfeitamente alinhado, a pele perfeita, os olhos claros perfeitos. Tudo era perfeição naquela mulher. Ela entrou no quarto e deu um sorriso... perfeito.

- Bom dia. Como está hoje? - Sauly perguntou.

- Bem. Não sinto mais dores e já dispensei o oxigênio.

- Então o tratamento de Dana tem dado certo?

Lia apenas concordou com a cabeça embora sua recuperação não tivesse nada a ver com remédios, sempre preferiu deixar seu corpo se curar sozinho e, embora tivesse ajuda da tecnologia Aceta, ela preferia deixar que as coisas fluíssem naturalmente.

Sauly sentou-se junto a ela à mesa e viu o porte de comprimidos intocado, mas não disse nada. Olhou-a nos olhos e deu início a conversa:

- Barton já está no centro de treinamento. Continua preocupado com você.

- Ele me disse que você pretende dar um amplificador a ele - Lia foi direto ao ponto.

- Sim. O mais poderoso e raro de Shinê. - Sauly não queria esconder nada de Lia, diria tudo o que ela queria saber.

- Vai acabar matando ele.

- Acha que ele pode ajudar Híon sem um amplificador, Lia? Sei dos riscos, e sei que Barton é mais forte do que parece.

- Você quer Kraj morto e precisa de Barton pra isso. Você tem medo dos yomeis como seus irmãos. - Seu tom era de desafio.

- Você não queria trazê-lo aqui para que eu pudesse ajudá-lo? É exatamente o que estou fazendo.

𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz