𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂

{33} UMA FAÍSCA PRESTES A SE APAGAR

Johá sempre confiou em seus instintos. Instintos, não. Ele entendia aquilo como um sentido a mais, além da visão e da audição. E esse sentido lhe dizia que alguma coisa estava errada... com Helena. Talvez aquilo tivesse a ver com sua aptidão a magia, ou fosse algo a mais que sentia por ela.

Ele a amava. Agora sabia. No começo achou que fosse só uma aventura maluca no meio daquela viajem mais maluca ainda, com uma garota linda também um pouco maluca. Mas com o passar do tempo os dois ficavam cada vez mais próximos, de uma maneira que Johá jamais poderia ter imaginado. Na verdade ele nunca pensou que fosse capaz de se apaixonar, ele era capaz de entender textos inteiros em línguas antigas e repeti-los letra por letra, mas entender as mulheres estava além de suas capacidades. Entretanto. Com Helena era diferente, ela era complicada de um jeito simples.

Agora ele sentia que ela estava em perigo. Olhou para trás sob o cavalo. Estava sendo seguido por um exército de gigantes cinza. O exército que Lara pedira para tomar o castelo de Shans. Mais de duzentos guerreiros armados e preparados para a guerra.

- Algo errado, jovem mago? - Jaf indagou. O velho gigante era o sábio líder espiritual dos Bromes, o haijin. - Parece estar tão distante.

- Estou com um péssimo pressentimento - Johá confessou, encarando o olho cansado do haijin.

- Não deve ignorar isso. Você tem habilidades que ainda não entende.

O exército caminhava entre as ruas destruídas de antiga cidade humana, ocultos pelas ruínas dos prédios altos. O exército cinza era liderado por Tiz, um caman, líder guerreiro dos Bromes. Era musculoso sob sua armadura de ferro rústico e metia medo com o enorme machado que carregava na cintura. Nenhum deles possuía cavalo, até por que nenhum cavalo conseguiria carregar um Brome, todos marchavam decididos em direção a Valindra. Johá tinha pressa.

- Eu preciso chegar logo a Valindra - sua expressão era de preocupação. - Ela precisa de mim.

Jaf não sabia a quem ele se referia, mas entedia a urgência.

-Pretende ir na frente?

Johá o encarou. Lara o havia instruído a guiar os Bromes até a vila para que possam ordenar um ataque organizado. Seguir sozinho não estava previsto. Porém, ele sabia que algo fora do previsto havia acontecido lá... e havia acontecido com Helena.

- Sabe que não é seguro, certo? - o haijin continuou. - Pode encontrar alguma patrulha de Espectros no caminho.

Era verdade. Nem estava pensando nisso, apenas tentava encontrar mentalmente o caminho mais rápido até Valindra. Não quis perder mais tempo.

- Eu sei - disse ele e começou a desprender as mochilas da sela do seu cavalo. Tudo que não era essencial foi tirado. Jaf segurou os volumes entre os braços compridos. - Preciso mesmo ir.

Jaf viu em nos olhos do jovem que o que ele sentia não era algo que podia ser ignorado.

- Lara vai arrancar meu pescoço - Johá reclamou, desprendendo a última bagagem. - Vai ser a primeira vez que desobedeço uma ordem dela.

- Tenho certeza que ela entenderá o motivo.

- Eu espero que sim. - Ele galopou até Tiz. - Tiz, eu preciso ir na frente. É urgente.

O caman o fitou com espanto. O rapaz estava realmente nervoso.

- Algo errado? - indagou.

- Sim.. quer dizer... eu acho que sim. - Suspirou e balançou a cabeça. - Nossa eu nunca quis tanto estar errado. Sabe o caminho daqui?

O gigante guerreiro assentiu.