𝑨́𝒖𝒓𝒆𝒐𝒔 - 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂

{47} IMPERATRIZ

A voz de Yeji soou urgente no painel do seleni de Ramon, avisando sobre uma ameaça área se aproximando rápido. Ele repassou o alerta para os waizpers e ganhou altitude para se afastar das torres do castelo. Antes mesmo de o radar no painel apitar, Ramon sentiu a aura negra e estranha surgindo além das montanhas.

- Que droga é essa? - sussurrou.

- Tá vendo isso, capitão? - a voz impressionada de Tessa irrompeu no rádio.

- Estou vendo, mas não faço ideia do que é.

Uma revoada de criaturas escamosas salpicava o céu de preto com pares de olhos amarelados e grandes. Não mediam mais que meio metro, possuíam asas membranosas e ágeis e garras afiadas. O que mais assustou Ramon foi a semelhança feminina dos corpos da criaturas, com seios minúsculos. O capitão contou de quarenta a cinquenta monstrinhos, voando em uma formação caótica.

- Essas merdinhas tem aura, consegue sentir? - Tessa já preparava os canhões.

- Sim, e não é uma aura qualquer. Tome cuidado.

Eles aguardaram as criaturas chegarem perto o suficiente para ficarem dentro do alcance dos canhões. Os cinco waizpers que escoltavam o seleni dispararam bolas de fogo ao mesmo tempo dentro da revoada escura, era impossível errá-los, entretanto, os estranhos animais não se deixaram atingir e desviaram para os lados com tamanha agilidade que pareciam um cardume de sardinhas esquivando-se do ataque de predadores.

A formação das feras se desfez para cercar as aeronaves em pleno ar. O bater de centenas de asas era ensurdecedor, as bestas grasnavam e gritavam assustadoramente. Um dos waizpers foi logo engolido por um grupo furioso que rasgava o metal da nave com as garras compridas com uma força que não condizia com o tamanho daqueles monstros.

- Desfaçam a formação! - Tessa ordenou pelo rádio. - Mexam-se, não deixem essas coisas comerem as turbinas.

Era tarde demais. Ouviu-se um estrondo e o waizper atacado começou a cair rodopiando, cuspindo fumaça escura de um dos motores. As criaturas berraram vitoriosamente, assistindo a neve explodir em uma das torres.

Os outros colocaram toda a força de suas auras para aumentar a potência das turbinas e ir mais alto. Tessa subiu na vertical com meia dúzia das bestas aladas em seu encalço. Ramon subiu o mais rápido que o seleni pesado que pilotava permitia. Outro waizper caiu, e ele praguejou alto; mais um de seus pilotos morrera.

Tessa conseguiu se livrar mergulhando nas nuvens cinzas. Duas das criaturas, que já estavam agarradas a uma das turbinas, desistiram do ataque voltaram a descer. A Nahin, entretanto, não ia deixar barato. Fez a volta e apontou o nariz do waizper para o chão, por muito pouco não chocou-se com uma das torres quando saiu das nuvens.

Outro waizper foi abatido e o último conseguiu se afastar da revoada. O único que restou foi o seleni de Ramon, enorme e lento nas manobras a aeronave era um alvo fácil. Todas as criaturas se reuniram em sua formação, agora ainda mais unidas, mesmo tão próximas umas das outras, não se esbarravam no voo. Um coro estridente partiu de suas bocas cheias de dentes antes de começarem a atacar a aeronave.

Elas se espalharam sobre a fuselagem e começaram a morder o metal e rasgar a base das hélices. Nem a blindagem reforçada parecia impedi-las tamanha era fúria das criaturas.

- Tessa, preciso da sua ajuda aqui! - Ramon se esforçava para livrar-se, mas era inútil. As únicas defesas dos seleni de transporte era a blindagem. Um alarme soou e uma tela iluminou-se em vermelho vibrante. - Acabei de perder uma das hélices!

- São muitas! - Tessa voou em volta do seleni que sumira debaixo das criaturas. Ela poderia atirar e acertar algumas delas, mas com isso atingiria Ramon também. - Você vai ter que saltar. Eu pego você.