Capítulo 71

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Para muitos, o difícil é passar nas provas finais da escola. Para mim, o difícil é encontrar um vestido que agrade Rubi. É sábado e o baile de formatura será logo mais à noite. Já passamos por quase todas as butiques de Havenwood Falls e ela não encontrou nada que lhe agradasse.

Resmungando, sento-me numa poltrona, esperando ela sair de dentro do provador.

Uma vendedora passa, me oferece suco, água, café, refrigerante. Agradeço, digo que não quero e ela vai atender outra pessoa.

Falta pouco para eu ir embora dessa cidade. Não vejo a hora de contar pro Dom e chamá-lo pra morar comigo em Amsterdã. Tenho certeza que ele vai amar. Hoje à noite, depois do baile de formatura vamos nos encontrar no penhasco e vou lhe contar a surpresa. Não ligo pra casamento, pra essas formalidades porque tudo que quero é tê-lo ao meu lado pro resto da vida.

Rubi puxa a cortina verde pesada e vem em direção a mim usando um vestido azul-escuro, curto, frente única com bojo, sem mangas e sem detalhes.

—Que tal? –ela para na minha frente com as mãos na cintura e depois vira de costas, afastando o cabelo longo loiro para o lado.

Atrás tem um decote em V profundo com um laço no final.

—É lindo! Ficou perfeito no seu corpo e essa cor combina muito com seu tom de pele. –respondo.

—Tem certeza?

Sei que não sou muito boa com roupas, mas ela ficou mais linda ainda com esse vestido. Noah vai cair de quatro quando vê-la.

Assinto.

—Então vou ficar.

Dando graças a Deus, levanto, pego as sacolas e vamos juntas até o caixa pagar.

***
Rasgo o pequeno Saché de açúcar, ponho no meu café, misturo com uma colher e bebo um gole.

—Parece que meu pai e sua mãe estão transando.

Quase cuspo o café de volta.

—O quê?

—Ontem depois que eu cheguei do meu encontro com o Noah, vi ela saindo do quarto dele.

Limpo os lábios com um guardanapo, procurando nela algum indício de que está brincando, mas não, não tá. Conheço Rubi bem demais para saber quando ela está brincando e quando não está.

—É sério? –pergunto.

Ela assente e eu balanço a cabeça um pouco chateada.

—Que foi? Não gostou de saber que eles estão juntos?

Desvio o olhar para o campanário da igreja. Estamos sentadas numa mesa do lado de fora do café central. A tarde está incrivelmente agradável com sol ameno e brisa leve.

—Não é isso, quero que minha mãe seja muito feliz e gosto muito do Dante. É que não sei porque ela não me contou. –respondo, focando os olhos nela.

Rubi dá de ombros, mordendo um capcake com cobertura de morango.

—Eu também não sabia, talvez eles estejam esperando resolver esse negócio do lobo-cão pra poder contar pra nós. Nem acredito que vamos ser irmãs!

Sorrio. Nunca imaginei que ia acabar tendo essa doida como irmã.

***
Seguro minhas sacolas com uma mão e fecho a porta do carro com a outra.

—Não gostei do vestido que escolheu pra você. –Rubi comenta.

Reviro os olhos, abrindo a boca pra dizer algo, mas paro quando minha mãe sai de dentro de casa.

Lua Negra (Editando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora