Capítulo 65 part-3

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Abro a boca pra falar, mas não consigo emitir som algum. É como se a minha garganta estivesse se fechado de repente. Agora sei o verdadeiro significado da expressão "Perdi o chão" porque é isso que acaba de acontecer comigo. Não só perdi o chão como perdi o rumo.

Encaro o Dom sem piscar nenhuma vez, procurando algo que indique que ele está brincando, mas não, não tá.

—Você é noivo, seu idiota? –explodo, depois de alguns minutos sem conseguir falar. —Por que não me disse isso antes.... –faço uma pausa prendendo a respiração. — Ai meu deus! –me curvo, apoiando o rosto nas mãos. —Eu me entreguei a você de corpo e alma.

—Kim... –ele tenta tocar meu ombro, mas me desvencilho. —não é como você está pensando...não é desse jeito.

Levanto a cabeça de uma vez e o encaro com o rosto banhado em lágrimas.

—Então me explica porque tô surtando aqui.

Ele se inclina para frente e segura minhas mãos que estão estendidas, sem tirar os olhos dos meus.

—É costume do meu povo arranjar casamentos para formar alianças entre as matilhas. No México tem uma muito poderosa chamada Los Uivantes Blancos. Meu pai e o líder deles são muito próximos.

—Então, deixe-me adivinhar. –digo, interrompendo-o num tom carregado de sarcasmo. —Seu pai prometeu você em casamento pra filha do outro lá, quando vocês ainda eram crianças.

Dominic assente, abaixando a cabeça, morrendo de vergonha.

Dou uma risada histérica.

—Parece brincadeira, viu. Por que não me contou isso, Dom?

—Porque essa garota não significa nada pra mim! Eu nem a conheço direito. Vi ela uma ou duas vezes em toda a minha vida. Brincavamos quando éramos crianças, mas não tenho nenhuma lembrança dela.

Sinto que está sendo sincero, mas depois dessa não sei como nós vamos ficar daqui pra frente. Eu sei que esse negócio de casamento arranjado é da época das cavernas, mas ainda assim é muito estranho ficar com uma pessoa sabendo que ela tá destinada a outra.

Fico em pé, limpando a maquiagem borrada dos olhos. Devo tá parecendo a Amy Winehouse depois de beber todas.

—É melhor eu ir embora. Acho que já tive o bastante por hoje. –Tiro a jaqueta do Dom e me arrependo imediatamente, a madrugada tá muito fria.

Dominic pega a jaqueta da minha mão e tenta colocá-la de volta em mim sob os meus protestos. Ponho a jaqueta de volta porque estou congelando.

—Você não vai embora agora. Me pediu mais nada de segredos, então vai ouvir tudo.

Reviro os olhos para o seu tom autoritário e sento no sofá encolhendo as pernas.

—Você me perguntou porque eu nunca deixei que as pessoas vissem o meu lado bom... Pois é, era por isso. Quando completei vinte anos, fiz um trato com meu pai. Pedi a ele que me desse cinco anos de liberdade para eu fazer o que quisesse da minha vida. Sem regras, sem responsabilidades, sem pensar em casamento e quando eu fizesse vinte e cinco, voltaria para casa e me casaria com a mulher que ele escolheu para mim. Era por causa disso que eu nunca queria nada sério com nenhuma garota e curtia a vida sem pensar no amanhã porque meu pai já tinha todo o meu futuro planejado e sei que meu destino é ser infeliz... Ou era, agora que conheci você...

Ouço atentamente tudo que ele diz e chego a conclusão que a Lua Negra e os lobos não são muito diferentes. Pelo o pouco que a minha mãe me contou, a Lua Negra também parece planejar todo o futuro de seus caçadores –principalmente daqueles que tem o sangue Whitmore – e aqueles que resolvem sair só saem com a morte ou se tornam renegados..

Lua Negra (Editando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora