Capítulo 20

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As cortinas do meu quarto são abertas me despertando para uma manhã de segunda-feira. Sento esfregando os olhos e o rosto da minha mãe entra em foco.

-Bom dia flor do dia! -seu tom é animado.

Ela está diferente. Mudou completamente seu look. Trocou a saia lápis por calça jeans, os sapatos Scarpin por botas de montaria na cor preta, o Blazer e o Cardigã por uma camisa xadrez vermelha com preto. Seu cabelo que antes vivia preso em um coque perfeito, agora estão escorridos e amarrados em um rabo de cavalo. Se antes mamãe parecia dez anos mais jovem, agora parece 20.

—Oh! –murmuro de boca aberta.

Ela abre os braços sorrindo.

—E ai, gostou? –pergunta girando lentamente me dando uma visão panorâmica de si.

Afasto meu Edredom para o lado.

—Mãe, você tá linda... Quer dizer, tá mais linda do que já é. –digo olhando-a de cima abaixo.

—Obrigada, querida.

Jogo meus pés para fora da cama.

—E posso perguntar o por quê dessa mudança drástica?

Mamãe se vira e fica se olhando no enorme espelho vitoriano.

—Ah, sei lá... Essa cidade não tem nada a ver com a minha maneira de me vestir.

—Isso é verdade. –concordo ficando ao seu lado.

Mesmo de botas sem salto, minha mãe é mais alta que eu.

—E que alegria é essa que estou vendo em seus olhos? –questiono com uma sobrancelha levantada.

Ela se vira e desliza a mão por meus cabelos.

—Ontem me reuni com o conselho da Lua Negra. Propus um acordo e eles aceitaram. Disse a eles que se eles me deixassem ir embora com você, depois que ajudasse a capturar o Lobo-cão, eu deixaria toda minha herança pra Lua Negra. Tudo.

—O quê?

—Não é uma boa notícia? Vamos poder voltar pra casa quando a caçada terminar. –seus olhos estão exultantes de alegria.

E eu pensando que ela tava começando a aceitar viver  em Havenwood Falls.

Para não estragar a sua alegria, acabo concordando, mas a verdade é que gosto daqui e não quero ir embora.

—Mas como assim? "Se eles me deixassem ir embora com você"–pergunto repetindo as palavras dela.

Mamãe se encosta perto da janela e fica observando o lado de fora.

—Quando se entra para a Lua Negra, você só sai com a morte.

Sinto um frio na espinha.

—Mas você saiu, quando foi embora comigo.

—Sim, minha menina, mas eu me tornei uma renegada e eles só me aceitaram de volta porque  herdei o lugar da minha mãe no conselho, depois que ela morreu.

Lua Negra (Editando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora