Capítulo 4

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O dia mal amanhece e a casa já está lotada de pessoas que nunca vi na vida. Mamãe trancou-se no escritório com o prefeito, o xerife, o pastor (Não sei o que ele faz aqui), o Dante e outras duas pessoas.

E eu estou encolhida no sofá, abalada. Já tentei tirar um cochilo, mas toda vez que fecho os olhos a imagem da garota morta vem na minha mente. É bizarro. Mamãe queria que eu fosse para o quarto, mas doida é que vai lá pra cima sozinha depois de tudo que aconteceu. Prefiro ficar aqui cercada de pessoas, mesmo sem conhecê-las.

A garota que foi morta tinha apenas quinze anos, se chamava Beatriz Campbell, morava na cidade e era filha do zelador da universidade local. Todos estão se perguntando o que a matou e eu estou me perguntando o que uma garota que era menor de idade estaria fazendo aqui as 4:30hrs da manhã.

-Oi, Barbie girl. -uma garota de olhos azuis, iguais aos da minha mãe e cabelos roxos abaixo dos ombros, se joga no sofá a minha frente.

Encaro-a sem entender nada.

-Desculpe, nos conhecemos? -pergunto.

Ela sorri sem mostrar os dentes.

-Não, mas somos parentes. Sou Ruby, filha do Dante e aquele com cara de rabugento alí. -ela aponta com o queixo para um cara de olhos cinzas-esverdeados e cabelos pretos brilhosos que está parado na soleira da porta, de braços cruzados com o semblante fechado. -É o Conrado, meu irmão.

Ele me lança um olhar sério e então balança a cabeça negativamente. Como se estivesse me culpando por algo.

- E o meu é Kimberly. -Me sento cruzando as pernas, arrumando o cabelo que deve tá parecendo um ninho de passarinho.

-E aí, o que vai fazer hoje? -ela pergunta toda animada.

-Como?

-É domingo e graças a Deus parou de chover. Tem algo programado para o dia? Se divertir talvez? Não sei lá na capital, mas aqui, aos domingos a galera gosta de se reunir e ir pra barragem das pedras beber cerveja e tomar banho na piscina de águas naturais até a noite chegar.

É sério que ela me perguntando isso? Uma pobre garota foi assassinada e essa estranha tá me convidando para ir me divertir?

-Você sabe que uma garota foi assassinada aqui? -questiono-a já ficando irritada.

Ela dá de ombros como se não estivesse nem aí.

-Sei. Achei meio Pânico na Floresta, você não? -brinca.

Fico em silêncio, fuzilando-a com os olhos. Aprendi que para pessoas como ela, o silêncio é a melhor resposta.

-O quê? Nunca assistiu o filme Pânico na Floresta?

Desisto. Essa deve ser a louca da família.

Observo dois homens conversando.O mais velho já de cabelos brancos aponta um dedo esguio para o mais novo enquanto ele apenas balança a cabeça. Não sei, mas acho que todos a minha volta parecem nervosos, chateados, como se pudessem terem feito alguma coisa para evitar que a garota fosse morta.

-Hello! Você está me ouvindo? -Rubi estala os dedos praticamente na minha cara.

-O que foi? -volto minha atenção pra ela.

-Tô indo encontrar uns amigos, você quer vir também?

Faço que não com a cabeça.

-Beleza, se quer passar o resto do dia encolhida nesse sofá feito uma doente o problema é seu, pelo o que eu já vi, a sua mãe só vai sair desse escritório à noite.

Lua Negra (Editando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora