Capítulo 30

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Aturdida, visto a primeira coisa que pego no guarda-roupas, escovo meus dentes, penteio o cabelo e o amarro para trás em um rabo de cavalo.

Corro para porta, mas paro antes de tocar na maçaneta. Algo me ocorre e não tô gostando nada do rumo em que meus pensamentos estão tomando.

E se foi o Dom? Ele ficou furioso quando leu o que ela tinha escrito para mim, quando fui visita-la no hospital.

Pego meu celular e envio uma mensagem pra ele, pedindo para nos encontrarmos com urgência. Espero alguns minutos e nada de resposta, então desço.

Ruby e Conrado estão na sala, sentados no sofá. Ela levanta a cabeça na minha direção quando me aproximo. Seus olhos estão vermelhos e inchados, seus cabelos bagunçados, ela está arrasada, não sabia que gostava tanto da Tamara.

Conrado também parece triste. Ele se levanta quando chego perto e vai pra entrada da porta.

Me sento ao lado da Ruby e passo meu braço ao redor de seus ombros. Ela encosta a cabeça no meu ombro e ficamos em silêncio por alguns minutos.

O silêncio predomina a casa. Olho ao redor procurando as pessoas que chegaram nos carros.

—Onde estão todos? –pergunto.

Ruby se afasta para me encarar.

—Em uma sala secreta a prova de sons.

Tiro seu cabelo dos olhos em um gesto de carinho.

—A prova de sons?

Ela assente enxugando as lágrimas.

Como pode isso? Mesmo estando sem maquiagem, usando um conjunto de moletom sem graça e chinelos de dedo, ela ainda continua linda!

Para os lobos não ouvirem o que está sendo debatido na reunião do conselho.

Pisco sem entender nada.

—Muitas famílias, matilhas de lobos moram nessa floresta. Algumas se mudaram pra cidade, mas outras ainda vivem em seu lugar de origem e como eles tem super audição... – ela explica.

—Ah, entendi. –apoio a testa na mão. —Ainda não acredito que Tamara tá morta.

Ruby descasca o esmalte rosa das unhas.

—Nem eu.

—Você deve tá feliz, já que não gostava dela. –Conrado cospe as palavras com desgosto.

Viro a cabeça para trás em um gesto brusco.

—O que está insinuando? –questiono irritada.

Ele cruza os braços se encostando na parede, raiva brilha nas profundezas de seus olhos cinzentos.

—Tô errado?

Fico em pé.

—Está sim, muito errado! Eu não gostava dela por que ela implicava comigo, mas eu nunca ficaria feliz com a morte de uma pessoa!...Nem a dela –berro.

Ele me fita de mandíbula cerrada.

—Não liga pra ele, Kim. –Ruby põe a mão no meu braço. —Essa é a maneira que o Conrado reage a dor da perda; atacando.

Olho pra um e depois pra o outro.

Ela dá de ombros.

—Meu irmão é apaixonado por Tamara.

Fico paralisada sentindo o meu queixo bater no chão. Se tem uma coisa no mundo que nunca imaginei, era isso. Conrado apaixonado pela Tamara.

Ele envia um olhar furioso em direção a irmã.

Lua Negra (Editando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora