Capítulo 62

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Arrumo meus cabelos quando desço da moto e fico esperando na calçada em frente ao loft enquanto Dominic vai guardar a moto em uma garagem ao lado.

A rua está silenciosa. São pouco mais das duas da manhã e a maioria das pessoas devem estar no seu quinto sono. Eu disse que essa noite eu iria até os confins da terra com o Dom, se assim ele quisesse, mas eu não imaginava que ele fosse me trazer logo para o local onde ele traz as garotas para transar.

Dominic faz menção de pegar na minha mão, mas afasto-a para trás meio sem jeito.

—Não acredito que me trouxe pra cá. –digo em tom de reprovação.

Ele me fita confuso.

—Não entendo o espanto, afinal essa é a minha casa.

Cruzo os braços, batendo com o pé direito no cimento irregular.

—E também o seu "Matadouro!" –rebato.

Dominic anue as sobrancelhas e então quando se dá conta do que estou falando joga a cabeça para trás caindo na risada.

—Quê? –fecho minhas mãos em punhos. —Pare! Se não parar de rir de mim eu vou embora agora. –ordeno trincando os dentes.

Ele balança a cabeça se dobrando para a frente de tanto rir.

—Não consigo. –murmura sem fôlego.

Jogo meus braços para cima, bufando.

—Quer saber, vá se ferrar, Dom!

Viro-me de costas e me preparo para pisar no asfalto quando sinto seus braços firmes e fortes me agarrarem por trás.

Debato-me praguejando.

—Calma bravinha. –ele me aperta prendendo meus braços ao lado do meu corpo, me deixando totalmente imobilizada. Sinto seu hálito quente na minha nuca.

—Tá pensando o quê? Acha que sou igual a essas vadias que você era acostumado a trazer para o seu matadouro?

—Não seja tão preconceituosa. – ele me provoca e rir de novo, mas desta vez mais controlado.

Esperneio com mais força, porém, em vão, mesmo com a força de lobo que tenho, o Dom é mais forte que eu.

Ele respira fundo e para de rir feito um idiota.

—Não acredito que ainda lembra disso. – diz, roçando o nariz no meu pescoço.

Lembro muito bem da noite que acordei na cama dele. Lembro das palavras da Rubi quando chegou para me buscar e lembro principalmente qual foi a resposta dele

—É mentira? –questiono, ofegante.

—É.

Paro de me mexer feito uma louca e ele afrouxa seu aperto ao meu redor.

Me viro para encará-lo e seu olhar é sério.

—Mas a Rubi disse que...

—A Rubi não sabe de nada.
A verdade é que eu nunca trouxe nenhuma garota pra cá.

—Não?

Ele assente com determinação.

—Não, porque no meu ponto de vista, quando você traz uma garota para a sua casa, para a intimidade do seu lar, ela começa a fantasiar coisas em sua cabeça, a achar que tem algo mais sério vindo por ai, e eu nunca quis algo sério com alguém antes.

Observo-o atentamente, mas a verdade é que essa explicação não me convence.

—Eu não sei, Dom.. –toco minhas pulseiras, desviando o olhar para o janelão de vidro do loft.

Lua Negra (Editando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora