Capítulo 42

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Na hora do almoço. Assim que piso no refeitório todos os olhares se voltam para mim, como se eu tivesse simplesmente me materializado alí.

Tenho vontade de dar meia volta e sair correndo desses leões que querem a minha cabeça. Mas se eu fugir, vou tá automaticamente assumindo uma coisa que não fiz, então respiro fundo, aprumo os ombros e vou direto pra cantina. Pego uma bandeja branca de plástico, coloco uma maçã, um pedaço de torta salgada e um refrigerante de uva.

Varro o lugar com o olhar procurando a Ruby, mas não a vejo. Parece que ela não veio a escola hoje.

Hanna dá com a mão para mim, me chamando para sentar junto dela com Samantha. Elas estão em uma mesa lá no fundo perto da porta que dá acesso ao pátio.

Seguro firme minha bandeja, ergo a cabeça e me preparo para atravessar esse mar de vespas.

Sigo serpenteando algumas mesas e a cada passo que dou ouço murmúrios.

Sento-me ao lado de Hanna.

—E aí, como você tá? –Samantha pergunta dando uma mordida em um capcake.

Dou de ombros.

—Até agora tá dando pra agüentar. –me faço de forte, mas a verdade é que estou arrasada por dentro, principalmente por causa do Dom.

Hanna para de mexer no seu laptop e baixa os fones de ouvido lilás com branco.

Ela me envia um sorriso solidário.

—Liga não, pra esse bando de idiotas. Quando o xerife prender o verdadeiro assassino da Tamara, todos vão ter que engolir isso tudo que estão fazendo com você.

—É isso mesmo. –Samantha concorda.

Aperto a mão de uma e depois da outra.

—Obrigada. Vocês são as únicas aqui que acreditam em mim.

As duas entreolham-se, sorrindo.

Samantha dá um tampinha em meu ombro.

—Pode contar com a gente.

O assunto que rola durante o almoço é o jogo de hoje à noite e a festa-velório que uma amiga da Tamara fez ontem. Parece que todos da escola foram convidados, menos eu. Mas também, mesmo se tivesse sido convidada eu não iria, não depois da surra que dei nela, que exatamente hoje está fazendo oito dias. É a tal festa que o Dom ficou com a tal garota.

***
Me despeço das meninas e me levanto. Não consegui comer quase nada. Na minha garganta não desce nada.

Entrego minha bandeja a uma senhora super simpática que trabalha na cozinha. Ela pergunta se a torta tava gostosa e eu Assinto, mesmo tendo provado só um pedaço.

Me viro para sair do refeitório quando ouço alguém dizer:

—Essa assassina tinha que estar era presa e não aqui no meio de gente de bem.

Mordo meu lábio inferior com força até começar a sentir gosto de sangue na boca.

Giro nos pés e vejo três garotas usando uniforme de líderes de torcida me encarando. A do meio, que também é a mais alta das três me fuzila com o olhar.

—É com você mesmo, sonsa. –ela esbraveja.

Respiro fundo tentando acalmar meus nervos. Todos estão olhando pra mim, igual quando entrei.

Preciso tomar uma atitude, preciso me defender porque se eu não parar com isso agora, só Deus sabe o que mais pode vir pela frente.

Jogo a cabeça para trás, dando uma risada irônica.

Lua Negra (Editando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora