Capítulo 66

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Rubi desliga o carro em frente de casa e então se vira pra mim.

-Ok. É o seguinte. Nós vamos fingir que estamos bêbadas.

-O quê? Mas por quê?

Ela olha pra mim como se eu tivesse acabado de ganhar o prêmio da garota mais burra do ano.

-Dã... Porque pessoas sóbrias não gostam de brigar com pessoas bêbadas. Se sua mãe achar que estamos bêbadas, vai deixar pra brigar com a gente depois e até lá a raiva dela já tem passado.

-Você tá com medo da minha mãe, é? -dou risada.

-Claro que não! -ela responde se fazendo de ofendida. - Mas ela é terrível! Sabe o que foi que ela fez quando descobriu que fui eu que acertei aquela adaga no pneu do seu carro?

Balanço a cabeça.

-Ela picotou todos os pneus do meu, você acredita? Me fez pagar uma fortuna em quatro pneus novos.

Reviro os olhos, encarando meu reflexo no espelho. Tô parecendo a Lindsey Lohan chapada.

-E você mereceu. Que loucura foi aquela de fazer aquilo comigo? -arrumo meu cabelo e tento tirar o preto do lápis ao redor dos meus olhos para ficar pelo menos mais ou menos apresentável.

Rubi desvia o olhar para a frente.

-Ah, eu só...eu só queria testar você. -seu tom é baixo.

Viro-me totalmente em sua direção, sem acreditar no que ela acaba de confessar.

-Quê? Você quase me fez capotar o carro! E ainda tive que andar um longo caminho embaixo de chuva.

-Eu queria saber como se sairia em uma situação de extremo perigo... E também se sabia sobre nós.

-Me fazendo causar um acidente comigo mesma?

-É que se fosse um de nós dentro daquele carro, saberíamos exatamente o que fazer numa situação daquelas, mas você se desesperou, berrou... E foi aí que eu percebi que a Rose não tinha contado nada sobre o que somos.

Lhe lanço um olhar afiado e salto para fora do carro, batendo a porta com força. Mal dou dois passos em direção a casa quando minha mãe surge na porta da frente. Nossos olhos se cruzam e sua expressão não é das melhores. Ela segura uma caneta em um das mãos e com a outra fecha o hobb de cetim azul bebê envolta do corpo.

Imediatamente volto para dentro do carro.

-Certo. Talvez não seja uma má idéia fingirmos que estamos bêbadas. Minha mãe está soltando fogo pelo nariz.

Rubi e eu olhamos na direção dela.

Pensei que fingir embriaguez seria a coisa mais difícil do mundo, mas não foi. Só tivemos que tirar nossos sapatos e andar descalças apoiadas uma na outra de cabeça baixa, cambaleando de um lado para o outro.

-O que significa isso? -mamãe berra, quando chegamos perto dela o suficiente.

Fico em silêncio deixando que a Rubi assuma o controle da situação, já que a idéia de fingir que estamos bêbadas foi dela.

Ela levanta a cabeça de uma maneira bem teatral e tira o cabelo do rosto, da boca e encarando minha mãe diz:

-Icho... Icho é o resultado de uma bolacha noche de fresta...

Ela fala com a língua enrolada de um jeito tão engraçado que não consigo me conter e acabo caindo na risada, fazendo ir por água abaixo o nosso plano de enrolar minha mãe.

-Merda, Kim! -Rubi exclama, corrigindo sua postura. -Ferrou com tudo!

-Desculpa, desculpa, mas não aguentei. -respondo pondo a mão da barriga, doendo de tanto rir.

Lua Negra (Editando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora