-Não é o que estou pensando?! É o que estou vendo, porra!

Ele põe as mãos na cintura,
com o maxilar ficando tenso.

-Eu fiz isso pela minha irmã. -seu tom é sincero e percebo que ele faz muito esforço para me dizer isso.

Troco o peso de uma perna pra outra.

-O quê?

-Vamos até o apartamento dela que eu te explico, por favor. -ele estende a mão para mim.

Fito seus dedos esguios por alguns segundos.

-Por favor, Kim. Você tem que me dar uma chance de explicar.

Olho pro Tob que nos observa a uma certa distância e vou até ele. Digo que vou ficar com o Dom e peço pra dar um recado a Rubi. Ele assente sem gostar muito e entra no táxi.

-Só mais essa vez e se você tiver mais alguma coisa que não tenha me contado, é melhor contar agora porque não haverá uma terceira chance. -aviso ao Dom e deslizo para dentro do Blake Neon que está estacionado em um beco ao lado da boate.

Fazemos o trajeto todo em silêncio.

-Merda, eu não devia ter tomado aqueles drinques. -resmungo me sentando no sofá.

Dominic larga a bolsa esporte no chão, vai até a cozinha e volta trazendo um copo com água.

O apartamento da irmã dele é pequeno, mas bem aconchegante. Uma sala intercalada com a cozinha, dois quartos, um banheiro e uma pequena varanda com vista para o centro. As paredes são em tons creme
e os móveis brancos com preto.

Entrego o copo quando termino beber a água, observando-o enquanto ele vai colocá-lo na pia e retorna sem a camiseta usando-a para limpar a graxa falsa dos seus braços, barriga e um lado do rosto.

Minhas entranhas se contorcerem. Eu sabia que meu namorado era um homem atraente e gostoso, mas depois de vê-lo dançar daquele jeito hoje.

Dominic joga a camiseta para o lado e senta na ponta da mesinha de centro mesmo de frente para mim.

Olho-o de cima a baixo mordendo meu lábio inferior dormente por causa dos drinques. Com certeza eu não deveria ter bebido. Me atiro nos braços do dele sem parar para pensar no que estou fazendo. Enrosco minhas pernas ao redor da sua cintura, procurando sua boca mais que tudo.

-Kim... -Dominic murmura em tom de aviso.

Deslizo os dedos por seus cabelos revoltos. Ele está muito sexy e não consigo resistir.

-Não me quer? -pergunto, mordendo o lóbulo da sua orelha.

Ele fecha os olhos.

-É claro que eu te quero...mas você bebeu além da conta e não quero que se arrependa depois. É melhor a gente tentar conversar e eu te contar porque fiz aquilo.

A imagem dele dançando não sai da minha mente.

Balanço a cabeça em negativa.

-A gente pode conversar depois.

Tiro meu moletom do time da escola junto com a blusa de alça, ficando só de sutiã da cintura pra cima.

Dominic analisa passando a língua nos lábios, ri e me puxa ainda mais para junto do seu corpo. Passando a mão por meus cabelos, beijando o pequeno espaço entre meus seios.

Fomos para um dos quartos atracados, nos beijando com desespero como se fizesse tempo que não nos tocassemos.

Tiramos o restante de nossas roupas e fazemos amor como loucos. Loucos de desejo, loucos de paixão.

***
Meu cabelo gruda na testa por causa do suor. Estamos enroscados um no outro entre o mar de lençóis e travesseiros.

-Então resolveu virar um gogoboy por causa da sua irmã?

Ele respira fundo, enrolando o dedo numa mecha do meu cabelo.

-Não é bem assim. Nica e meu pai tiveram uma briga feia e ele a expulsou de casa. Ela veio embora pra capital e se envolveu com o irmão da Wanessa, a dona da boate, que é traficante de heroina. Minha irmã se viciou e ficou devendo uma nota preta pra ele e...

-E então pra pagar a dívida, você assinou um contrato de um ano pra dançar de graça pra dona da boate.

Ele roça os lábios em meu ombro.

-Quando Dominica me ligou e contou sua situação, imediatamente vim pra Sacramento. Internei ela numa clínica de reabilitação e me propus a saldar sua dívida dançando duas vezes por mês durante um ano.

-Só não entendi uma coisa, lobos podem se viciar?

-A nossa parte humana sim e infelizmente atinge a nossa parte lobo. Uma vez ela quase se transformou em uma loba bem no meio da avenida, a sorte é que eu apareci e lhe coloquei dentro do meu carro.

-Nossa, que barra hein.

-Nem me fale, mas apesar de tudo, eu faço com amor. Nica é a minha irmã mais velha e não existe nada nesse mundo que eu não faria por ela.

Me aninho entre seus braços quentes, fitando o teto.

-Vocês são algum tipo de adoradores de estrelas por acaso? -pergunto vendo pequenas estrelas brilharem sob nossas cabeças.

-Hã?

Aponto para o teto.

Dominic rir, cheirando meu cabelo.

-Não, é que o meu povo tem uma relação muito especial com esse pequenos astros.

-E é? Agora fiquei curiosa. -digo.

-A lenda diz que Gaia, o nosso deus supremo, antes de virar um deus, se apaixonou por uma camponesa que não era loba e por isso foi morto, mas ao invés do seu corpo cair ao solo desfalecido, ele se transformou em várias pequenas estrelas quando a espada de Gideon atravessou seu coração, subindo ao céu logo em seguida.

-É lindo e ao mesmo tempo triste... Mas pensei que vocês fossem descendentes de Licaão.

Dominic se retrai.

-Os descendentes de Licaão são os amaldiçoados. Aqueles que são mordidos por nós ou morrem ou viram lobisomem. Licaão era homem e virou lobo por causa de uma maldição lançada sobre ele e por isso existe a palavra lobisomem.

Continua amanhã.
Como esse é o penúltimo capítulo, ele será um pouco extenso e por isso vou dividi-lo em duas partes. Bjuss meus amores. Não esqueçam de curtir e comentar.

Lua Negra (Editando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora