—Pois temos um impasse. –digo. —Porque eu não vou fazer isso nem que fosse arrastada pelos cabelos. Não vou pôr o meu futuro em risco por causa de uma das suas loucuras.

Digo isso porque se eu me envolver com a polícia perco a minha vaga na Academia de artes no mesmo instante em que eles olharem meus documentos e verem que sou fichada. Deus me livre!

—Kim, vai dar tudo certo. Nós caçadores fazemos isso o tempo todo quando somos chamados para investigar algum crime que seja suspeito de origem sobrenatural. Por isso tenho esses distintivos falsos. O xerife Gibson sabe e nos dá apoio em relação a isso. Não se preocupe, não vamos ser presas, te garanto.

—Sendo assim, fico mais tranquila. –pego o distintivo da mão dela e o prendo na cintura, igual como ela fez com o dela.

Nos despedimos dos garotos e atravessamos a rodovia. Eles ficaram escondidos nas margens entra as árvores nos dando apoio.

Um sininho toca quando Rubi abre a porta de vidro para nós.

Uma mulher alta, negra e bem robusta aparece na recepção.

—Sim?

Rubi assume uma postura profissional e afasta um lado da jaqueta jeans que está usando, mostrando o distintivo.

—Somos investigadoras e estamos aqui para fazer umas perguntas sobre uma hospede sua.

A mulher comprime os lábios carnudos cobertos com batom vermelho, de testa franzida. Quando seus olhos castanhos escuros param em mim, lhe mostro o meu distintivo também, dando um meio sorriso sem jeito, sentindo o coração bater contra as minhas costelas.

—Ok... E vocês tem alguma foto dela para me mostrar? É que às vezes atendo muitas pessoas por dia e fica difícil memorizar todos os rostos.

Rubi dá uma detalhada descrição da Zoe e imediatamente ela recorda.

—Ah, claro. Lembro dela sim. Ela disse que se chamava Laura e ficou aqui uns cinco dias, mas foi embora no finalzinho da tarde de hoje.

—Sabe dizer se ela recebeu alguma visita nesses dias em que ficou aqui? –pergunto com a voz firme, imitando a mesma postura séria da Rubi.

A mulher balança a cabeça em negativa.

Rubi se vira para mim.

—Ela deve recebido sim, com certeza ele deu um jeito de entrar sem visto. –murmura.

Concordo com um aceno de cabeça.

Rubi pede que olhemos o quarto, mas infelizmente não é possível, pois já está ocupado.

—Ah, que pena. Essa jovem é procurada pela narcóticos de Sacramento. Mas vou deixar o número do meu celular pra sra...

—Srta. –a mulher corrige.

Rubi sorri.

—Ah, claro. Vou deixar meu número com a "srta" pro caso dela aparecer por aqui de novo.

A mulher abre uma gaveta, pega um bloquinho rosa, uma caneta e anota o número.

Respiro me sentindo aliviada porque estamos quase acabado aqui. Não tenho tanta certeza que o xerife sabe que os caçadores da Lua Negra se passam por policiais e vindo da Rubi posso esperar qualquer coisa.

—Obrigada, srta...? –Rubi estende a mão pra cumprimentar a mulher.— Qual é o seu nome?

—Dafne. –ela responde, apertando a mão dela.

—Dafne. Pode ter certeza que a srta fez muito por seu país hoje.

Dafne abre um sorrisão toda orgulhosa.

—Precisando estou aqui. Tudo pela nossa América.

—Tenho certeza disso – Rubi diz se virando para irmos embora.

Agradeço a mulher com um aceno de cabeça e sigo-a.

Rubi para perto da porta, me lança um olhar travesso e volta pro balcão.

—O que foi agora? –questiono-a.

Ela me ignora.

—Sabe srta. Dafne, tem mais uma coisa que poderia fazer pela América hoje.

A mulher pergunta o que é, entusiasmada.

—A srta poderia cantar o hino nacional comigo. – ela diz, colocando a palma da mão em cima do coração.

—Hã? –cruzo os braços encarando Rubi.

A mulher franze a testa confusa, mas faz o que a Rubi pede e coloca a mão no peito esquerdo. As duas começam a cantar o hino, cada uma mais desafinada que a outra.

Reviro os olhos sem acreditar no que estou vendo.

Três carros param na frente do hotel.

Olho de canto de olho sem me virar e os reconheço. São as três caminhonetes fechadas da Lua Negra. As mesmas que a minha mãe saiu mais cedo com os caçadores.

—Rubi, temos que ir agora.

Ela para de cantar e olha para trás por cima do ombro.

—Estamos ferradas. –sussurra. —Srta. Dafne, desculpe-me ter que interromper esse momento tão profundo, mas minha parceira e eu queríamos muito ir ao banheiro.

Ainda com a mão em cima do peito esquerdo, a mulher indica um banheiro no fim do corredor perto da escada.

Sem ter tempo de agradecer a Dafne, saímos correndo da recepção.

Quando a porta do banheiro é fechada atrás nós, estou com o coração quase saindo pela garganta.

Olhamos ao redor. Por sorte tem uma janela de vidro logo acima do vaso sanitário.

Rubi envolve uma toalha no braço esquerdo e com o cotovelo quebra o vidro.

Do lado de fora do hotel ficamos escondidas atrás de uma lata de lixo. Não dá para atravessarmos a rodovia por que eles vão nos ver. Então o jeito que tem é esperar que saiam

—Não acredito que ia fazer àquela coitada cantar o hino dos estados unidos todinho. –murmuro.

Rubi assente, dando uma risada abafada com a mão tapando a boca.

—Louca. –digo, balançando a cabeça em negativa.


Continua mais tarde! Curtam e comentem! Bjuss meus amores e boa leitura. Na mídia tem música do capítulo.

Lua Negra (Editando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora