Mamãe olha pra nós confusa e então quando se dá conta do que está rolando, ela entra, coloca a xícara no aparador e quando volta pega nós duas pela orelha e nos arrasta até a sala de estar.

Rubi e eu sentamos no sofá resmungando, esfregando a nossa orelha ardendo.

-As duas tentaram me enganar fingindo que estavam bêbadas é isso? -ela fica em pé na nossa frente, com as duas mãos na cintura, nos fuzilando com o olhar.

Com certeza essa foi a pior idéia da história das idéias para enrolar os pais... No meu caso a mãe.

***
Depois de pregar o sermão do monte por quase meia hora, mamãe me põe de castigo e manda Rubi embora. Nada de sair de casa por uma semana, só para ir escola. Que saco! Até parece que voltei a ter dez anos de novo.

Subo para o meu quarto, tomo um banho e durmo quase o dia inteiro. Quando acordo é que me recordo de tudo que o Dom me contou nessa madrugada.

Merda.

Me levanto as pressas, lavo o rosto, troco de roupa, penteio o cabelo e desço a procura da minha mãe. Encotro-a na cozinha conversando com Dante e Conrado.

Peço aos três para irem comigo até a sala do silêncio que tenho algo muito sério pra contar.

-Outra mentira? -mamãe ergue o queixo, seus olhos estão avermelhados como se ela tivesse chorado.

Baixo a cabeça e fico olhando para meus pés.

-Rose... -Dante coloca sua mão sobre a dela em um gesto de carinho. Fico esperando que ela tire sua mão pra longe da dele, mas não tira. O que será que aconteceu na noite passada? Mamãe sempre tratou o Dante com tanta hostilidade.

-Por favor. -peço em tom suplicante.

***

Dante fecha a porta atrás de nós e sem rodeios ponho pra fora tudo que Dominic me contou, deixando de fora apenas como eu descobri tudo isso.

Mamãe acredita em mim sem me questionar e logo os três começam a traçar um plano de caça que será assim que anoitecer.

Olho de esquelha para o Conrado que estuda um mapa aberto em cima da mesa. Quero muito agradecê-lo por ter falado com o Dom. É por causa dele que tive uma das melhores noites da minha vida.

***
Da janela do meu quarto observo três caminhonetes se encherem de gente trajando roupas pretas (que serve para se camuflarem nas sombras da noite), segurando armas de fogo.

-Oi, Barbie girl. -Rubi entra e vem ficar ao meu lado na janela. -O que foi?

Cerro minhas mãos em punhos.

-Não sei por que eles não me levam, afinal sou uma rastreadora, posso ser muito útil.

-Ah. Também não me deixaram ir. Sua mãe contou pro meu pai o que fizemos de manhã e ele está muito bravo comigo.

Minha mãe é a última a entrar em uma das caminhonetes. Ela olha pra cima, me encara por alguns segundos e então fecha a porta. Fico observando até os carros sumirem na estradinha.

-Droga. -murmuro. -Detesto ficar esperando.

-Vai se acostumando. Essas caçadas levam horas e às vezes a noite inteira. -Rubi abraça meu travesseiro.

Deslizo pela parede e me sento no chão abaixo da janela. A brisa da noite balança meus cabelos no topo da cabeça.

-Então, me conta, aonde vocês foram depois que fugiram da sua festa ontem?

Me perco relembrando cada momento da minha primeira vez com o Dom. Não sei se devo me abrir com ela, mas a verdade é que estou doida pra dividir isso com alguém e a Jess tá tão longe.

Respiro fundo, penso por alguns segundos e então ponho tudo pra fora.

-Meu Deus, Kim! Você transou! Isso é tão emocionante...sinto como se fosse eu perdendo a virgindade de novo.

Dou risada.

-Prometa que não vai contar pra ninguém.

Ela revira os olhos, jogando o travesseiro em mim.

-Mas é claro que não vou contar! Quem diria, Dominic Blackwell romântico. Parece mentira.

-Também não acreditei quando vi todas àquelas pétalas de rosas espalhadas pelo chão, aquelas velas aromáticas... -abraço o travesseiro contra meu peito como se estivesse abraçando o Dom.

-Awon que fofa, tá apaixonada. Já contou a ele que vai pra Amsterdã depois da formatura?

Meu sorriso se desfaz.

-Hã? Não, ainda não. Tô pensando em fazer uma surpresa e chamá-lo pra ir morar comigo lá. O que acha?

Rubi faz a pose do pensador.

-Bom, eu acho.... Eu acho uma ótima idéia! Tenho certeza que ele vai amar. Noah me contou que o Dominic sempre teve vontade de ir embora daqui.

-Então vou contar pra ele depois da festa de formatura. Daqui até lá quero segredo... Não conte pro Noah, por favor.

-Não se preocupe. Seu segredo estará bem guardado comigo.

-Obrigada. -Jogo o travesseiro de volta acertando bem no meio do rosto dela e então uma guerra de travesseiros começa entre nós.

***
Mordo um pedaço de pizza, enquanto zapeio os canais da TV. Noite de domingo não passa nada de bom na TV aberta.

-Não come muito.. -Rubi verifica a hora no seu relógio de pulso. -que daqui a pouco a gente vai sair.

Estamos jantando pizza na sala.

Solto o controle remoto em cima de mesa de centro.

-Não vai me contar pra onde vamos?

Ela balança a cabeça em negativa.

Bufo.

-Eles nos deixaram de fora da festa, mas isso não significa que não podemos participar dela. -ela dá piscadela e bebe um gole de refrigerante.

Franzo a testa.

-Hã?

Revirando os olhos, Rubi deixa o restante da pizza de lado e vai até a porta. Sem entender nada, sigo-a.

Do lado fora ela dá um assovio e duas motos saem da escuridão da floresta. É o Dom e o Noah.

Rubi olha no relógio novamente.

-Bem na hora. -diz e se vira pra mim. -A gente vai sair pra caçar aquela vadia.

Continua no próximo capítulo. Votem e comentem! Bjuss e boa leitura, amores !! Na mídia tem música!

Lua Negra (Editando)Where stories live. Discover now