-Você vai fazer uma coisa pra mim.

Reviro os olhos.

-Quê? Vou ser sua empregada agora?

-Você vai ser o que eu quiser que seja, garota mimada! Ou então mando entregar a cabeça da Zoe Lancaster dentro de uma caixa na sua casa amanhã bem cedo.

Meu sangue gela.

-Diga logo!


✪ ✪ ✪

Sigo as instruções do Lobo-cão e entro na escola. Ele quer eu pegue uma pasta contendo uns documentos de um aluno que estudou aqui muito tempo atrás. Passo pelo o vigia que está desmaiado no chão, pego um molho de chaves presa em sua cintura, destranco uma das portas duplas e entro.

Sinto um frio na espinha quando a passos largos atravesso o corredor indo em direção a sala da secretaria

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Sinto um frio na espinha quando a passos largos atravesso o corredor indo em direção a sala da secretaria. Esse lugar tem um ar fantasmagórico à noite, parece a cena de um filme terror. Com a mão trêmula ponho a chave na fechadura e abro a porta. A sala está totalmente escura. Tateio a parede com a outra mão procurando a tomada de luz e acendo-a. Vou direto para o armário de ferro e puxo a gaveta com a letra T.

A pessoa que o lobo-cão mandou que eu roubasse os documentos é Trevor Sparks

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A pessoa que o lobo-cão mandou que eu roubasse os documentos é Trevor Sparks. Ele fez o último ano do ensino médio aqui em 1997. Na época tinha dezessete anos, e era muito bonito por sinal. Cabelos pretos, olhos azuis, nariz retilíneo.

Depois de olhar o que tem dentro da pasta, empurro a gaveta de volta, apago a luz da sala, tranco a porta e volto pelo corredor as pressas, quase correndo.

Do lado de fora, fecho tudo e coloco as chaves de volta na cintura do vigia que ainda continua desmaiado.

Deixo a pasta no banco de cimento e vou embora. A vontade que tenho é de ficar e me esconder pra ver quem vai vir buscar o documento, mas o lobo-cão disse que se saberia se eu estivesse escondida e quem iria pagar pela minha desobediência é a Zoe.

🎵🎵🎵

Respirando fundo e tentando não pensar mais no que fiz alguns minutos atrás, chego à festa.

Uma enorme fogueira está acesa bem no meio daquilo que um dia foi o gramado. Alunos bebem e dançam ao som da música "I Love It."

Hanna é a DJ da noite. Ela dá com a mão quando me vê. Sorrio e aceno de volta.

Me encosto em uma das arquibancadas gastas e varro tudo com o olhar. Do outro lado da fogueira, na segunda arquibancada, estão Tamara, Lucy, Lucca, Noah, e outras duas garotas que não conheço. Não vejo Ruby e Dominic em lugar nenhum.

Fico na minha e não vou até eles cumprimentá-los porque quero distância da ruiva recalcada.

-Oi. Sou a namorada da Hanna. Meu nome é Samantha, mas pode me chamar de Sam.

Viro a cabeça para o lado e vejo uma garota de olhos azuis, cabelos pretos ondulados com mechas azuladas e piercing na sobrancelha.

Dou um sorriso simpático.

-Oi. Sou Kim...

-Kimberly Whitmore. Eu sei muito bem quem você é! -ela exclama com alegria.

Franzo a testa.

-Sabe?-pergunto intrigada.

Ela se aproxima tocando o piercing na sobrancelha. Seu olhar está em mim, me observando, me analisando, como se o mais pequeno gesto meu foi denunciar algum segredo oculto.

-Sua família foi quem fundou Havenwood Falls. Todos dessa cidade conhecem a família Whitmore.

Dou um longo suspiro mentalmente. Por um minuto pensei que essa estranha fosse falar sobre a Lua Negra.

-Ah, é mesmo. -concordo.

Samantha continua me encarando como se não conseguisse tirar os olhos de mim.

Toco minhas pulseiras desviando o olhar para outro lugar, pois quem sabe assim, ela para com isso, mas não parou.

-Por que tá me olhando assim?-pergunto.

-Por que me lembrei de uma coisa que aconteceu com a sua família muito tempo atrás. -seu tom é baixo e pesaroso.

Preciso chegar mais perto dela para poder ouvir melhor, em meio barulho da música e das pessoas falando alto ao nosso redor.

-Aconteceu....?

-Uma tragédia.

Observo a garota com toda minha atenção voltada pra ela. Ela está séria e parece tá falando a verdade.

Cruzo os braços, me inclinando pra frente. Meus pés começando a doer por causa dos saltos.

-Tragédia?

Ela enfia as mãos bolsos do casaco, olhando pra ponta de suas botas.

-Há uns vinte anos, um cara jovem, bonito chegou a essa cidade e assassinou cinco pessoas, entre essas pessoas três eram da sua família. Seu avô, o irmão mais velho da sua mãe, e a mãe da Ruby.

Balanço a cabeça freneticamente.

-Você deve ter se enganado, minha mãe é filha única.

Sam ergue a cabeça, seus olhos azuis estão arregalados, me estudando novamente.

-Não tô não... Por que tenho a leve impressão de que não faz a mínima ideia de que estou falando.

Seguro meu pendante entre os dedos, com cuidado para não ativa-lo.

-Porque não faço.

Ela põe a mão na boca.

-Acho que falei demais.

Lhe envio um olhar sério.

-E agora que começou, termine. -exijo.

-Olha, eu não sei de mais nada. A única coisa que sei é que ele matou essas cinco pessoas e depois sumiu, evaporou, só isso.

- E como soube disso?

-Quero ser jornalista investigativa, então quando não estou na escola, estou trabalhando no jornal local. E um dia me pediram para organizar no computador várias matérias antigas e foi aí que vi uma reportagem sobre essa tragédia que se abateu sobre nossa cidade.

Depois de dizer todas essas coisas, Samantha vai falar com Hanna, me deixando com um turbilhão de pensamentos.

-Eu tive um tio? -murmuro. - E por que a minha mãe mentiu para mim a vida toda dizendo que era filha única?

Algumas famílias colecionam segredos, mas a minha coleciona mentiras!

Continua!! E aí, meus amores, estão gostando da Lua Negra?
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Lua Negra (Editando)Where stories live. Discover now