Ouço Zoe suspirar ao meu lado.

Quando Dominic sobe a superfície olha diretamente pra gente.

Nós duas viramos a cabeça para o outro lado de uma vez.

-Droga! -encolho os ombros, tentando fazer expressão de paisagem.

-Isso não foi nada sutil. -Zoe comenta baixinho.

-Você acha que ele notou que estávamos olhando?

-Claro que sim! Nós duas estávamos secando o cara!

Nos encaramos por alguns segundos em silêncio e então caimos na risada.

-Bom, acho que essa é a minha deixa. -ela se levanta do tronco.

-Pera ai, você já vai embora? -Eu não queria que ela fosse, não queria ficar sozinha de novo.

-Sim, eu só vim porque a minha colega de quarto insistiu muito, mas quando chegamos aqui ela se juntou com um grupo de pessoas que não tem nada a ver comigo. Então comecei a me sentir deslocada, fora de lugar, sabe?

Olho pra Ruby, que bebe, dança e beija o cara negro de cabeça raspada que ainda não sei o nome. Ela sim parece estar em seu hábitat natural. E eu tô fora do meu.

-É. Sei bem como você está se sentindo.

-Então vem comigo. Eu te dou uma carona. Te deixo em casa.

-É sério?

-Claro! Eu vim no meu carro e a minha amiga pega uma carona com uns dos amigos dela, depois.

-Obrigada. -agradeço e me levanto pra ir falar com a Ruby.

Me aproximo deles um pouco sem jeito. A ruiva vira de costas assim que me ver. Dou de ombros e chamo Ruby com a mão.

-O que foi, Barbie girl? -ela sai do meio das pernas do cara negro.

-Só vim avisar que tô indo pra casa. -digo e me viro.

-Pera ai, tá indo pra casa? Com quem?

Paro.

-Com uma amiga. -aponto pra Zoe.

-Ah, é a Zoe Lancaster... Mas por que já tá indo? Não gostou do lugar?

-Tá brincando né? -cruzo os braços com raiva. -Você me ignorou nos últimos trinta minutos.

-E foi? Nem notei. -ela sorri.

-Sinceramente, não sei o que deu em mim pra vir com você, tá na cara que não falamos a mesma língua. -falo com acidez.

-Isso, com certeza é verdade. -ela estala a língua.

-Não vejo a hora de voltar pra capital. Essa cidade só fede a cachorro molhado. -cuspo as palavras.

-O que foi que disse? -Rubi pergunta de olhos arregalados.

-Que não vejo a hora de voltar pra capital...

-Não, depois disso.

Lhe lanço um olhar confuso.

-Tá me zoando? Que essa cidade fede a cachorro molhado. -repito. Achando estranho o jeito dela.

-E onde você sentiu cheiro de cachorro molhado? -seu tom de voz é tenso.

-Aqui e em todo lugar...

De repente ela começa a olhar por cima de mim e ao redor como se estivesse procurando algo.

-É melhor você sair logo daqui. -ela me empurra.

-Não precisa empurrar, eu já tava indo, sua louca. -me desvencilho de suas mãos que estão em meus ombros.

Minhas passadas são largas e logo me junto a Zoe.

-Por quê ela estava te empurrando? -ela pergunta.

-Sei lá...acho que porque é louca.

※※※

Quando chego em casa um verdadeiro circo está armado

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Quando chego em casa um verdadeiro circo está armado. Vans de vários noticiários estão espalhados na por toda propriedade, filmando até embaixo da árvore onde a garota foi morta.

-Quer que eu te deixe atrás da casa? -Zoe pergunta.

Faço que sim e ela dá a volta em um pequeno lago e para o carro na lateral.

-Obrigada. -digo e desço. -Você quer entrar um pouco?

-Acho melhor não, fica para um outro dia. Tenho muita coisa pra estudar.

-Ok... Mais uma vez obrigada.

Ela sorri e então vai embora.

Antes que algum repórter me veja corro para dentro pela porta da cozinha.

Tudo está silencioso. E todas as pessoas que estavam aqui quando sai, não estão mais. Procuro minha mãe na sala de estar e não a encontro. Vou até o escritório e também não está. Subo a escada passo pelo corredor e então a vejo na varanda, de braços cruzados olhando para baixo.
Quando ela se vira que me ver, me preparo para ouvir um sermão, mas ela apenas joga seus braços ao redor de meus ombros e me abraça forte.

—Infelizmente, vamos ter que nos mudar pra Havenwood Falls. –ela diz.

—O que? Mas por que? –pergunto, tomando um pouco de distância para olhar nos seus olhos.

—O xerife Gibson disse que eu não posso me ausentar da cidade até as investigações serem concluídas.

Afasto o cabelo do rosto, atônita.

—Mas ele não tá achando que a senhora teve algo haver com o que aconteceu aqui não, né?

Ela balança a cabeça com um sorriso amarelo nos lábios.

—Claro que não, princesa. Mas houve um assassinato dentro da minha propriedade e, de alguma forma, se torna minha responsabilidade também, e faço questão de acompanhar tudo de perto.

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Lua Negra (Editando)Where stories live. Discover now