Capítulo 68:

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Ao correr na direção da polícia, que acabara de chegar, ouvi novamente a voz do Stefan.

Ele chegou primeiro, manipulando a situação a seu favor.

Escondi-me e tentei entender o que ele estava a dizer à polícia:

— Ajudem-me, por favor! A minha namorada agrediu-me e fez-me um corte na mão! Ela é muito violenta! No outro dia, esmurrou um tipo numa discoteca e envolveu-se numa briga na rua! Eu tentei ajudá-la. Salvei-a e levei-a para o hospital, mas ela manipulou-me, fingindo ser vítima de tudo. Convidei-a para jantar e pedi-a em casamento, mas ela agrediu-me!

Ouvindo as palavras manipuladoras daquele louco, receei aproximar-me para explicar o que realmente ocorreu, com medo de ser detida no lugar dele.

O receio de não ser compreendida pela polícia abalou-me, mas o meu foco era encontrar Tiago!

Se não podia pedir ajuda, tinha de correr até lá sozinha!

Saltei o muro dos fundos da casa do Stefan, tentando não ser vista. Corri com todas as minhas forças, movida pela urgência de saber se o Tiago estava bem.

Cheguei a tempo de apanhar o comboio. (Embora o receio de usar transportes públicos me assombrasse, desta vez, precisava de superar os medos, pelo Tiago! Não posso permitir que o medo controle mais a minha vida!)

Desprovida de dinheiro, documentos ou qualquer pertence, restava-me apenas o vestido sujo e molhado, e os saltos altos. Tentei passar despercebida ao entrar no comboio, rezando para não ser apanhada sem bilhete.

Permaneci imóvel, encarando a porta, aguardando ansiosamente pela estação mais próxima da minha casa.

Durante a espera, não consegui ignorar os olhares maliciosos e os comentários sussurrados de alguns homens ao meu redor. Respirei fundo e tentei acalmar-me. Não podia perder o meu foco!

Ignorando os murmúrios e o assédio, esforcei-me para demonstrar desprezo, esperando que isso desmotivasse qualquer intenção maliciosa deles.

Quando as portas se abriram na estação desejada, saltei e comecei a correr, atravessando a sinfonia de apitos dos carros. (Felizmente, já estava próxima de casa, então, continuei!...)

Ao chegar à porta de casa, deparei-me com um problema: estava trancada, e eu não tinha a chave!

Bati diversas vezes, mas o silêncio era ensurdecedor.

Tentei arrombar a porta, mas não tinha força suficiente.

Desesperada, agarrei numa pedra e, sem muita ponderação, parti a janela!

Despi o vestido e coloquei-o sobre o peitoril, a fim de conseguir empoleirar-me sem me cortar nos cacos de vidro.

Por fim, consegui entrar!

Deparei-me com o Tiago, deitado no chão, ferido e inconsciente, segurando a minha foto antiga, que continha a morada da casa do Stefan, esclarecendo que realmente foi ele quem chamou a polícia! (Ele salvou-me a vida...)

Lamentavelmente, não tive coragem de confrontar o Stefan na frente da polícia.

Chamei o Tiago várias vezes, na tentativa de acordá-lo, mas sem qualquer reação. A preocupação tomava conta de mim!

Ouvi um vizinho gritar "Ladrão! Vou chamar a polícia!" por ter ouvido o vidro partir.

Levantei-me apressadamente, corri para a janela e gritei:

— Ladrão? A casa é minha! Só perdi as chaves!

O indivíduo ficou paralisado, encarando-me, visivelmente intimidado, fechando a cortina da sua janela imediatamente.

Gritei novamente:

— Espere! Chame uma ambulância!

Infelizmente, não voltou a abrir a cortina.

Olhei para baixo e lembrei-me de que estava apenas de roupa interior... (Já tinha uma má reputação com os vizinhos, e acho que acabei de piorar...)

À pressa, dirigi-me ao sofá, onde encontrei uma t-shirt. Sem hesitar, rasguei-a para estancar o sangue que escorria do corpo do Tiago.

Tentei acordá-lo de todas as formas, mas ele não reagia. Foi então que reparei no seu telemóvel, que estava caído no chão. (Ele tinha-me confiado a senha!)

Agarrei o aparelho e introduzi a password...

Desbloqueou!

(Não deveria mexer nele, mas era uma emergência!)

Liguei para as urgências e chamei uma ambulância.

Enquanto aguardava, permaneci ao lado do Tiago, abraçando-o com força. Tentei reanimá-lo, seguindo as orientações dos profissionais que estavam em linha, mas ele continuava inconsciente.

Encostei meu rosto ao dele. Observei-o, desfazendo-me em lágrimas.

— Por favor, Tiago, fica comigo... — fechei os olhos, e as lágrimas caíram sobre o seu rosto — Eu... eu amo-te... 

CLÍMAX - vem(-te) comigoOnde histórias criam vida. Descubra agora