Capítulo 31

21 12 0
                                    

Curiosamente, desde que comecei a sair com a Clara, tenho notado uma significativa redução no consumo de tabaco e álcool.

Em relação ao álcool, essa mudança foi influenciada por ela. A Clara não me impedia de beber, mas a sua capacidade de se divertir, sem a necessidade de bebidas alcoólicas, inspirou-me a seguir o mesmo caminho! O álcool costumava ser o meu "aliado" para fazer coisas que normalmente não faria sóbrio, no entanto, gradualmente, percebi que ao lado dela conseguia libertar-me de forma natural.

Quanto ao tabaco, fui diminuindo apenas porque ela apagava todos os cigarros que eu acendia perto dela. Além disso, percebi que meu principal motivo para fumar era o estresse, e estar com a Clara começou a ser uma forma muito eficaz de aliviar qualquer tensão, diminuindo a necessidade de estar sempre a fumar (pensei que não seria possível, mas só depois de colocar em prática é que percebi como o psicológico é o fator principal para combater muitos vícios).

Certa noite, houve a tal festa de máscaras na discoteca da zona. A Clara manteve o convite feito aos meus manos para nos acompanharem.

Vesti-me de militar e ela de coelha sensual (parecia uma capa da PlayBoy, o que não é uma crítica).

A Clara observou a minha roupa camuflada.

— O que foi? Mulheres adoram homens fardados, principalmente uma farda militar! — comentei, com orgulho.

Ela achou piada ao comentário.

O David e o Romeu encontraram-nos lá. (As suas duas damas do outro dia não compareceram porque, entretanto, lhes deram com os pés...)

Depois de tanto dançar, tive de tirar a camisola e ficar somente de calças, deixando a postura de militar e incorporando um stripper.

A Clara estava a divertir-se, mas não dançava muito, não entendia o porquê. Ela mantinha o convívio connosco e bebia o seu sumo, sem perder de vista o seu copo, prevenindo possíveis adulterações na sua bebida.

Muitas beldades notaram a minha presença (provavelmente, porque estava a dançar praticamente em tronco nu, somente de calças) e muitas convidavam-me para dançar. No entanto, recusei todos os convites, pois a única pessoa com quem realmente queria dançar era a Clara. (Isto nunca tinha acontecido antes. Sempre aceitei dançar com todas as beldades das festas, até porque a dança era uma das minhas melhores estratégias de sedução e conquista... mas desta vez, só sentia vontade de dançar com uma: a Clara.)

— Tiago, porque é que não vais dançar com elas?

— Porque gostaria de dançar contigo!

— Desculpa, eu não danço, mas tu sim! E não tens de deixar de fazê-lo por mim!

Foi então que começou a tocar Kizomba, um dos géneros de música mais sensuais que existe!

— Está a tocar Kizomba! — comentou ela — Eu sei que adoras Kizomba!

Nesse momento, uma mulata bem elegante, ao ouvir o comentário da Clara, aproximou-se e interrompeu a nossa conversa:

— A sério? Gostas de Kizomba? Gostava de ver como te safas! Queres dançar?

— Vai! — encorajou a Clara.

Aproximei-me do ouvido dela e sussurrei:

— Sabes, a Kizomba é um dos estilos de música mais sensuais que existe. É quase como se fizéssemos sexo através da dança! Tu própria sabes melhor do que ninguém que existem diversas maneiras de fazer sexo, e esta pode ser uma delas!

A Clara riu, achando que eu estava a exagerar, encorajando-me novamente a ir dançar. Acabei por ceder, e ela parecia muito à vontade, visto que não tínhamos qualquer compromisso.

Afastámo-nos um pouco deles, juntando-nos à multidão, onde vários pares já estavam formados, abraçados, começando os seus passos.

Ao começar a dança, observei discretamente a Clara, entada ao balcão, acompanhando cada passo.

A dança era uma das minhas maiores artes de conquista, algo em que me sentia muito à vontade. A dama que dançava comigo também tinha habilidades notáveis, e juntos, dominávamos a pista de dança.

A Clara continuava a observar-nos, sem pestanejar.

Aos poucos, o seu sorriso foi desaparecendo, e o seu olhar tornava-se cada vez mais intenso e hipnotizante... (Poderia ela estar a ficar com ciúmes?)

Ela observava cada movimento meu, enquanto esvaziava o copo, decidindo pedir outro, e depois mais outro... (Ainda bem que era apenas sumo, pois se fosse álcool, já estaria a causar algum efeito de certeza!)

O Artur e o Romeu tentavam provocá-la, mas ela limitava-se a observar, enquanto bebia. Nem pestanejava! Parecia estar hipnotizada... (Eu também não tirava os olhos dela, mas tentava ser discreto...)

Eu estava muito próximo do corpo da dama com quem dançava, mas não colocava completamente as mãos nela. Apenas encostava o pulso nas suas costas (fechando levemente o punho, de modo a não agarrar diretamente as suas curvas). As nossas mãos também não se entrelaçavam diretamente, apenas as nossas palmas se posicionavam uma sobre a outra (tudo isto era uma linha de respeito que eu mantinha durante a dança, pois certos passos e toques poderiam proporcionar sensações mais intensas, e não queria que ela pensasse que eu tinha segundas intenções).
Apesar de estar a dançar com outra mulher, só conseguia prestar atenção na Clara. (Só conseguia desejá-la... e sentia a retribuição do desejo nos seus olhos...)

Ela observava-me de longe, com um olhar penetrante (já nem prestava atenção ao seu copo, continuando a beber mais e mais). 

CLÍMAX - vem(-te) comigoOnde histórias criam vida. Descubra agora