Capítulo 28

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A Clara e eu continuámos a aproveitar a nossa amizade colorida, sem a pressão de compromissos sérios. Ansiávamos por mais diversão e aventura, abrindo-nos cada vez mais um com o outro, revelando tanto as nossas qualidades quanto as nossas vulnerabilidades.

Durante um passeio, descobri que ela tinha pânico de trovões, quando uma tempestade começou e ela se agarrou a mim, visivelmente assustada.

Tentei tranquilizá-la, abraçando-a carinhosamente, e ela pareceu mais aliviada.

Outra descoberta foi o receio dela em usar transportes públicos, embora desconhecesse se havia um motivo específico ou trauma por trás disso. Talvez se devesse ao receio de algum tipo de assédio (ou pior) acontecer.

Antes de irmos dormir, como a Clara tinha o hábito de ler, comecei a ler com ela.

Quando o livro abordava uma temática sexual, aproveitava para esclarecer mais algumas dúvidas com ela.

Durante esses momentos, aprendemos sobre diversas técnicas, como o Jelqing (um exercício com a crença de poder aumentar ligeiramente o pénis que, embora não haja uma confirmação cientifica dos resultados, era uma curiosidade interessante).

Explorámos também os exercícios de Kegel (o tal pompoarismo, onde as mulheres aprendem a trabalhar a musculatura vaginal, fortificando-a, melhorando o seu desempenho, a sua lubrificação, a sua saúde e o seu prazer... e os homens também podem fazer exercícios que ajudam a tratar a incontinência urinária, melhoram o desempenho sexual e, até mesmo, diminuem os casos de ejaculação precoce ou disfunção erétil).

Descobrimos ideias intrigantes para experimentar, como gravar o ato (sex tape), massagens tântricas, locais interessantes e desafiadores para o fazermos (e tentarmos não ser apanhados em público), e posições do Kama Sutra que nunca tínhamos explorado (inclusive, algumas que pareciam desafiar as leis da gravidade).

Além disso, desafiei muitas crenças, como a ideia de que o interesse sexual diminui com o avanço da idade (porém, parece que, na verdade, muitos idosos até são mais ativos do que muitos jovens que conheço... o problema é que, a maioria deixa-se consumir pela ideia de que sexo é para jovens, perdendo-se desse mundo que ainda teriam tanto para explorar).

Aprofundei mais a possibilidade de um homem atingir o orgasmo sem ejacular, por meio da prática de retenção seminal, conhecida como "orgasmo seco". Esta técnica exige tempo, paciência e prática, mas os resultados podem ser muito gratificantes! Além disso, aprendi sobre a técnica de Edging, uma forma de retardar o orgasmo, para uma experiência mais intensa. No âmbito do sexo tântrico, encontrei conceitos semelhantes, como "Vajroli Mudra" e "Karezza".

Além do sexo, também conversávamos sobre muitos assuntos. Partilhávamos opiniões sobre diversos temas aleatórios, e alguns bastante profundos.

Numa noite, enquanto observáva-mos as estrelhas, e começámos a refletir sobre a vida, e sobre a morte. Comecei a refletir em voz alta:

— É impressionante como a vida é um sopro. Custa tanto mantê-la, e pode terminar em qualquer segundo.

A Clara também se pronunciou:

— Quando morrer, quero que as minhas cinzas sejam enterradas num jardim, junto com uma pequena árvore, que crescerá, bela e forte! Se por cada vida que deixa este mundo, fosse plantada uma árvore em sua homenagem... com certeza, seria um ambiente menos mórbido e mais verde e vivo do que um cemitério. Eu sentiria que ainda estava viva, apenas de uma forma diferente... Quando morremos, o nosso corpo irá transformar-se em algo novo... Nada desaparece, tudo se transforma... Se o meu corpo passará por esse processo, porque não transformá-lo em algo cheio de vida, e que contribui para estarmos vivos?

Foi uma reflexão muito interessante... Certamente, eu preferia visitar um ente querido encarando uma árvore, em vez de uma campa, além de que poderia cuidar dela, ajudando-a a crescer cada vez mais!

Voltando a prestar atenção ao céu, partilhei uma curiosidade com a Clara:

— Sabias que é possível observar o passado?

A Clara riu-se, pensando que eu estivesse a referir-me a fotos ou vídeos, ou álbuns de fotografias antigos, mas não.

Expliquei:

— Olha para cima... Cada estrela que vês, é uma imagem do passado! A luz que chega aos nossos olhos, foi gerada à milhares e milhares de anos, levando todo esse tempo a chegar até nós! A luz que estamos a ver, surgiu quando ainda nem sonhávamos em existir. Talvez algumas já tenham morrido, e nós ainda vemos o brilho delas, enquanto outras estão a nascer, e a sua luz só chegará a nós daqui a muitos anos...

A Clara encarou-me, fascinada com as minhas palavras, observando as estrelas que iluminavam a noite.

CLÍMAX - vem(-te) comigoWhere stories live. Discover now