Capítulo 35

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Decidi ajudar a Clara a libertar-se das suas inseguranças, pelo menos, quando está comigo (da mesma forma que eu me liberto das minhas quando estou com ela).

Coloquei uma música, estendi-lhe a mão e conduzi-a para o centro da sala.

— O que é que estás a fazer?

— Eu sinto-me seguro perto de ti. Quero que sintas o mesmo perto de mim! — respondi, sorrindo para ela.

Tentei ensinar-lhe passos básicos. Sempre que ela cometia algum erro, dava-lhe um beijinho na testa, visando preservar a sua confiança.

Naquele momento, a Clara ainda estava muito insegura, enganando-se algumas vezes. Então, tentei reconfortá-la:

— Não te preocupes, temos muito tempo!

Agarrei-a ao colo e dancei com ela assim mesmo! Apenas os meus pés se mantinham no chão. Assim, ela poderia experimentar um pouco a sensação de dançar, sem o receio de me pisar.

Ao longo da semana, o nosso foco foi a dança. Mas também estabelecemos um acordo: eu ensinava-a a dançar e ela ensinava-me a pintar.

A Clara era uma artista versátil, produzindo obras que frequentemente eram expostas.

Um dos momentos mais divertidos que tivemos, ocorreu quando ela precisou de criar vários quadros numa noite, para uma exposição. Nesse dia, ela não estava muito inspirada, então decidi ajudar e perguntei o que poderia fazer.

Foi então que ela teve a excelente ideia (ou não) de pintar-me... nu.

E lá estava eu, deitado no sofá, em tronco nu, pousando como uma dama num clássico de romance... mas a Clara ainda não parecia satisfeita.

— Não está a resultar... falta alguma coisa...

Ela precisava de inspiração, e procurou-a no sexo. Entre os amassos no sofá, percorremos a sala toda e acabámos por tombar nas tintas, que tingiram completamente os nossos corpos. No meio das safadezas, esbarrámos em várias telas brancas, deixando a marca dos nossos corpos em cada uma delas...

No dia seguinte, a Clara levou os quadros (depois de aperfeiçoá-los) para a exposição, surpreendendo a representante do espaço.

— Uau! Que nome dás a esta coleção?

Ela pensou por uns segundos e respondeu, bem satisfeita:

— "Kamasutra!"

(Eu tentei conter o riso ao máximo, observando as pinturas, onde carimbámos várias posições. Realmente, era uma boa representação artística do kamasutra!)

Retornando às aulas de dança, a Clara comentou sobre um detalhe que reparou em mim. O facto de eu não encostar diretamente a mão nas costas dela nem segurar firmemente a sua mão.

— É a minha linha de respeito. Gosto de mantê-la enquanto danço.

— Mas e comigo? Depois de tanta sacanagem, acho que já ultrapassámos qualquer linha de respeito!... — comentou, tentando provocar-me.

Expliquei melhor:

— Eu sei que não te sentes confortável a dançar, então, quero respeitar o teu espaço e o teu tempo... Só irei agarrar-te mais intimamente quando te sentires segura.

A Clara olhou-me nos olhos, agarrou a minha mão com firmeza e colocou a outra nas suas costas, aproximando-se mais de mim. — Estou contigo, então, sinto-me segura!...

Encarei-a, cheio de desejo. Agarrei-a com firmeza, e começámos a dançar.

Aos poucos, ela começou a entrar no ritmo, mas ainda me pisava algumas vezes (desconfio que às vezes fosse proposital, apenas para receber o beijinho na testa).

A Clara adorava usar vestidos curtos, mas não para dançar. Nos primeiros dias de treino, preferiu usar calças largas, para dissimular os movimentos das suas pernas.

Querendo mostrar que as pernas dela não me incomodavam, ofereci-lhe um vestido, curto e bem decotado.

Sabia o quanto ela gostava de exibir o corpo, então escolhi um com um decote generoso, e curto o suficiente para aparecerem os joelhos. Tive algum receio de que isso a incomodasse. Embora ela usasse vestidos assim no dia a dia e em festas, nunca demonstrou intenção de dançar quando os vestia.

Para garantir que não se sentisse pressionada, deixei apenas o vestido em cima da cama com um bilhete, expressando que a imaginava a dançar com ele, tão deslumbrante como sempre.

Durante as nossas aulas de dança, a Clara observava-se nos espelhos da sala, acompanhando os movimentos das suas pernas.

Procurei fazê-la focar-se apenas em nós:

— Olha para mim e sente a música...

Ela obedeceu. Olhou nos meus olhos, entregando-se ao ritmo da melodia.

Aos poucos, ela ganhou confiança o suficiente para dançarmos no cine-teatro do hotel (sozinhos, claro... um passo de cada vez). 

CLÍMAX - vem(-te) comigoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن