Capítulo 38:

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Clara:

"Fugi daquele lugar, correndo tão rapidamente quanto as minhas pernas permitiram.

Quando finalmente parei, as lágrimas vieram aos meus olhos, escorrendo pelo meu rosto.

Sentia-me completamente perdida... Eles olhavam para mim como se fosse a culpada de toda aquela situação!

Continuei a caminhar, sem rumo, tentando acalmar-me. Coloquei música nos fones e continuei a andar.

Pouco tempo depois, comecei a sentir uma sensação estranha e desconfortável...

Observando os reflexos nos carros e nas montras por onde passava, percebi que estava a ser seguida.

Discretamente, observei as sombras atrás de mim. Pareciam ser três homens.

Continuei a caminhar, dirigindo-me ao bar onde a minha velha amiga, Munna, estava a trabalhar. Ao sentar-me no balcão, pedi um copo de água, disfarçando meu desconforto atrás de um sorriso.

Passaram alguns minutos, mas pareciam horas intermináveis. Queria ir para casa, mas estava com medo de voltar para a rua.

Tinha de arriscar...

Parecia que ia começar a chover (mesmo sendo verão, o clima andava meio estranho), então, pedi roupas emprestadas à minha amiga e fui à casa de banho trocar-me. Vesti umas calças, um top e um casaco que a Munna tinha de reserva no seu cacifo. Não eram roupas muito quentes, mas teriam de servir, principalmente para tentar passar despercebida. (Talvez aqueles três sujeitos não percebessem que era eu.)

O meu vestido novo ficou lá. Depois passaria novamente para ir buscá-lo, aproveitando para visitar a minha amiga novamente.

Agarrei na minha mala, despedi-me da Munna, coloquei os fones e saí discretamente do bar (percebendo novamente a presença daqueles três homens, então, a saída discreta não resultou).

Continuei a caminhar, mantendo os fones nos ouvidos, porém, com a música desligada, tentando ouvir o que estava à minha volta, sem que percebessem que estava atenta.

Conseguia ouvi-los sussurrar, mas não conseguia decifrar as palavras.

Fingi mudar a música, mas na verdade estava a digitar o número da polícia, caso precisasse.

Começou a chuviscar. Ao sentir as primeiras gotas no meu rosto, virei na direção a um beco sem saída.

Normalmente, essa seria a pior decisão que uma mulher deveria tomar... mas eu tinha um plano, talvez um pouco suicida...

Na verdade, pretendia mesmo ficar sozinha com eles, para finalmente perceber quem eram (e não queria que ninguém testemunhasse o que iria fazer a seguir)...

Ao entrar no beco, assim que senti a aproximação de alguém, prestes a tocar no meu ombro, agarrei firmemente a longa alça da minha mala, arremessando-a na direção de um dos perseguidores, antes que pudesse tocar-me!

Lancei a alça da mala à volta do pescoço daquele sujeito, puxando-o contra o meu joelho! Em seguida, dei-lhe um golpe certeiro no meio das pernas, fazendo-o cair no chão.

Um já estava no chão! Acho que lhe bati com mais força do que pensei, pois pareceu ter ficado inconsciente...

(Posso parecer uma pequena donzela indefesa, no entanto, sei defender-me melhor do que possam imaginar.)

Um segundo homem surgiu, tentando agarrar-me, mas desviei-me a tempo e rapidamente tirei um dos meus sapatos (um salto alto agulha), tentando golpeá-lo, ao mesmo tempo que tentava defender-me.

Estes sujeitos não faziam ideia do tipo de mulher tentaram provocar! Posso não ter a mesma força que eles, mas sei utilizar aquilo que está ao meu redor para me defender, como a minha mala ou os meus próprios saltos altos.

Além das armas improvisadas, também aprendi alguns golpes de Krav Magá, entre outras técnicas de defesa pessoal, dando-lhes mais luta do que esperavam.

Mais um para o chão. Já foram dois!

Um terceiro sujeito surgiu e derrubou-me no chão, mas, antes que me golpeasse novamente, notei que um dos caídos tinha uma pistola no bolso. Apoderei-me dela, levantei-me e ergui-a, tentando afastar o terceiro homem.

Ele riu-se e afirmou que a arma não tinha balas, pois servia apenas para intimidar.

Encarei o seu riso irritante e rapidamente bati-lhe na cabeça com a pistola! (Não é por não ter balas, que deixa de ser uma arma!)

Lancei a pistola para longe e, entre os pingos da chuva, observei os três homens, deitados no chão, inconscientes, tentando perceber se os reconhecia e, acima de tudo, entender o que acabou de acontecer... (O que é que eles queriam de mim?)

Começou a trovejar, aumentando a minha ansiedade, devido ao pânico que tinha de trovões. O meu coração batia tão forte que conseguia ouvi-lo.

Não tive muito tempo para tentar entender o que estava a acontecer porque, poucos segundos depois, ouvi alguém chamar pelo meu nome... mas, antes que pudesse virar-me, em simultâneo com um trovão, um disparo atingiu a minha coxa, seguido de uma dor intensa e desequilíbrio...

Depois de bater com a cabeça, a visão turvou-se rapidamente, substituída por uma escuridão profunda. Flashes indistintos revelaram alguém próximo, mas minha consciência desvanecia, enquanto o meu corpo permanecia no chão. Apenas conseguia observar uma figura distante... alguém que vestia um casaco escuro (não conseguia ver o seu rosto, estava muito longe)... Tudo ao meu redor estava a ficar nublado. As minhas forças estavam a desvanecer-se completamente...sentia mesmo que estava prestes a desmaiar...

Surgiram mais alguns flashes de alguém próximo de mim, mas continuava a não conseguir identificar quem era. Consegui ver apenas a manga do seu casaco, quando guardou a arma no bolso, permitindo-me também observar o seu cinto. Também consegui reparar nos seus sapatos, até que, tudo ficou escuro por um tempo...

Em meio à escuridão, uma voz conhecida chamou por mim.... uma voz familiar...

Eu conhecia aquela voz! Tentei abrir os olhos, mas, só vi uma silhueta, e apaguei por completo..." 

CLÍMAX - vem(-te) comigoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora