Capítulo 53:

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Apesar desse pequeno incidente, o Stefan continuava a ser o príncipe por quem me apaixonei.

Quase todos os dias oferecia-me flores e diversos presentes.

Éramos uma cópia dos meus pais. Ele sustentava-me, como o meu pai fazia, e eu cuidava dele, como a minha mãe fazia (e provavelmente, a mãe dele também, afinal, fora o envolvimento amoroso, talvez o meu papel como mulher fosse substituir o papel da sua mãe, assim como ele substituía o papel do meu pai).

A minha mãe era muito feliz no seu casamento, então, eu também deveria ser, caso contrário, haveria algo de errado comigo!

Todas as mulheres sonham em casar um dia... Receber o pedido, usar um anel caríssimo e um vestido de princesa branco que simboliza a sua "pureza" (essa era a simbologia, que ainda se mantém, mesmo que hoje em dia as mulheres já não tenham o costume de casar virgens).

A sociedade faz distinção entre dois tipos de mulheres: A mulher "para casar", e a puta "para comer".

Eu fiz de tudo para ser a mulher perfeita para casar!

O Stefan falava frequentemente sobre casamento e filhos, mas o pedido nunca chegava, então, continuava a esforçar-me para que esse dia de sonho chegasse!

Sonhava com o dia em que usaria um lindo vestido branco de noiva, mas esse sonho estava nas mãos dele.

Sempre mantive a esperança de ser a sua mulher perfeita, a sua noiva e a mãe dos seus filhos, porém... todas essas ambições tornavam-me emocionalmente dependente dele... Todos os meus sonhos estavam projetados em torno do Stefan, como se não pudesse realizá-los sem ele.

Lembro-me de uma vez em que ele discutiu comigo no jardim e me empurrou. Acabei por cair na piscina. Entrei em pânico, pois não sabia nadar!

Felizmente, ele saltou para a água, desesperado (não sem antes tirar a camisa, sei lá por que motivo), salvando-me de me afogar. Fiquei tão aliviada, que me esqueci imediatamente do desentendimento e fiquei-lhe muito agradecida!

Ele salvou-me a vida mais uma vez (naquele momento, nem parei para pensar em como foi ele quem também ia acabando com ela, ao ter-me empurrado).

O trauma que ficou, foi com a piscina. Ganhei medo até de me aproximar dela. Em relação ao Stefan, a discussão acabou ali e ficou tudo bem.

O Stefan era o dono do meu coração. Ele mesmo costumava referia-se a mim como "sua princesa", "sua dama", "sua mulher"... Adorava nomear-me como "sua".

Mas ele também dizia que era meu!... "Meu mundo", "minha vida", "meu coração"...

Com o passar do tempo, cada vez sentia-me mais fechada e dependente. Apesar de amá-lo, sentia que não me amava a mim mesma. Sentia-me um pássaro com as asas presas. Na tentativa de encontrar um pouco de liberdade, decidi conversar com o Stefan.

Raramente tínhamos conflitos, então, acreditei que poderíamos conversar abertamente sobre o assunto, pois certamente ele iria compreender.

Com delicadeza, pedi-lhe que me deixasse sair um pouco durante o dia. Normalmente, saía somente para ir à igreja, às compras (desde que comprasse vestimentas do agrado dele, pois o cartão era seu), ou ao salão de beleza (o motorista levava-me e depois trazia-me de volta).

Expliquei-lhe que gostava muito de poder caminhar na praia, de vez em quando. Ele disse que durante o dia estava a trabalhar, então não poderíamos ir. Tentei explicar que gostaria de ir, mesmo que fosse sozinha, pois sentia uma enorme vontade de sentir a água nos meus pés e o vento no meu rosto! A praia seria uma grande fonte de inspiração para as minhas pinturas!

CLÍMAX - vem(-te) comigoWhere stories live. Discover now