Capítulo 40:

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Em poucas horas, a Clara recebeu alta. As únicas queixas persistentes eram algumas dores na sua coxa, devido ao ferimento provocado pela bala, e a dor num dente, resultado de um soco durante o conflito. Imediatamente, o Stefan ligou para um dentista, conseguindo uma consulta para o final do mês.

Ofereci-me para levá-la para casa, mas o engravatado interrompeu-me...

— Não te preocupes, eu levo-a! Faço questão! Afinal, ela é da minha responsabilidade. Fui eu quem a trouxe, então, sou eu quem deve deixá-la em casa, em segurança.

— Que tal deixarmos a Clara decidir? — perguntei.

Ele interrompeu-me novamente:

— Tenho a certeza de que a Clara vai desejar a minha companhia. Assim, poderemos matar algumas saudades dos velhos tempos!

Ele sorriu para ela novamente, agarrou a sua mão e conduziu-a até o carro dele.

A Clara não pronunciou uma palavra sequer.

Fui ter à casa dela. Parece que cheguei primeiro, então, esperei por eles num café próximo.

Duas horas depois, lá apareceram, então fui ao encontro deles. Ele abriu-lhe a porta do carro e ajudou-a a sair (que cavalheiro).

A Clara estava muito calma, mais do que o normal...

— Então, é aqui que moras? Alugaste um quarto?

— Na verdade, aluguei a casa.

— Mas isso são muitos gastos! Podes entrar em alguma dívida rapidamente! Sabes que a minha casa terá sempre espaço para ti, Clara.

— Hei, calma aí! — interrompi — Ela não está aqui sozinha. Eu tenho-a ajudado! E ela trabalha, consegue dar conta de tudo.

— Então a situação é pior do que eu pensava! Nunca devia ter-te deixado sozinha! Comigo ao teu lado, não terias que te sujeitar a dividir a casa com um tipo qualquer, nem sequer terias de trabalhar!

— Um tipo qualquer? — quase avancei para cima dele, mas a Clara meteu-se na frente.

— Calma, Tiago! Stefan, o Tiago é um grande amigo, e...

— Tudo bem! — ele interrompeu-a — Peço desculpa pelo mal-entendido. Eu tenho um imenso carinho pela minha Clara, e não permito que nenhum homem a desrespeite!

Eu encarei-o, olhos nos olhos:

— Respeito é o que mais tenho pela Clara! — respondi.

Decidi afastar-me ligeiramente para evitar confusão, mas só queria mandar aquele engravatado dali para fora! E a Clara nem reagia! Mas porquê? Ela estava tão estranha! Eu mesmo também me sentia estranho... Talvez não fosse nada de mais... Talvez fossem apenas ciúmes... Sei lá...

Envolto numa atmosfera carregada, ficámos os três à porta da casa da Clara. A tensão era palpável. A Clara estava estranha, eu sentia-me estranho, e aquele rapaz... bem, ele já parecia ser estranho...

— Clara, tenho uma surpresa para ti! — exclamou ele, abrindo uma caixa com um novo telemóvel — Comprei-o enquanto estavas no hospital. Já que aqueles bandidos roubaram o teu, resolvi comprar-te um novo! Assim, podemos sempre manter contacto um com o outro!

A Clara hesitou e respondeu:

— Eu... não posso aceitar...

Mesmo assim, o Stefan insistiu:

— Oh, claro que podes, meu anjo! Já o configurei todo para ti! Até já adicionei o meu número! Agora, só precisas de colocar a tua senha. E neste também podes colocar a tua impressão digital! Eu ajudo-te a colocar.

Ele foi às definições e abriu a impressão digital.

— Agora, basta colocares o dedo e já fica registado!

Depois da Clara registar a sua impressão digital, ele continuou: — Clara, vai para casa descansar. Tenho alguns assuntos para tratar, mas já venho buscar-te para jantarmos no melhor restaurante desta zona!

Ela finalmente respondeu:

— Ahh... certo... — disse de forma rendida, dirigindo-se à porta de casa e colocando a mão na bochecha — O dente ainda me doi bastante, e parece já não estar totalmente fixo. Tenho receio de que ele caia.

— É melhor evitares falar muito e tentares ficar em silêncio... — sugeriu o Stefan.

— Tens razão. Além disso, preciso mesmo de descansar, e é melhor estar sozinha neste momento... — comentou, dirigindo discretamente o olhar para mim. (Entendi a mensagem.)

— Bem, eu vou até ao hotel. Tenho muito trabalho para fazer esta tarde... — comentei, afastando-me dos dois, sem me despedir diretamente da Clara. 

CLÍMAX - vem(-te) comigoWhere stories live. Discover now