Capítulo 118

12.4K 1.1K 636
                                    

Bianca

6 meses depois

Tifanny: Eu não aguento mais essa vida de patroa, eu sou patroa, mas pareço mais uma empregada - ela ajeita a touca na cabeça e eu fecho meus olhos, sentada na cadeira, passando a mão pela minha barriga - Tá parecendo a grávida de Taubaté, uma barriga que não tem mais tamanho - eu solto o ar e dou risada, sentindo a elevação na barriga, quando um dos dois me chuta - A Thalita é outra safada, enquanto isso a vagabunda da Tifanny tem que trabalhar.

Eu: Calada você vence, quer trocar a sua vida pela minha? Quer ficar com os pés inchados, dormir só em uma posição, sentir falta de ar só de dar dois passos? Ainda tenho que abrir as pernas e parir - ela fica calada e eu abro os olhos, vendo as clientes me olhando - Tá fácil não, ainda tem o Victor.

Thalita ajeita o vestido longo no corpo e se espalha na cadeira giratória, a barriga dela é bem menor que a minha, mas ela já tá chegando na reta final, eu que tô prestes a ter os meus aqui mesmo. Nesses 6 meses a barriga deu um pulo, eu ainda não tô acostumada com todas as mudanças, mudou tudo em mim, eu tenho que agir por mim e por eles, porque é um corpo pra três pessoas.

Eu olho o salão grande, as luzes iluminam o local bem arejado e bonito, finalmente esse salão saiu, a Tifanny vendeu a PCX e a gente conseguiu adiantar muita coisa, mas claro que amor deu quase tudo, eu não pedi, quando vi já tinha chegado a encomenda. Nós três estamos administrando, é o maior salão daqui do Vidigal, eu só trabalho pra me satisfazer, porque do jeito que a minha vida anda, nem precisava. Mas eu gosto de ter o meu.

Estico minhas pernas, ouvindo as vozes das pessoas ao redor e olho pra minha coxa, vendo meu celular vibrando em cima dela. Vejo o nome do Victor aparecendo, mas não respondo, porque o menino da manutenção acabou de chegar. 

Thiago: Boa noite, minha patroa - eu balanço a cabeça e me levanto pra ir até ele - Tudo bem? Tava sumida, pô - eu passo a mão pelo meu vestido e vou caminhando pra dentro do salão, sendo seguida por ele.

Eu: Tava resolvendo umas coisas pra amanhã, mas precisei de você - aponto pra ele, ouvindo a risada baixa saindo dos lábios dele - Tem que fazer a manutenção de muita coisa, tu olha e me passa o valor, mas faz por um preço bom - ele estende o braço tatuado na minha direção e eu pego na mão dele, quando vejo que ele vai beijar, eu afasto rápido - Para de graça e faz o orçamento. 

Thiago: Só tava te cumprimentando, mas eu vou olhar direitinho e te passo o valor - eu confirmo e me afasto, vendo mais uma mensagem do Victor, enquanto o Thiago me olha - Te conhecia quando tu vinha visitar a tua avó, tu era feinha demais - eu olho pra ele e arqueio minhas sobrancelhas, vendo ele se abaixar pra olhar a fiacão - Mas agora tá bonita, tá ligada? - eu fico calado e me encosto na parede, esperando ele terminar o serviço - Tá linda, pô.

Eu: Fala mais, depois tu aparece por aí e não sabe o motivo - passo a mão pelo meu pescoço, sentindo a correntinha com o V no pingente, ainda tenho ela -
Se o meu marido ouvir isso, não vai te restar história pra contar.

Ele solta uma risada baixa e eu fico calada, mas é verdade. Nesses meses eu descobri as coisas que ele fez, a gente brigou tanto, eu fiquei com muito ódio, porque me sentia culpada por tudo que aconteceu. Não quero ninguém morrendo por minha culpa, o Victor matou tanta gente e eu não fazia ideia, a gente quase se separou por isso. Agora eu tô mais tranquila, mas odeio pensar na possibilidade dele ficar matando qualquer pessoa que me olhe por tempo demais.

Passo a mão pelo meu braço, indo até a dobrinha do cotovelo, me viro pro espelho grande, vendo a minha tatuagem na parte de trás do braço. Eu tenho dois bonequinhos, um é o Poderoso Chefinho e o outro é a Moana, essa eu fiz com o Victor, mas ele tem bem mais que eu, também é a única que eu tenho.

Além do ImpossívelWo Geschichten leben. Entdecke jetzt