Capítulo 15

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Bianca

Sinto meus olhos arderem por já estar tarde, enquanto ouço Tifanny falando com a Thalita ao meu lado no Uber.

Thalita: Eu não acredito que tu fez isso, sua maluca- olho pra elas e vejo a Tifanny segurar a bolsa que parece mais volumosa do que quando ela chegou- olha isso, amiga!

Quando eu vejo, ela abre a bolsa na cor preta mostrando o tanto de bebida que tem dentro, daqui consigo ver as garrafas de whisky, várias cervejas, Ice e refrigerante.

Eu: Meu Deus, ela pegou que a gente nem viu, tá virando cria do Vidigal mesmo- ouço a risada da Thalita e a louca fecha a bolsa resmungando algo baixo.

Tifanny: Não ia sair com uma mão na frente e outra atrás, tem que pegar mesmo, peguei que ninguém nem viu.

Thalita: Um dia tu paga todos os atrasados, só espero que a gente não vá junto- olha pra mim que nego olhando o caminho que o motorista vai fazendo.

A Thalita ela é meio maluquinha, mas é controlada, ela tenta ser responsável, mas eu sei que é só por controle mesmo, porque a natureza dela não é assim, de qualquer forma eu amo minha amiga. Já a Tifanny é extremamente o oposto, ela é louca mesmo e não nega, faz de tudo que sente vontade, esse é o problema, no final ela sempre acaba tendo que lidar com as consequências, até agora tá tudo bem, mas até quando ela vai contar com a sorte? Até aí eu já não sei...

Não temos uma amizade de anos, moro no Vidigal tem pouco tempo, mas desde que pisei meus pés naquele lugar eu já me senti mais acolhida e segura do que quando eu morava com a minha mãe e o meu padrasto. Mais ou menos umas três semanas morando lá e ficando só em casa, eu saí com o Braz até a pracinha, porque tinha jogo entre os meninos lá. Nesse dia eu conheci as duas, depois fomos nos aproximando mais ainda e cá estamos nós. Aprendi que não é sobre tempo e sim conexão com as pessoas que nos relacionamos. Tudo é extremamente relativo, eu posso conhecer uma pessoa desde que nasci, mas as ideias não batem, daí conheço uma pessoa a pouco tempo e vejo como a conexão é verdadeira e existe uma reciprocidade naquela relação, é isso que nós move e nos mantém firmes pra aguentar as coisas da vida.

Tifanny: Enquanto esse dia não chega é a vida quem vai me pagar os atrasados por me fazer ser pobre.

Eu: Credo, que horror- me seguro no banco da frente no momento que o motorista faz a curva rápido demais- esse cara tá rodando demais, só quero ver o preço final- cochicho só pra elas ouvirem.

Thalita: Tudo no nosso cu mesmo, depois que tu virar mulher de traficante isso acaba- faço cara feia pra ela e dou língua, ouvindo sua risada.

Tifanny: Quando Borges ver essa florzinha delicada já era, o benefício vem pra nós também, Thalita, se não fosse a gente ela nem iria do jeito que é medrosa.

Eu: Já chega de humilhação, vocês não perdem a oportunidade de tá falando do meu priquito, parece que são lésbicas!

Tifanny: Ah, meu amor, não se preocupa que eu gosto de espada- ela fala baixo pro motorista não ouvir- das grandes e grossas.

Thalita: Compartilho do mesmo gosto- pego meu celular olhando marcar 3h da manhã- Uma vez um cara que fiquei quis menage entre eu, ele e uma loira lá- faz pausa colocando a mão na boca pra soluçar- acha que eu aceitei? Não por ser uma menina, mas pela cara de pau dele, quando falei pra colocar outro homem ele logo negou, no final ficou sem as duas.

Tifanny: Arrasou, bicha! Tem que botar bem no rabo desses machistas... As nojentas tem que ser as mulheres.

Vamos conversando enquanto o cara vai dando voltas pelo Rio de Janeiro todo, no final ele vai receber o que foi cobrado pelo aplicativo, até tirei print. Sou pobre, não otária.

Além do ImpossívelWhere stories live. Discover now