Capítulo 48

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Borges

Me encosto na parede, dobrando a perna direita como apoio enquanto fumo um baseado ao lado do Braz e Choco que tão falando pra caralho, tô aqui esperando o suposto dono da moto descer até aqui pra confirmar o proceder. Puxo a fumaça sentindo o corpo relaxando pelo terceiro baseado seguido, tô meio pilhado pelas notícias que chegaram pra mim agora a pouco.

A tarde foi suave, passei com a preta o dia todo, mas a noite vai ser pesada, pô. Olho pro Braz com o reflexo atualizado e o corpo magro usando uma regata do Flamengo.

Braz: Eu te liguei o tempo inteiro e tu não me atendeu, amor - estala a língua no céu da boca e se senta no chão, encostando na parede - Tava ocupado?

Eu: Tava mermo - o Choco me olha e dá risada - Tá com um palhaço enfiado na garganta, filho da puta? - ele continua rindo e eu me estresso tirando as cinzas da ponta.

Choco: Tava me lembrando de uma coisa aqui, fica suave porra - olho pra frente esperando os moleque descer com o cara até aqui - Maluco tá demorando pra descer.

Braz: Ainda tem que resolver aquela parada lá hein - ele aponta pra mim - Teu tio tá encomendando a tua morte e tu fica só de boa, parece que não liga pra porra nenhuma - olho pra frente sentindo o cheiro da maconha no ar.

Esse assunto eu deixo pra mais tarde. Agora eu só tô pensando nesse assalto dessa moto, uma regra simples é não roubar dentro do meu comando, eu não perdoo essa porra, se quiser roubar vai pra outro lugar e é com o filha da puta e os caralho. Já dei dois tapa na cara do viado, que tá amarrado no chão da calçada do outro lado. Mas isso foi o suficiente até o momento, não vou bater logo, porque se ele for inocente quem vai tá no erro sou eu.

Eu: Essa parada eu quero conversar mais tarde com calma, tá ligado? - prendo a fumaça soltando em seguida - Mas sobre esse roubo eu vou cobrar o Patinho se o cara for inocente.

Choco: Eu quero ajudar - olho pra ele que completa - Gosto do Patinho não, pegou uma novinha minha tem uns 2 anos, até hoje não perdoei - estalo a língua no céu da boca.

Eu: Tu tá bobão pra caralho esses dias.

É uma parada incrível, papo reto. O Choco era todo posturado, um cara sério e agora virou essa puta de circo de tanto andar com esse Braz, às vezes é até engraçado, mas toda hora é foda.

Choco: Tu que é sério demais, mas eu tô ligado que é só com homem - franzo as sobrancelhas olhando pra ele - Com mulher tu é todo cheio do humor né não? - viro o rosto olhando pro lado.

Olho o relógio esperando mais um pouco e uns minutos depois o Patinho desce com o suposto dono da moto. Me desencosto da parede jogando o baseado no chão e cruzo os braços esperando eles chegarem até aqui.

Borges: E aí, tranquilo? - pergunto pro cara que para na minha frente, tá usando uma camisa de motoboy mermo e calça jeans.

Xx: Tranquilo, chefe, me chamo Nadson - ele estende a mão pra mim que pego, fazendo um toque - Só tô um pouco nervoso pelo acontecimento de mais cedo - confirmo olhando o Patinho voltar pro posto dele.

O cara parece ser motoboy mermo, mas quem ver cara, não vê coração. Então eu não julgo pela aparência, julgar todo mundo julga, mas eu não me apego nessa parada.

Eu: Tua sorte foi que ele passou pelo meu carro, quase arranhou e eu abordei - ele confirma e eu desço da calçada pra ficar na altura dele - Mas como eu vou ter a certeza de que tu tá falando a verdade? - percebo o Braz e o Choco se levantarem ficando atrás de mim.

Nadson: Pô, tenho como te confirmar com provas não, mas tu pode perguntar ao pessoal que presenciou tudo - ajeito a gola da camisa ouvindo - Eu tava parado na esquina, conversando com um passageiro, ele me abordou e tomou minha moto, tá ligado? - confirmo passando a língua nos lábios olhando o cara lá do outro lado.

Além do ImpossívelWhere stories live. Discover now