Capítulo 42

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Borges

Caminho até a parte externa da casa segurando a minha afilhada em um braço, com o outro eu seguro a mão da pretinha, tive que insistir pra caralho, papo reto. Quando eu tava desistindo ela aceitou, aqui ninguém vai falar nada, nem olhar pra ela, porque se tá comigo, tá tranquilo, pô.

Puxo uma cadeira sentando e ajeito a Sofia no meu colo, que tá até agora agarrada no meu pescoço. A Bianca puxa a cadeira pro meu lado e se senta, eu olho pros lados e não vejo a amiga dela. Quando eu cheguei nem tinha visto ali aqui, só quando a amiga dela apareceu lá na porta, aí eu já fui no faro, muito gostosa pra eu deixar passar só por ela ter pisado em mim no dia do baile.

Eu: Vem sentar no meu colo - pego na mão dela que nega - Por que? Eu ajeito ela aqui na outra perna.

Bianca: Depois arruma briga e é melhor evitar pra não estragar o aniversário dessa princesinha - ela fala pegando na mão da Sofia que levanta a cabeça do meu pescoço e sorri deixando a baba cair.

Eu: Tá babando tudo - ela me encara - É tu mermo - aperto ela nos meus braços ouvindo a risada gostosa de neném - Dá um beijo aqui - aponto pra minha bochecha e ela sorri escondendo o rosto no meu pescoço, me fazendo rir.

Bianca: Ela te acha bonito e tem vergonha de você - ela fala rindo - Toda criança tem uma paixão e fica assim.

Eu: Pelo menos alguém me acha bonito aqui né - ela estreita os olhos pra mim e eu confirmo - É isso mermo, tu só me esculachou aquele dia e essas duas semanas nem falou comigo.

Bianca: Para de drama, eu só dei um tempo pra tu não enjoar de mim - dou risada colocando a mão na coxa dela - A Nayara tá me comendo com os olhos - eu olho pro outro lado vendo ela falando com a Erika, parecendo reclamar de alguma coisa, enquanto a outra tá sambando.

Eu: E eu quero comer você - falo baixo olhando pra ela que sorri, olhando pra ver se alguém ouviu - Hoje tu vai ser minha.

Bianca: Do jeito que tu tá, você aguenta? - estreito os olhos na direção dela - Tá todo desse jeito, quando for a hora é duas batidas e o parabéns acaba.

Não espero ela terminar e me levanto com a Sofia no meu colo, vou passando pelas mesas cumprimentando com a cabeça quem vai falando comigo. Chego perto da mãe e da Nayara e faço menção de passar ela pra mãe.

Eu: Vai, princesa, depois o dindo pega tu de novo - falo no ouvido dela que me abraça, a mãe dá risada e a Nayara encosta o rosto no meu ombro brincando com ela - Dindo vai ali e depois brinca com tu a festa toda, vai ficar quieta? - chacoalho o corpinho cheio de dobrinha e ouço a risada no meu ouvido.

Sofia: Brincar depois? - eu confirmo dando um cheirinho nela - Dindo - toca meu rosto com as duas mãos - Brincar?

Eu: É, depois, eu prometo tá certo? - ela confirma e eu passo pro braço da mãe dela.

Eu passo ela pra mãe e na merma hora faz carinha de choro, mas se eu não deixar ela aqui e não for fazer o que eu quero, quem vai chorar sou eu.

Olho o pai dela vim cantando de lá do canto com o outros crias, levanto o polegar pro outro lado quando me cumprimentam. Volto a atenção pro Talisca que para de cantar e vem dançando.

Talisca: Apareceu, seu viado - aperto a mão dele olhando os olhos castanhos meio vermelhos - Minha filha sempre se humilhando pra esse padrinho fuleiro.

Eu: Fuleiro o caralho, se ela gosta de mim é porque eu presto pra ela - aponto pra ele que sorri, me puxando pro outro lado - Tá bêbado pra caralho no aniversário da tua filha, pô.

Talisca: Eu tenho que comemorar, saiu do meu saco, então é parabéns pra mim também - ele vai me puxando e eu vou me afastando - Vem, porra!

Eu: Não, eu tô com uma pendência ali atrás - ele franze as sombrancelhas bebendo a cerveja dele - Já já eu apareço, tranquilo?

Além do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora