Capítulo 68

17.4K 1K 353
                                    

Borges

Diminuo a velocidade da moto, quando vou descendo a descida, da rua, da casa dela. Paro na calçada do outro lado e desligo minha moto, ouvindo o cano estalando por estar quente, elas soltam minha cintura, quando descem da moto, mas eu seguro na mão da Bianca, fazendo ela ficar.

Giovana: Tio, depois você pode me levar pra dar uma volta só com você? - confirmo, olhando a menina cheia de trancinha falando comigo - Vai poder empinar a moto também?

Eu: Vou, mas só se tu entrar, depois eu te chamo - ela olha pra Bianca e depois me olha sorrindo, eu reparo nos dentes da frente que tão arrancados - Papo reto, vou te levar, mas tu entra? - continuo segurando a mão da pretinha pra ela não fugir.

Giovana: Entro, mas eu lembro das coisas, você vai me levar mesmo não vai? - confirmo e ela segura na borda do vestido lilás e estreita os olhos pra nós dois, quando me vê segurando a mão da prima dela - Isso é tão romântico! - ela sorri e sai correndo, indo pra casa azul clarinho, do outro lado.

Eu passo minha outra mão no nariz, sentindo ele gelado e puxo ela pelo pulso, passando meu braço em volta da cintura fina. Ela sorri sem mostrar os dentes e eu me inclino, ainda em cima da moto, pra dar um cheirinho no pescoço dela, sinto o aroma doce e o cheiro diferente do cabelo dela.

Eu: Sobe aqui - bato no tanque da moto e ela fica me olhando - Sobe, não quer falar comigo não?

Bianca: É que aí é alto, eu não consigo - ela fala com a voz suave e dá risada, eu viro ela de costas e puxo pra sentar entre o tanque de gasolina e eu - Quer me botar no céu a pulso, Victor.

Eu: Eu só quero conversar com você - falo olhando o cabelo dela que tá solto, os cachos tão a merma coisa, mas o cheiro tá diferente - Eu tava com saudades de você - passo meus braços pelo cintura dela, que se vira um pouco, me abraçando.

Bianca: Eu também, foi 1 semana né? - confirmo, sentindo ela passar os braços pelas minhas costas, alisando com as unhas - O que você quer conversar? - ela me pergunta, e se afasta, olhando diretamente nos meus olhos, observo os cílios grandes e naturais, balançando a medida que ela pisca.

Eu: Sobre a gente - falo sério e ela se ajeita na moto, prestando atenção em mim - Mais uma vez, tá ligada? Mas eu quero conversar na calma, porque no grito ninguém resolve nada - ela confirma, coçando o cantinho da boca, eu olho e depois volto a olhar nos olhos dela.

Bianca: Aquele dia a gente tava muito alterado pra ter uma conversa - concordo, pousando minhas mãos no tanque de combustível, batendo de leve com os anéis - A gente conversou de novo, com mais calma, mas ainda tava tudo recente.

Eu: Essa conversa não vai ser definitiva, não agora - ela fica quieta e eu olho um carro preto parando na esquina, vejo o jogo de luz e depois retorno a falar - Eu só quero saber se tá bom pra você, porque pra mim não tá, por isso eu tô querendo resolver essa situação.

Bianca: Você sabe que não tá, Victor - olho pra baixo, encarando ela franzindo as sobrancelhas - A gente tinha conversado e eu te falei que gostava de você - ela para de falar e retorna, se corrigindo - Gostava não, eu gosto, mas aconteceu tudo aquilo - respiro fundo, trocando o apoio da perna.

Eu: Eu tô ligado, esse tempo eu fiquei pensando nisso e como tudo aconteceu, não era pra ser daquele jeito. Você sabe como é orgulhosa e eu também sou, então isso complica tudo - ela balança a cabeça concordando - Mas tem que agir com calma, sem se precipitar, esses dias não foram fáceis pra mim, tá ligada? Essa situação não me deixou tranquilo.

Bianca: A gente pode resolver as coisas na base da conversa, mas você reconhece que isso só aconteceu, porque tu agiu com o ego falando mais alto que a razão? - ela gesticula com as mãos e eu fico calado - Porque não tinha necessidade alguma de tu ir falar com ela pela terceira vez, eu tinha te avisado, você falou que precisava se impor e não seria mandado por mim - ela olha pra frente da casa dela e volta a falar comigo - Eu não queria mandar em você, só tava te pedindo respeito, porque foram três vezes, Victor.

Além do ImpossívelWhere stories live. Discover now