Capítulo 16

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Borges

Solto a fumaça pro alto ouvindo o som tocar aqui do lado, enquanto Braz vai falando o que aconteceu no domingo dele, o cara não cala a boca um segundo, irmão. Não tenho paz nesse caralho.

Braz: Eu fiquei putão mermo, sumi o dia todo, aí depois vem atrás, tá ligado?- ele fala chutando o pneu do meu carro e eu dou uma olhada pra ele que levanta as mãos em redenção- tem que ser assim, Choquinho. 

Choco: Tô ligado, mas tu tá muito quieto, cria, tá casado mermo? Não to gostando muito dessa traição comigo não, tá ligado?

Braz: Tô enrolado, sabe como é né, mas sou todo seu meu pretinho gostoso- joga a bituca do baseado no chão e volta a falar- sou difícil, ela vai ter que conquistar primeiro, acha que sou essas puta que aceita qualquer coisinha? Só o básico.

Eu: Tu é pior que puta, fala muito não- troco o apoio de perna e vejo uma moto passar com 4 em cima- olha aquela porra ali...

Choco: Coração de mãe sempre cabe mais um, aqueles pique, meu cria- ele me olha sorrindo e desce o olhar pelo meu corpo- queria falar nada não, mas hoje tu tá um pedaço de mal caminho, ein?

Olho sério pra ele e nego, até esse cara que era o melhorzinho tá se perdendo, tá andando muito com o Braz, aí dá nisso, pô. Vou renovar meu arsenal e esses pé de chinelo vão tudo voar.

Braz: Eu nem falei nada, porque se falar ele fica puto, mas tá mermo, quando vi chega tive que me controlar da vontade que tive de pular nele, seu gostoso- manda beijo e eu acerto um tapa no pescoço dele que grita fino- tá lindo, mas precisa cortar esse cabelo, tá grandão, meu amor...

Eu: Visão?- passo a mão no cabelo e percebo como os fios estão grandes mermo- vou cortar daqui a pouco, depois preciso ir no Jacaré organizar uma parada com os mano de lá.

Choco: Já ia te falar sobre isso aí, tu vai querer que um de nós te acompanhe?- pergunta e eu coloco a mão no pulso ajeitando meu rolex que tava torto.

Eu: Sei não, até lá eu decido, porque aguentar vocês tá foda, papo reto.

Braz: Um dia eu vou fazer greve do silêncio e vou convocar a tropa, responder só o necessário e eu quero ver se tu vai gostar assim, tô magoado- ele passa por mim e me chama- vamo cortar logo esses fios sedosos, olha que lindo ele, Choco- respiro fundo e entro na Evoque pronto pra ir no cabeleireiro- Esse cabelinho grande deixa ele lindo, mas quando tá na régua fica um tesão.

Eu: Quer dá o cu é só falar, pô- coloco a marcha e saio com tudo sem dar tempo dele falar mais nada.

Zeca: Vai querer do jaca mermo, Borges?

Eu: Esse mermo, pode fazer o jaca e põe risquinho na sobrancelha também, lado esquerdo, tá ligado?- ele confirma e eu vejo o Braz entrar calado e fala umas coisas referente ao corte dele.

Quando termina eu vejo meu reflexo no espelho, daqui eu entendo porque elas vem correndo atrás, sou bonito pra caralho, sem neurose. Passo a mão no cabelo arrumando pro lado direito e pago o mano que sempre fortalece.

Eu: Chega lá na minha sala daqui a pouco, vou tomar um banho e quero tu indo pro Jacaré comigo, pegou a visão?- ele me olha de lado e confirma, fala mais nada, até estranho.

A casa da minha mãe é mais perto então vou pra lá mermo, ainda aproveito pra almoçar, coroa cozinha pra caralho, tá maluco.

Estaciono na porta da casa dela, abro a porta da Evoque e coloco o pé no chão, sentindo a agonia dos cabelinhos espetando minhas costas, louco por um banho.

Rosa: Acho que vou morrer hoje- vejo o sorriso crescer em seus lábios- lembrou quem tem mãe, meu filho?

Eu: Um beijo- me abaixo e beijo o rosto dela que passa os braços ao redor do meu pescoço- não encosta tô todo sujo de cabelo, vim tomar banho e almoçar, tem comida?

Além do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora