Capítulo 18

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Borges

É foda ter que ir pra um lugar e ainda carregar esse cara do lado, maluco não me deixa em paz. O Braz consegue me tirar a paciência só por estar respirando perto de mim, agora que ele já ouviu as músicas de corno dele, ele tá contando como perdeu o cabaço.

Braz: Foi foda, tinha só 14 anos, amor!- giro o volante e diminuo a velocidade vendo uma viatura vindo pela direita- era uma gazela conversando com a gata, tá ligado?

Eu: E tu ainda é, pô... a gazela só cresceu, mas continua aí, não percebeu?- a viatura passa pela Evoque e segue reto, me deixando mais suave- tu é piranha, porra!

Braz: Para, vida, deixa eu contar... Então, ela mandou mensagem falando que os avós tinham ido pra igreja, fui como? Tava galudão, tomei um banho e coloquei minha melhor cueca- ele para de falar engolindo a saliva e pensa- lembro até hoje, era branca, aí quando cheguei na casa dela, ela tava só de pijama curtinho, pô, foi só pau e água.

Eu: Tu conseguiu meter direito na tua primeira transa?

Braz: Porra nenhuma, eu era inocente ainda- junta as mãos na frente do corpo- fui logo dando uns beijinhos, aí a coisa foi esquentando e eu não sabia o que fazer depois, ela que fez tudo. Na primeira botada eu ia meter no cu dela, foi um bagulho sinistro, pegou a visão? Gosto nem de lembrar muito não...

Eu: Tá com vergonha, vagabundo?- ele tampa o rosto com as mãos e faz gestos suspeitos- tu ainda vai se assumir um dia, tô dando o papo reto mermo.

Braz: Vai ser eu e você- coloco a mão em frente o ar condicionado direcionando pra mim- quando chegar na barreira para que eu quero falar com o mano cu- olho pra ele franzindo as sobrancelhas- cuzinho, pô.

Eu: Desce que tu fala, não vou te esperar, tá ouvindo?- se faz de surdo e amarra o cabelo grande invisível fazendo um coque- tô falando contigo.

Braz: Nossa, vida, como tu é mandão! Desse jeito eu não vou suportar, tua sorte é que eu te amo, meu vido- manda beijo e tenta beijar meu pescoço, sinto o beijo molhado que ele dá me fazendo bater na cabeça dele.

Eu: Desce- falo limpando meu pescoço com a mão direita, sentindo o contato do anel com a minha pele- não vou nem te falar mais nada, depois não reclama...

Braz: Hum... Tu vai no jogo mermo, né?

Eu: Que horas vai começar a parada?- ele abre a porta descendo e vira pra falar comigo.

Braz: Papo de 19h mermo, cola antes pra resenha, sempre tem.

Eu: Vou colar- vejo os caras da contenção passando lá do outro lado, amanhã começo a andar escoltado, hoje ainda não- depois organiza um baba só com os cria, valendo dinheiro.

Braz: Vou fazer mermo, peladinha naqueles pique- vou arrastando o carro fazendo ele saltar e fechar a porta- meu pé, porra!

Vou subindo o morro, sentindo meu celular vibrar na perna e eu olho a tela vendo um número desconhecido.

Xx: tá tranquilo agora, mas sabe que não vai ficar assim
Xx: o que é teu tá guardado, filho da puta

Olho as mensagens já imaginando quem seja e se for quem eu tô pensando, deixa ele vim, pô. Tô na sede dele, se vier vou fazer igual fiz com o irmão, Rio de Janeiro vai ficar pequeno. Tô num ódio fudido desse cara, se eu pegar ele vai ser só um na cara daquele fudido, caixão fechado é o destino de vagabundo sem postura e conduta no bagulho.

Respondo ele sem muito papo, se ele quiser subir eu tenho a tropa à disposição, se não eu mermo vou e ainda tomo a porra do comando dele, mais uma gerência na conta do pai. Mas isso não apaga o que o fudido do irmão dele fez com a minha mãe e comigo, é só pra ter uma forma de materializar o meu ódio, já fiz uma vez, mas não passa, faço quantas vezes for preciso e necessário. Só não quero que a parada respingue na minha mãe de novo, ela já sofreu pra caralho com essa história.

Além do ImpossívelWhere stories live. Discover now