Capítulo 41

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Bianca

Duas semanas se passaram desde a última invasão aqui no morro. As coisas estão mais calmas, por enquanto sem baile em respeito aos que morreram no conflito. Nesse tempo, meu primo parou mais em casa por conta do tiro na perna? Claro que não, sempre vive saindo igual um saci por aí e nós inventamos uma desculpa pra minha avó demorar mais um pouco e não saber que o Hugo levou um tiro, porque da invasão ela já tá sabendo.

Braz: Tu vai fazer a unha da mulher na casa dela ou aqui? - ele pergunta se sentando no banquinho estirando a perna enfaixada - Descolo um motoboy pra tu.

Tava tomando meu café da manhã e nem me lembrava da Nayara.

Eu: É mesmo, esqueci desse detalhe - bebo meu café olhando o fundinho da xícara com um monte de leite ninho grudado.

Braz: Vou chamar um parceiro pra te levar, vai logo - eu coloco as coisas na pia e vou pro meu quarto me ajeitar e pegar minhas coisas.

[...]

Nayara abre o portão pra mim, que entro em silêncio segurando minha maleta pra fazer meu trabalho e ganhar meu dinheiro.

E pra falar a verdade eu vim o caminho todo pensando se essa doida não seria igual aquelas emocionadas, que batem nas mulheres que ficam com o macho delas. Mas pelo que eu me lembre, o Victor não é comprometido com ela, então errado não existe nessa história e se ela vier com gracinha, não vou escutar calada. Aproveito o alicate amolado e furo ela todinha, aproveitando do meu réu primário.

Eu: Bom dia, demorei um pouco - sorrio pra ela que fecha o portão sem me responder por uns segundos.

Nayara: Nem reparei, mas vamos começar logo que hoje eu tenho um compromisso logo pela tarde - confirmo puxando um banquinho, onde me sento com a maleta do lado, ela se acomoda no sofá a minha frente, colocando os pés nos meus joelhos, cobertos pela toalhinha branca.

Um tempo depois eu já terminei os pés e agora tô fazendo as unhas dela enquanto fala no celular.

Eu já peguei umas indiretas no ar, mas finjo que nem tô ouvindo, sempre bom pagar de louca que eu ganho mais. Calada, venço!

Nayara: Sim, amiga, hoje eu vou sim, chego por volta de umas 15h - ela fala com a pessoa na linha - Não, eu saio daqui de casa sozinha, mas acho que ele vai sim.

Dessa vez ela escolheu um nude pra pintar as unhas, menos mal, porque aquele vermelho com um vulgo do Borges tava horrível. Mas eu me importo? Claro que não, o dinheiro eu já fiz muito bom uso, o gosto é sempre do cliente, gosto é igual cu, cada um tem o seu...

Nayara: Dormiu comigo - ela fala olhando pra mim que continuo fazendo as unhas dela - Sim, duas semanas atrás ele dormiu comigo, antes da invasão acontecer - ela não fala o nome, mas especifica pra eu saber - Amiga, é sempre a mesma coisa, igual anos atrás, acho que pode dar certo.

Finalizo e tiro fotos pra divulgação, essa ficou muito linda. A outra eu corri de postar como o diabo corre da cruz, mas essa merece feed. Eu finalizo tudo e vou guardando meus materiais, ouvindo a voz da Nayara falando comigo.

Nayara: Ficou ótimo, obrigada - sorrio pra ela e percebo que ela quer falar alguma coisa.

Eu: Algum problema? - ela olha as unhas dela e levanta os olhos azuis até os meus.

Nayara: Não vou fingir que não te vi com o Borges - levanto caminhando até a porta com ela atrás - Eu não me incomodo, porque ele sempre foi assim, faz o quer e depois mete o pé - paro na porta olhando ela falar - Tu piorou, porque é muito novinha pra ele, mas o conselho que eu te dou é se afastar, no final ele te come e sempre corre pra mim.

Além do ImpossívelWhere stories live. Discover now