Capítulo 75

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Bianca

Respiro fundo, sentindo meu coração acelerar um pouco por ver todo mundo aqui, principalmente a minha mãe, que eu não vejo há meses, são meses sem olhar na cara da minha figura materna. Passo minhas pelo tecido da minha saia, enxugando a palma suada e respiro fundo. 

Caminho devagar, um calcanhar a frente do outro, observando meu primo parado no canto da sala, ele não fala nada, a minha avó sorri fraco e eu me sento no sofá cinza, sentando de frente pra minha mãe e pra Monique.

Eu: Eu acabei de chegar do trabalho, não sabia que vocês estariam aqui - falo baixo, tentando controlar meu nervosismo, eu nem sei do que se trata essa reunião em família, mas só em ver a minha mãe, eu fico nervosa, é inevitável.

Minha mãe me olha com desprezo, ela passa a mão entre os joelhos e fala pela primeira vez desde que eu cheguei.

Mônica: Que você seria a decepção da minha vida eu já sabia - franzo as sobrancelhas, ouvindo o primeiro diálogo de uma mãe com a sua filha - Desde pequena eu via o desprezo que você seria pra mim, Bianca.

Marisa: Você tá na minha casa, então fala direito com a minha neta, Mônica - ela fala firma, sentada na poltrona e a mulher a minha frente bate uma mão na outra, sem dar importância - Se quiser falar, vai ser na calma ou eu te tiro daqui.

Braz: Fala o que tu quer falar, tia, mas mantém a porra do respeito, tu nem criou ela e quer falar desse jeito? - ele abre os braços, olhando sério pra ela - Bota moral não, que tu não tem.

Monique: Ela é a mãe, tem todo direito de falar, quem botou no mundo foi ela, não foi nenhum de vocês - ela fala, sentada ao lado da Mônica e eu sinto meu nariz ardendo, mas inalo o ar com força, prendendo o choro.

Minha mãe sempre teve o poder de destruição, tudo que ela toca ela destrói. Eu poderia tá fazendo minha faculdade de psicologia, mas por ironia do destino meu psicológico não suportou e eu caí no meio do caminho, porque ela infernizou a minha vida durante esse período.

Mônica: Eu tô aqui pra entender como a minha filha! - ela bate no peito, se exaltando - Como a minha filha tá se metendo com bandido, você defende ela porque é da mesma corja de gente suja, a vergonha dessa família é você, Hugo! - ela aponta pra ele que dá risada e cruza os braços - Vergonha ter você no nosso nome, um menino tão bem criado que deu pra bandido? Fica quieto que o assunto é entre eu e essa piranha - ela gesticula pra mim e dessa vez, eu falo.

Eu: Você deveria ter mais respeito comigo, porque se tudo isso aconteceu é por culpa da sua insistência na minha vida, foi você quem plantou essa desgraça na minha vida - aponto pra ela, sentindo meus olhos arderem, a Monique fica me olhando enquanto nega e as lágrimas descem pelo meu rosto.

Mônica: Desde pequena você foi uma destruição e agora quer culpar a mulher que te deu a vida? Sua ingrata do caralho - a mulher parecida comigo fala e eu puxo o ar, sentindo o arrepio pelo choro entalado - Seu pai morreu antes mesmo de ter a decepção de te conhecer, sua desnaturada, uma aberração que eu coloquei no mundo e pago por esse pecado todos os dias - ela se levanta do sofá, vindo na minha direção, mas o Hugo puxa ela.

Braz: Vai falar sentada no sofá e se continuar com essa merda, eu esqueço que tu é a porra da minha tia e te mato aqui mermo, quer testar?! - ele grita com ela e minha avó me olha, tentando passar conforto - Fica sentada e dá o teu papo.

Marisa: Depois eu converso com você, ninguém tem que se meter em nada, fica tranquila - ela sussurra pra mim e eu confirmo chorando, minha cabeça começa a pulsar do tanto que eu choro.

Mônica: Eu só quero saber o motivo de não chegar nada até mim, se não fosse pela Monique eu não iria saber dessa putaria que ela anda fazendo - passo as mãos no meu rosto, sentindo o molhado das lágrimas, eu não sabia que seria assim - A Monique que me avisou e eu vim correndo saber disso, como a senhora permitiu isso, mãe?

Além do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora