68 Inconsequência

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- Mas está se comporta como se fosse. – levantei da cama e coloquei as mãos na cintura – Me diz o que tá acontecendo, Regina.

Ela respirou fundo e respondeu secamente:

- Não sou obrigada a querer toda vez que você quer.

- Você nunca foi obrigada, e já me disse não em outras vezes. Mas parece que agora você NUNCA tá a fim. – pausei - Sabia que a gente não faz amor desde abril? Desde poucos dias depois de ter começado essa obra com os portugueses? – balancei a cabeça contrariada - Obra da qual já começo a me arrepender de ter pego.

- Para você nada mais importa se não há sexo, não é Swan? – caminhou até a janela e ficou olhando para fora – Exatamente como foi na viagem de Fernando de Noronha...

- Não misture coisas que não se comparam! – interrompi sua fala – Lá você não quis porque teve vergonha da falta de privacidade do hotel. E eu entendi! Mas, e agora? O que te incomoda desde abril? 

- Você deve estar contando nos dedos, não é isso? – olhou para mim – Devia fazer um tratamento, Emma. Acho que é doente ou maníaca, pois não pode viver sem transar.

Aquilo me machucou de uma forma tal como não saberia explicar. Lágrimas vieram em meus olhos, mas fiz uma força indizível para não me deixar por elas vencer.

- É... Você se casou com uma doente! – respondi magoada – E levou anos pra perceber isso.

- Sua sede de sexo me irrita às vezes, sabia? – cruzou os braços.

- Tá! – respirei fundo – Você antes não era tão... irritadiça! Acho que deve estar se satisfazendo de outras formas, não é?

- Que quer dizer com isso? – olhou-me intrigada.

- Há quanto tempo dorme com Elsa? – perguntei à queima roupa.

Ela calou-se estupefata e corou completamente. Em seguida amarrou o cenho em uma expressão de fúria e respondeu com agressividade:

- Não sou mulher de dormir com qualquer um como se isso fosse uma coisa qualquer! Não me julgue por você que nunca se valorizou a ponto de não saber exatamente com quantos esteve! Não durmo com Elsa e nem com outra pessoa, como não durmo com mulher alguma, além de você! – foi até o armário e pegou meu travesseiro e o lençol – Hoje você vai dormir em outro quarto, mas aqui comigo não. – arremessou as roupas de cama contra mim – Saia daqui! – disse chorando – Não quero mais ver você hoje! – virou de costas para mim.

Peguei as roupas e saí do quarto arrasada, sentindo a pior sensação de rejeição que já havia experimentado em toda vida: a rejeição de quem se ama, e que dói mais que qualquer uma outra. Acredito que Mary deva ter ouvido, mas não quis se envolver.

- Filha? - virei-me para ela que se encontrava parada ao pé do sofá. - Está tudo bem? - assenti incerta.

Ela suspirou fundo e se sentou ao meu lado puxando-me delicadamente para seus braços. 

- Logo tudo isso irá passar. meu amor. - ela disse, mesmo não sabendo o que aconteceu. Eu solucei enquanto sentia suas mãos me acariciando os cabelos. 

- É o que eu espero, mãe. - apertei-me em seus braços. - É o que eu mais quero! - mas tudo o que eu queria e agradecia era ter o colo de minha mãe naquele momento.

                  ☆♤☆

Acordei na hora de sempre e fui trabalhar. Regina ainda estava trancada no quarto. Entrei lá para pegar minha roupa e vi que dormia, ou fingia dormir. Tomei o café correndo e fui para o escritório. Eu havia chorado durante a noite e meu aspecto estava péssimo. A cabeça doía, o coração doía, e não conseguia entender o que estava havendo.

Além do TempoKde žijí příběhy. Začni objevovat