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[ 02 de junho, segunda-feira ]




  Só faz dez minutos que cheguei em casa quando alguém bate na porta. Solto um grunhido enquanto me levanto do sofá. Seja lá quem for, espero que vá embora logo. O dia foi longo e cansativo e só quero tomar um banho, comer alguma coisa e descansar. Quando abro a porta dou de cara com cabelos loiros e olhos claros. Nathaniel. E de pijama.

  — Boa noite, vizinha — sorri. — Pode me emprestar uma xícara de açúcar? — então ele passa os olhos por mim. — Huh, que roupa é essa? Não me leve a mal, é bem sexy, mas por que está vestida assim? Interrompi alguma coisa?

  — É meu uniforme de trabalho. Acabei de chegar em casa — suspiro, cansada. — O que você quer?

  — Açúcar. Estou fazendo café.

  — Tá — observo suas mãos vazias. — Não trouxe sua própria xícara?

  — Ah, caramba, sabia que tinha esquecido alguma coisa. Pode me emprestar uma xícara também?

  Torço os lábios diante de seu sorriso inocente e deixo a porta aberta enquanto vou até a cozinha. Nathaniel não adentra o apartamento, mas dá um pequeno passo para frente e olha ao redor. Pego no armário o pote de açúcar e uma xícara que não usamos muito. A regra é simples: não empreste coisas que você utiliza com frequência, pois sempre há a possibilidade de não serem devolvidas.

  — Por que subiu dez andares para pedir açúcar? Não tem vizinhos mais próximos?

  — Tenho, mas queria te ver de novo.

  Olho para ele por um segundo.

  — Já disse que tenho um namorado.

  — Isso não me impede de querer te ver.

  — Nos conhecemos ontem — racionalizo, lhe entregando a xícara com açúcar.

  — Hmm — ele torce os lábios. — Seus argumentos não são muito bons. E aí, não quer descer e jantar comigo? Pedi uma pizza.

  — Não, obrigada. O dia foi estressante e quero descansar.

  — Não seja por isso. Sei fazer uma ótima massagem relaxante.

  — Que bom pra você  — o empurro para trás e começo a fechar a porta. — Aproveite sua pizza.

  Não entendo como algumas pessoas conseguem dar em cima de gente comprometida. Francamente.

  Apesar do calor, tomo um banho quente e longo para relaxar os músculos. Esquento um hot pocket no forno porque não estou a fim de cozinhar, pego uma lata de refrigerante na geladeira e me sento no sofá com meu jantar e Anne de Avonlea. Comecei a ler os livros porque queria ver mais de Anne e Gilbert juntos, mas até agora só obtive migalhas. Em um certo momento T'Challa começa a miar escandalosamente, então me levanto, chacoalho seu pote de ração e o observo arriscar uma mordida antes de voltar para a minha leitura.

  Quase uma hora e trinta e duas páginas depois, a porta se abre e um Castiel anormalmente empolgado adentra o apartamento. Ele está com fones de ouvido e aponta para mim assim que nossos olhos se encontram. Levanto as sobrancelhas quando ele dá início a uma dancinha boba e começa a cantar o que provavelmente está tocando em seus ouvidos.

  — You're everything I see in my dreams! I wouldn't say that to you if it wasn't true — Castiel canta com vontade, se aproximando. — Oh, oh, I know that you don't know it, but you're fine, so fine. Oh, oh, oh girl, I'm gonna show you when you're mine, oh, mine — ele tira o livro das minhas mãos, me faz levantar e me puxa para dançar. — Treasure, that is what you are. Honey, you're my golden star. You know you can make my wish come true if you let me treasure you. If you let me treasure you, oh, oh!

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