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[ 26 de outubro, sábado ]




— Eu sei que não vamos para a festa da escola, mas ainda estou no clima de halloween, então vim fantasiada — informo enquanto adentro o apartamento. — Gostou? 

— Você está vestida de… — Castiel analisa minhas roupas. — Você? 

— Não! Eu me fantasiei de você. Até pintei as unhas e botei um piercing falso na sobrancelha — balanço os dedos para enfatizar o esmalte preto. 

— Legal, parece que temos o mesmo guarda-roupa — ele sorri, apoiando as mãos na minha cintura. — Gostei do piercing. Por que não faz um de verdade? 

— Não tenho permissão, e a sobrancelha é um local bem difícil de esconder. 

— Suas orelhas são furadas, onde isso é diferente de ter um piercing? 

— Brincos não me fazem parecer uma delinquente. Palavras do meu pai. 

Castiel revira os olhos, depois se curva para me beijar. Apesar de as festas da escola serem razoavelmente divertidas, nós decidimos ficar no apartamento e fazer hambúrgueres caseiros para o jantar. O tempo está chuvoso, então não é uma boa noite para sair mesmo. Tiro meu casaco quando nos separamos e sigo o ruivo até a cozinha. Enquanto ele cuida das carnes e da batata frita, eu fatio a cebola, o tomate e o alface. Nenhum de nós é ágil como os funcionários das redes de fast food, mas fazemos um bom trabalho.

— Onde seus pais acham que você está? — Castiel pergunta, virando os hambúrgueres na frigideira.

— Em uma noite de filmes na casa do Lysandre. Minha irmã vai passar a noite lá.

— Então, eles esperam que você passe a noite fora? — ele se volta para mim.

— Não, eu disse que voltaria para casa.

— Por que? Você poderia ficar aqui. 

— Ariana disse a mesma coisa, mas não acho que seja uma boa ideia. 

— Por que não? Eu não faria nada que você não quisesse.

— Não é nada disso! — protesto, constrangida, me concentrando na tarefa de cortar o tomate. — É que passar a noite aqui faria as coisas parecerem… um pouco sérias demais, não acha?

— Sua irmã vai dormir na casa do Lysandre e isso não significa nada.

— Nós não somos como eles. 

Castiel não insiste. Não é que eu não tenha considerado a ideia de passar a noite aqui, mas Castiel tem despertado coisas em mim que a falta de supervisão não me ajudaria a controlar. E mais; acho que já estou quebrando regras o suficiente. 

— Quer uma cerveja? — o ruivo pergunta quando acabamos de preparar tudo. — Antes que responda, agora são seis e quarenta e cinco. Garanto que estará mais que sóbria na hora de ir para casa. 

— Não, obrigada. Fico com o refrigerante.

Eu poderia perguntar como ele consegue comprar bebidas alcoólicas sendo menor de idade, mas a verdade é que Castiel exala confiança e aparenta ser mais velho, então aposto que os vendedores nem pedem para ver sua identidade. Colocamos a comida em uma bandeja de madeira e vamos até a sala onde, como de costume, nos sentamos no tapete. Deixo tudo sobre a mesinha de centro.

— Alguma recomendação? — Castiel pergunta enquanto vasculha a Netflix.

— Eu escolhi da última vez, pode colocar o que quiser. 

— Como eu disse, não assisto muitos filmes. Se me deixar escolher, vamos acabar assistindo alguma coisa entediante. 

— Tá, tudo bem — penso por alguns instantes. — Já sei! Vê se tem A Escolha Perfeita.

Outro filme de romance?

— Não exatamente. 

Castiel encontra o filme, o que me deixa bastante empolgada. Talvez ele esteja certo quanto a minha vibe, mas eu gosto muito de filmes com trechos musicais. Um dos meus maiores orgulhos é saber todas as músicas de O Rei Leão, MulanHigh School Musical. Também sei as de Camp Rock, mas não quero me gabar demais. Não conversamos muito conforme as cenas rolam, mas Castiel balança a cabeça no ritmo das canções e ri vez ou outra, então sei que ele está gostando. 

— Essa cena faz meus hormônios vibrarem — digo quando os Treblemakers iniciam sua apresentação das regionais. — O Jesse e o Donald… Uau! Eu totalmente treblemakaria por eles. 

— Eu já vi garotas suspirarem pelo Chris Hemsworth, mas essa é nova. Esses caras têm uma aparência completamente normal. 

— Eles têm um charme que você não é capaz de entender.

— É esse tipo de coisa que te excita? Nerds cantando acappella? 

 Ignoro sua pergunta, entretida demais no filme para sentir qualquer tipo de constrangimento. Começo a cantar junto com os garotos ao som de Right Round e, de repente, Castiel pausa o filme. Olho para ele, confusa, e sua expressão é de espanto.

— Por que pausou? 

— O que foi isso, agora? 

— O que? 

— Canta de novo.

— Não. Dá play no filme, por favor. 

— Não, até você cantar — ele chega mais perto, parecendo ansioso. Hesito por um tempo, então continuo com a música. — Mais alto.

Desvio o olhar, aumentando a voz. Ser os centro das atenções, mesmo que de uma só pessoa, reforça minha timidez. Acho que isso faz parte de ser introvertido. 

— Por que não me disse que sabe cantar?! 

— Porque eu não sei. Meu talento é fotografia. 

— Qual é, Greene, eu acabei de te ouvir e sua voz é ótima. Talvez precise de algumas técnicas para ser excelente, mas é um talento natural, sem dúvida. 

— Está exagerando — sorrio, ruborizando. — Você é o cantor aqui. 

— É, eu sou bom mesmo — Castiel dá de ombros de modo convencido, me fazendo rir. — Mas, sério, você também é boa. E eu achando que beijar e arrumar briga eram as únicas coisas que essa boquinha conseguia fazer com maestria! 

— Cala a boca — empurro seu peito, mas ele se mantém firme no lugar e me puxa para um beijo. 

— Muito bem. Agora, pode voltar a molhar a calcinha por seus nerds afinados. 

O empurro com mais força.


Boa noite, people! Só queria dizer que vou tentar atualizar uma das outras histórias agora, antes que eu perca totalmente o fio da meada. Derramando Flores por Você está parada desde março e, sinceramente, não lembro nadica de nada de qual pé está a história KKKK ( rindo de desespero )

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