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[ 01 de junho, domingo ]




  Junho, o mês que dará início às férias de verão e fim ao nosso ensino médio; e que jeito melhor de começá-lo que lavando a roupa? São três e pouco da tarde e está quente — e é domingo, então não há nada melhor para fazer. Estou sentada no chão fresco da sacada separando algumas peças, enquanto Castiel se esforça para tirar o lacre do galão de amaciante.

  — Prédios não costumam ter lavanderias? — pergunto, atirando mais uma camiseta na pilha de roupas pretas.

  — Uhm. Acredito que todos tenham.

  — Então, por que tem uma máquina de lavar e uma secadora aqui?

  — Porque lavar a roupa é uma chatice por si só, não preciso transformar isso num evento social. Todos os moradores têm acesso à lavanderia.

  — Não usa a lavanderia porque quer evitar falar com os vizinhos? — levanto as sobrancelhas. — Poderíamos usar melhor o espaço da sacada se essas máquinas não estivessem aqui. Daria para colocar umas cadeiras, por exemplo. Até uma mesa.

  — Por que colocaríamos uma mesa na sacada?

  — Sei lá — dou de ombros. — Para comer com uma vista legal?

  — Eu me contento em comer olhando para o seu rostinho lindo — ele pisca um olho e eu balanço a cabeça. — Moramos no décimo quinto andar e a lavanderia fica no porão. Por que ter todo esse trabalho se podemos lavar as roupas aqui? Economiza tempo.

  — Pode ser, mas talvez seja bom interagir mais com os vizinhos. Um novo morador se mudou para o quinto andar e nem sei quem é ainda.

  Jogo as roupas coloridas dentro da máquina com um copo de sabão em pó e um pouco de amaciante, então regulo a temperatura e o nível da água e aperto ' ligar '.

  — Falando assim, até parece que te deixo amarrada enquanto não estou em casa — Castiel guarda a caixa de sabão e o galão de amaciante na prateleira acima das máquinas. — Pode interagir com os vizinhos o quanto quiser, Greene, só não espere que eu faça o mesmo. Eu sou o Quasimodo e esse é meu campanário. Não pretendo sair daqui.

  — Acho que você não sacou a mensagem do filme.

  — Tanto faz — ele gesticula com a mão. — Está quente pra cacete, vou tomar um banho frio. Quer me acompanhar?

  — Não. Sabe que a última coisa que vamos fazer se eu for contigo é tomar banho.

  — Qual é, Greene, estamos namorando há sete meses. Posso passar dez minutos no chuveiro contigo sem sexo. Já fizemos isso antes.

  — É, mas conheço esse brilhinho nos seus olhos — digo, apontando para o seu rosto. — Você não me engana, Chase, posso sentir os feromônios.

  O rosto de Castiel se contorce.

  — Você se acha muito irresistível, não é? — acusa, me dando as costas. — Pois eu também acho, parabéns.

  Castiel sai de casa para comprar bebidas geladas mais ou menos cinco minutos antes de a máquina de lavar apitar, avisando que as roupas estão limpas. Passo-as para a secadora, depois coloco as peças pretas e as roupas íntimas para lavar. Nada acontece quando aperto o botão ' ligar ' da secadora. Nem um movimento ou som. Franzo as sobrancelhas e tento outra vez. Nada. Tento alguns tapas, sem resultado.

  Ótimo, está quebrada. Ou só não está a fim de trabalhar em um domingo. De qualquer forma, boto as roupas em um balde e decido utilizar a lavanderia do prédio. O elevador não vai até o porão, então preciso descer um lance de escadas. Felizmente, o espaço é bem iluminado e nada parecido com um cenário de filme de terror, mas ainda é um porão e está vazio, então fico um pouco tensa. Para proteger minhas costas decido fechar a porta da lavanderia, mas me arrependo no mesmo instante. Há um cartaz colado na parte de trás, onde está escrito " Porta quebrada. Não feche "

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