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[ 27 de setembro, sexta-feira ]





Ariana está me esperando quando chego em casa, às oito. Assim que fecho a porta ela avança sobre mim como uma leoa caçando um bebê impala, ostentando um sorriso altamente empolgado. A garota está praticamente vibrando, e eu nem abri a boca ainda. Olho para Lysandre, que está parado ao fundo, e ele levanta os ombros em um gesto compadecido. Durante as poucas horas que passei no Hummingbird torci para que minha irmã se esquecesse do que aconteceu, mas acho que fui muito ingênua. Pelo menos meus pais não estão presentes. Eles não se importam que eu ajude meus “ amigos ”, mas o papai não gosta do Castiel por conta de um incidente que ocorreu na sexta série — além de outras coisas, então ele não ficaria contente se soubesse que perdi horas de trabalho por causa do ruivo em questão.

— Entãããão…? 

— Então o quê? — me faço de desentendida, indo até o sofá. Não usei salto hoje porque meu uniforme ficou em casa, mas não preciso estar com os pés doloridos para ter vontade de sentar. 

— Ora, sabe do que estou falando! — minha irmã se ajoelha ao meu lado, dando um empurrãozinho no meu ombro. — Com quem passou a tarde? Eu nunca pensei que você seria capaz de faltar ao trabalho para sair com um garoto. Estou tão orgulhosa! Ele é gato? Eu conheço?

— Em primeiro lugar, eu não matei o trabalho pra sair com um garoto, foi apenas pra ajudá-lo numa coisa. Em segundo lugar, ele é até bonito, mas é um babaca de marca maior.

— Ooh, um bad boy? Não sabia que esse era seu tipo de cara.

— Fala sério, você sabe que só gosto de caras fictícios — sorrio. — E Castiel não é um bad boy, ele só pensa que é. 

Nesse momento Ariana arregala os olhos, e eu percebo que cometi o grande erro de dizer o nome do garoto misterioso em voz alta. 

— Castiel? Aquele garoto que o papai detesta? Foi com ele que você saiu hoje?! 

— Eu não saí com ele. Já disse que fui apenas dar uma mão. 

— Ai, caramba, você está vivendo um amor proibido! — ela solta um gritinho, chacoalhando as mãos com animação. — Isso é tão incrível! Se precisar fugir pela janela ou algo do tipo, pode contar comigo. Eu apóio totalmente seu namoro e sempre te darei cobertura!

Eu não faço ideia do que responder pra isso, então olho para Lysandre em busca de ajuda. Ele se aproxima mais de nós, erguendo minha irmã pela cintura para afastá-la de mim. Sei que ele está tentando me salvar, mas precisa mesmo ser dessa forma? Sinto um gosto amargo na boca.

— Para com isso, Ana — o garoto diz. — Eu estudo com os dois e eles discutem sempre, é óbvio que não tem romance nenhum acontecendo. Tenho certeza que o motivo da Ari ter saído com o Castiel hoje não tem nada a ver com namoro. 

— Mas é assim que começa! — Ariana protesta. — Nós assistimos filmes de romance o tempo todo. O garoto e a garota que não se dão bem sempre ficam juntos no final, é só uma questão de tempo. Nunca ouviram falar que o ódio e o amor andam juntos? 

— Lindas palavras, irmãzinha — fico em pé, decidida a dar um fim nessa conversa sem nexo. —, mas você está se esquecendo de que isso é a vida real, não um filme. Castiel não passa de uma pedra no meu sapato, e eu gosto do... de ficar sozinha. Nós nunca vamos ficar juntos, ok? Vamos seguir caminhos separados depois da formatura e nunca mais nos veremos, se Deus quiser.

— Mantenho o que eu disse. Toda essa implicância vai acabar em amor e, quando isso acontecer, vocês poderão contar com a minha ajuda no que for preciso.

— Tá, que seja. Vou tomar um banho.

Fico pelo menos uns trinta minutos debaixo do chuveiro, deixando a água quente escorrer livremente pelo meu corpo. Sou capaz de ouvir Lysandre e Ariana ainda discutindo minha futura história de amor impossível com Castiel quando saio do banheiro, o que significa que meus pais ainda não chegaram. Hoje é sexta, então eles devem ter saído para se divertir com algum outro casal de amigos. Se esse for o caso, teremos a casa só para nós três até umas onze horas. Não que eu pretenda ficar fora do meu quarto por muito tempo. Assim que termino de pentear o cabelo, meu celular começa a tocar. Número desconhecido.

— Alô? — atendo rapidamente.

— Greene? É você? — uma voz grave e arrastada responde do outro lado da linha.

Castiel.

— Sim, sou eu. Aconteceu alguma coisa?

— Não. Eu acabei de acordar e encontrei esse número anotado, só queria saber de quem era.

— Você dormiu por cinco horas?

— Culpe a anastesia. Enfim, vou procurar algo pra comer.

— Você viu o papel com as recomendações médicas que deixei na sala?

— Ainda nem saí do quarto.

— Tente comer somente coisas fáceis de mastigar e que sejam frias, de preferência. E fale o mínimo possível.

— Eu moro sozinho, com quem acha que vou conversar?

— Com o espírito da ignorância que te segue pra todo lado.

— Engraçado. Não tem nada mole e frio na minha geladeira, além de um vidro de maionese. O que acha de me trazer um pote de sorvete? 

— Nem ferrando. Faça um mingau. Tchau.

Encerro a chamada, jogando o celular sobre a cama. Esse garoto é mesmo um sem noção. Desço para fazer um sanduíche, me esquivando de todas as tentativas da Ana de retomar a discussão sobre Castiel, depois me fecho em meu quarto pelo resto da noite.


Hello, people! Desculpem pelo capítulo curtinho, prometo que o próximo será maior. Ando bastante ocupada com o trabalho e quase não tenho tempo de escrever/ler nada, por isso demorei tanto pra atualizar! Sorry. Amo vocês xx

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