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[ 21 de fevereiro, segunda-feira ]





 
  Quando voltei para casa ontem à noite Ariana era a única acordada, felizmente. Não estava a fim de encarar o clima estranho com meus pais. Me sentei na cama da minha irmã e vibrei enquanto ela me contava sobre o encontro com o Lysandre que, embora tenha sido esquisito ( palavras dela ), foi muito legal. Ele levou flores e insistiu para pagar a conta, e a acompanhou até a porta no fim da noite. Não houve beijo. De qualquer forma, ambos decidiram levar as coisas devagar. 

  Também não vi meus pais pela manhã, visto que saí bem cedo. Comprei café e um sanduíche, e me sentei do lado de fora da escola até a hora das aulas começarem. Não almocei em casa, fui direto para o Hummingbird. No entanto, no final do dia me sinto preparada para conversar. Todos acham que meus pais reagiram daquela forma porque é difícil me ver bater asas, e se isso realmente for verdade, se eles não acham que sou irresponsável ou incapaz de tomar conta de mim mesma, então podemos chegar a um acordo. Não quero sair de casa sem estar numa boa com as duas das pessoas que mais amo no mundo. 

  Apesar de estar determinada e decidida, me sinto ansiosa à medida que caminho porta adentro. Posso ouvir meus pais conversando na cozinha, provavelmente enquanto mamãe prepara o jantar. Os saltos batendo no chão anunciam minha chegada e, no segundo seguinte, nós três nos encontramos num silêncio tenso. 

  — Pensamos que não a veríamos mais. Está sumida desde ontem de manhã — papai diz. Seu tom é ácido. 

  — Vocês já estavam dormindo quando voltei, ontem à noite. Podemos conversar? 

  — Acredito que devamos — mamãe concorda, desligando o fogo e tapando a panela. 

  Nós nos acomodamos à mesa, e sinto como se estivesse em uma delegacia, prestes a ser interrogada. 

  — Sinto muito por não ter dito nada antes — começo. — Mas, sim, eu quero morar com Castiel depois da formatura. 

  — Filha, não percebe como isso é precipitado? 

  — Não é precipitado, mãe. Tenho pensado nisso há um tempo. Sei que não vai ser fácil, mas nós dois estamos dispostos a tentar. Não é o fim do mundo. 

  — O garoto nem tem emprego — papai aponta.
 
  — Ele não precisou de um até agora.

  — Você também não precisa, porém tem um. Não é desculpa, Ariane. Você vai acabar sustentando esse menino. 

  — Pai, o Castiel não é o doido sem responsabilidade que você acha que ele é — rebato. — Nós somos uma equipe. Ele vai arranjar alguma coisa. 

  — Mas você é tão jovem, filha — mamãe insiste. — E vai para a faculdade. É um capítulo novo, vai conhecer outras pessoas… Quem garante que continuará querendo ficar com o Castiel? 

  — Por que fazem isso? Qual o problema com o Castiel? E não me digam que é por causa da diretoria na sexta série. 

  — Ele só não parece ser o tipo certo para você. Nenhum pai sonha em ver a filha com um motoqueiro tatuado metido a bad boy. Percebe como temos batido de frente desde que começou a namorá-lo? Sem contar o período em que mentiu para nós. 

  — Só que o Castiel não tem nada a ver com isso. Fui eu quem decidiu manter segredo, e nós só discutimos por causa dessa implicância toda. Nunca pensaram em dar uma chance à ele? Não vêem como sou feliz com ele? Eu não estaria com um cara que fosse tão ruim assim, muito menos cogitaria morar com ele. Tá legal, Castiel pode não ser tão bem comportado e tranquilo como Lysandre ou Leigh, mas isso não significa que ele não seja bom. Castiel é carinhoso e parceiro e honesto. Os pais não deveriam ficar felizes quando os filhos encontram alguém que os faz bem? 

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