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[ 20 de janeiro, quinta-feira ]





  Leigh está esperando por mim quando desço as escadas e me envolve em um abraço assim que desço o último degrau. Sou pega de surpresa, então não consigo abraçá-lo de volta antes que ele me afaste pelos ombros e me lance um olhar preocupado. 

  — Ari, o Lysandre disse que você não está bem. Não precisava ter vindo. 

  Sorrio, afastando suas mãos delicadamente. 

  — Eu estou bem, tomei um remédio. É só eu ficar bem longe da bebida. E da comida também, provavelmente. 

  — Se precisar de alguma coisa, é só falar comigo, está bem? Eu vou arranjar um pouco de água pra você — ele me olha de cima a baixo, e a preocupação em suas íris diminui um pouco quando constata que não há nada de errado. — Fico feliz que tenha vindo. 

  — E eu fico feliz por estar aqui — afirmo. — Você sabe onde o Castiel está? 

  Leigh aponta para um lugar atrás de mim. Castiel continua perto da mesa de bebidas e seu olhar parece disparar lasers em nossa direção; se a taça em sua mão receber um pouco mais de pressão, quebrará ao meio. Lysandre está parado ao seu lado, tendo a presença totalmente ignorada. É bonitinho da parte dele continuar interagindo com Castiel, apesar da falta de interesse do outro. Esfrego a testa com o indicador e me volto para o Leigh novamente. 

  — Eu vou lá falar com ele. Está tudo muito lindo, Leigh. 

  — Obrigado — ele sorri. — Me procure, se precisar. 

  Lysandre também demonstra preocupação quando me aproximo da mesa, mas desiste de me abraçar quando Castiel o fuzila com o olhar. Sorrio para mostrar que está tudo bem, então ele pega a taça que havia deixado sobre a mesa e vai conversar com um casal um pouco longe. Minha atenção recai sobre o Castiel. 

  — Onde conseguiu isso? — questiono, indicando o sanduíche comido pela metade em sua mão. 

  — Na cozinha. 

  — Vou precisar de mais que isso. 

  — Eu estava com fome, então fui até a cozinha e eles me deram um sanduíche. Acho que ficaram meio assustados. 

  — Te deixei sozinho por quinze minutos e você foi aterrorizar a equipe? Tenho que arranjar uma coleira — Castiel dá de ombros e me oferece um pedaço do lanche, mas eu recuso. — Adivinha quem eu encontrei lá em cima? Nossa querida amiga Debrah! Ela é uma das modelos que o Leigh contratou. 

  — Puta que pariu, como se eu já não estivesse pilhado o suficiente — bufa. — Como esse infeliz pôde contratar a Debrah depois das coisas que ela fez pra você? 

  — O Leigh não sabe de nada do que aconteceu. 

  — É melhor nós irmos embora. 

  — Não, não vamos deixar isso estragar a noite. A Rosalya deu um chega pra lá nela. 

  — Gostei. Eu curti o estilo dela. É legal não ser o único com o cabelo colorido aqui. 

  — Lysandre tem cabelo cinza — aponto, pegando um morango de uma das bandejas sobre a mesa. — Eu vou tentar arranjar um suco ou qualquer outra coisa sem álcool. 

  Como a fruta em pequenas mordidas enquanto procuro a cozinha. Penso em procurar o Leigh, mas ele deve estar ocupado com outros convidados e não quero atrapalhar. De qualquer forma, não é muito difícil encontrar o cômodo. Ele fica mais ao fundo, tenho que atravessar três portas, mas não está escondido. Há uns quinze ou vinte garçons e garçonetes indo e vindo. Ofereço um sorriso gentil a eles; alguns retribuem, outros fingem não ver. Paro diante da abertura na parede que dá para a cozinha em si, e uma das mulheres lá dentro — por volta dos quarenta e poucos anos — sorri para mim. 

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