56 - Novos Caminhos

Start from the beginning
                                    

- Ô meu Pai, obrigado!

Andei rapidamente até a casa e em frente à porta congelei. Era exatamente como no sonho. Idêntica!

"Cristo Santo, que eu faço agora?"

Passei a mão nos cabelos e cruzei os braços abraçando a mim mesma. Dei voltas sem sair do lugar, o coração acelerou, as mãos ficaram geladas.

"Ai meu Deus o que eu faço? Bato palmas e chamo o nome dela? E se ela tiver em casa eu digo o que? Oi, lembra de mim? Eu sou Emma, aquela filha que você não quis..."

A ansiedade me consumia e eu não conseguia sair do lugar até que uma voz me chamou à realidade. 

- Ô mulé! Tu procura quem?

Procurei ver quem me falava, e era uma mulher de uns trinta e poucos anos, gorda, baixinha, com traços de índia.

- Ah... oi! A senhora sabe se aqui nesta casa mora... – comecei a esfregar as mãos – uma mulher... assim! O nome dela é...

- Aí quem mora é Mary! – apontou para a casa.

Abri a boca e não conseguia falar direito.

- É... é... Mary? Quer dizer... Mary Margaret? Uma carioca que...

- Que parece até contigo, mulé! É tua parenta, é? – pôs as mãos na cintura e me olhou de cima a baixo.

- Parenta? – cocei a cabeça – É... conhecida... – engoli em seco – Sabe se ela tá aí? – apontei para casa rapidamente.

- Tá não! Ela foi botá mais o menino dela no hospital. Ele tá internado faz uns dia... Mary dá sorte com filho não...

"Eu tenho irmão!"

- Por que não dá sorte? – perguntei intrigada.

- Porque eles morre tudo! Primeiro foi Tatinha com onze ano, depois Rodrigo com sete e agora Diego tá... acho que não vinga também não! Pena que o bichinho num tem nem cinco aninho! – balançou a cabeça se lamentando.

"Os filhos dela morrem cedo! Eu devo ter sido a mais saudável. E justamente a única que ela não quis!"

- Ela é casada? – coloquei as mãos nos bolsos.

- É não... Ela era juntada com o pai do Diego, mas deu um arranca rabo dia desses e ela botou ele pra correr debaixo de caxotada na cabeça! – riu rapidamente – Ô mulé doida!

- E hoje ela não volta mais... né?

- Ai, volta não...

- Sabe em que hospital eles estão? – perguntei arriscando.

- Sei não... Ela ia pro posto todo dia, mas aí arrumou internação. Sei não...

- Tá... Então... – esfreguei o pé no chão – Então eu já vou. Outro dia eu volto aí. – comecei a andar – Tchau! – acenei.

Meu coração parecia que ia saltar do peito. Estava nervosa. Então era verdade e era ali mesmo que ela vivia. Minha mãe... Nossa, parecia mentira! E eu tinha até irmão.

- Ei! – a mulher me chamou.

Olhei para trás.

- Qual teu nome?

Pensei e respondi:

- Ruth! 

             ☆☆♤☆☆

- E então é isso, Regina... Minha mãe mora mesmo lá em Recife e tem um filho que tá mal e internado não sei em que hospital. – olhei para o chão – Num ponto foi até bom a gente ter desencontrado porque eu não saberia o que dizer se a visse. – ri nervosamente.

Além do TempoWhere stories live. Discover now